RESUMO

O objetivo deste artigo é demonstrar a eficácia e utilidade do uso de jogos em sala de aula como alternativa pedagógica. Incentiva aos docentes a desenvolver estratégias na seleção de conteúdos visando a aplicação em sala de aula na disciplina de História, mas com aplicabilidade em outras disciplinas. Visa também ao incentivo da pesquisa histórica com desenvolvimento de métodos para a aplicação desta pesquisa com intuito de fazer um acompanhamento do progresso da aplicação das metodologias, desta forma, direcionar a pesquisa a fim de que o aluno possa desenvolver métodos de pesquisa, ajudando assim na compreensão do saber deste aluno. Mostrar também na prática o planejamento para a aplicação do jogo em uma turma do primeiro ano do ensino médio.

Palavras-chave: jogos, ensino; pesquisa; métodos; planejamento; prática.

INTRODUÇÃO

Como disse Paulo Freire1 “na formação permanente dos professores, o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”. Por que a reflexão de Paulo Freire é importante para determinarmos as estratégias do professor de História objetivando selecionar os conteúdos históricos na aplicação em sala de aula? Que métodos de ensino podem ser aplicados aos alunos do Ensino Médio e também aos alunos do ensino concomitante com o técnico? Será que a reflexão proposta pelo professor Paulo Freire fica restrita a mera transmissão de conhecimento ou a mesma considera o aluno como agente ativo no processo de aprendizagem? Peña (2001) discute a importante tarefa de o professor no fazer pedagógico. Esta autora destaca que o docente não pode ser aprisionado pelo medo e comodismo porque segundo ela, “é dialogando com outras áreas do conhecimento que podemos ampliar o conhecimento científico2 “. Por conta do que fora destacado, é importante ressaltar que a preparação do docente torna-se uma questão primordial em quaisquer reformas pedagógicas, ressalta Piaget(1994); A preparação dos professores [...] constitui realmente a questão primordial de todas as reformas pedagógicas [...] pois, enquanto não for a mesma resolvida de forma satisfatória, será totalmente inútil organizar belos programas ou construir belas teorias a respeito do que deveria ser realizado. (PIAGET,1994, p. 25-26) Se esta preparação não for resolvida satisfatoriamente, será inútil qualquer organização de programas que visam a o processo de aprendizagem dos alunos. Assim sendo, começando com o eurocentrismo e a subalternidade do Brasil na questão do ensino da História, é importante mencionar que, o problema dos currículos e das grades curriculares é um enorme tabu, tornando-se de certa forma um pouco ‘engessado’ e infelizmente não aberto a uma flexibilização. Diante do exposto, torna-se importante fazer uma reflexão sobre o que pode ser considerado e nos livrarmos dos ‘grilhões do tradicionalismo’, pois se isso não ocorrer e o tradicionalismo continuar imperando, como o docente conseguirá absorver e externar as questões com o intuito de desenvolver as pesquisas? Como transmitir aos alunos algo que não faz parte da formação do docente? O professor precisa entender esta questão. Em vista disso, é interessante observar que na grade curricular do docente seja incluída a dinâmica da pesquisa histórica e desenvolvimento de métodos para a aplicação desta pesquisa. É necessário que o docente acompanhe o progresso da aplicação das metodologias objetivando ter condições de acompanhar o pensamento dos alunos, e assim, poder desenvolver métodos de pesquisa que possam contribuir para a compreensão do saber deste aluno, a fim de que possa torná-lo um ser autônomo, pensante e com suacapacidade cognitiva desenvolvida. É de suma importância que a escola se adapte à realidade do aluno utilizando-se dos recursos que atualmente estão disponíveis para despertar no aluno o desejo do conhecimento, pois não adianta só a fase do “cuspe e giz” que atualmente fora substituída em algumas escolas pelos “slides”, pois é imperativo afirmar que houve uma mudança na sociedade e a escola necessita acompanhar esta mudança. E isso ficou evidente quando ocorreu a votação e a aprovação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC)3 , pois mesmo com um intenso debate, percebe-se que aparentemente ou efetivamente tais assertivas não conseguiram transpor os ‘muros’ das universidades porque apesar da inclusão de novas regras dentro do âmbito educacional, as modificações ou adaptações foram feitas sem que houvesse troca de experiências, reflexões e até mesmo propostas para a melhora efetiva do ensino. Pode-se por assim dizer que nossa base curricular no ensino de História geralmente sofre mudanças para infelizmente se adequar as exigências externas, nunca para se adequar a realidade tanto de nossos docentes, bem como de nossos alunos. O pior de tudo isso é a prática de atividades pedagógicas do século XVII em pleno século XXI que se baseia na autoridade do professor, e esta situação parece ser imutável porque não existe