O TEMPORAL
Publicado em 22 de outubro de 2013 por Michelli Santos da Silva
O TEMPORAL
Estronda a mata
Árvores balançam
É temporal chegando fala Ticuna
Corre, corre, corre
Ticuna com paneiro na costa
Pega Pariri, Pau-Mulato, Paricá
Anhingueira, Pacu, Cumaru
Na palafita Anauê canta!
Mãe da Mata trás meu Ticuna!
Com gritos de lamentos que ecoam
No meio da mata
Ela gira, ela dança pedindo!
Pra todos os espíritos seu amado livrar
O Xamã...O Xamã!!!
Traga o guerreiro Ticuna.
CENA V: O CANOEIRO
No amanhecer o canoeiro
Pega o remo, o terçado, a malhadeira, a cuia, o piracui, a farinha
Se embrenha na mata alagada da várzea
É dia de pescaria!
O rio barrento encoberto de nevoeiro
Anuncia é tempo de Pacu, Matrinchã, Pescada
Peixe liso sempre tem por lá!
Rema, Rema, Rema!
Uma légua pra chegar no Lago do Paricá!
É na manha que o canoeiro rema, sem ter presa pra chegar.
Espera que o tempo limpe!
Pra malhadeira poder esticar
Sempre silêncio é o que busca
Pra o som da mata poder escutar
Sentir o cheiro do amanhecer
Que