uma disposição em grande parte dos docentes em mudar tal concepção. Infelizmente ainda opera aquela máxima de que ‘o bom professor não é aquele que instiga seus alunos a uma discussão acalorada, mas aquele que consegue mantê-los em silêncio, muitas vezes a expensas de um ditado’. Deveria funcionar desta forma? É apropriado que as escolas e os órgãos responsáveis pela gestão das mesmas resistam ou impeçam as possibilidades de trabalho que possa vir a desenvolver a capacidade cognitiva dos alunos através da inovação? É realmente interessante manter o sistema de perguntas e respostas como a forma principal do trabalho do docente e em especial no ensino de História? Se continuarmos agindo desta forma, poderemos ter a triste certeza que não conseguiremos ajudar aos nossos alunos atingir um conhecimento verdadeiro daquilo que está ao redor dele, pois é evidente que a visão tecnicista voltada para a educação tornará o aluno um ser incapaz de perceber que não existe verdade absoluta e também que este mesmo aluno se tornará incapaz de entender o fluxo corrente da vida com seus processos de mudanças e transformações em andamento constante. Dentro desta análise é importante considerar o ensino da História no considerado ‘sistema fechado, pois nota-se que se perde muito por conta desta forma de ensino porque neste contexto a capacidade de compreensão do aluno é colocada sub-júdice, pois se faz necessária a compreensão da História dentro do ambiente escolar como um conjunto de interpretação do passado e ao mesmo tempo em que torna possível a vinculação deste passado ao presente, objetivando, por assim dizer, que essa compreensão possa tornar o aluno um ser autônomo, capaz de produzir ideias e pensamentos críticos. Apesar de ficar claro que o professor é o responsável para estimular o aluno a se tornar um ser autônomo, auxiliando-o dentro da sua individualidade, de acordo com o educador Pedro Demo(1986). É válido destacar que na prática isso não funciona porque nas próprias faculdades os alunos são tratados justamente de forma retrógrada que consiste na avaliação punitiva, por este motivo, é importante retornar na questão inicial da argumentação, na qual fica claro que o processo de formação do docente no Brasil é ‘engessado’ e por conta disso as aplicações deste processo nas outras esferas da educação sempre serão contraproducentes tendo em vista a má formação profissional do docente neste aspecto, porque na realidade a educação infelizmente privilegia a cultura da reprovação, o desinteresse, a apatia e dificulta em quase tudo o desenvolvimento do aluno. Como nem tudo está perdido é importante frisar as alternativas para solucionar esta problemática, pois a reflexão de Paulo Freire mencionada no início deste artigo nos ajuda a pensar nas estratégias a serem utilizadas visando aplicação construtiva do ensino da História na sala de aula, em certo sentido, transformando o ambiente de aprendizagem num lugar onde prevaleça a criatividade e o cultivo da alegria e de novos valores. Pedro Demo (2001) destacou os métodos de pesquisa para estimular ao aluno. Analisando a visão de Pedro Demo (2001), nota-se a preocupação com o conceito de pesquisa de que só os catedráticos possam utilizá-la. No entendimento dele a pesquisa é algo universal e ao alcance de todos, através da qual poder-se-á fazer uma parceria entre aluno e professor realizando trabalhos individualmente e em equipes, e sempre que possível incluindo a questão da interdisciplinaridade. Apesar dos pontos mencionados anteriormente serem importantes, Pedro Demo não possui trabalhos específicos voltados para o ensino de História no Ensino Médio, mas suas reflexões ajudaram em muitos trabalhos para a reflexão e teorização na aplicação de métodos no ensino da História no Ensino Médio. Para Vygotsky4 , as relações entre aprendizagem e desenvolvimento são indissociáveis, pois o indivíduo tem seu desenvolvimento movido por mecanismos de aprendizagem acionados externamente. Assim, o homem, ao buscar respostas para as necessidades de seu tempo histórico, cria, junto com outros homens, instrumentos que consolidam o desenvolvimento psicológico e fisiológico obtido até então. Os homens de outra geração, ao manusearem estes instrumentos, apropriam-se do desenvolvimento ali consolidado. Eles aprendem e se desenvolvem ao mesmo tempo, adquirindo possibilidades de responder a novas necessidades com a construção de novos instrumentos. Sendo assim, essa teoria mostra-se adequada para atividades colaborativas em rede, como fóruns e chats e jogos porque não há aprendizagem que não gere desenvolvimento; não há desenvolvimento que prescinda da aprendizagem, pois aprender é estar com o outro, que é mediador da cultura. Diante do exposto, é interessante perguntar: que métodos de ensino podem ser aplicados aos alunos do Ensino Médio? Poderíamos elencar o jogo como método de ensino, pois como observam Marcello Paniz Giacomoni e Nilton Mullet Pereira5 . [...]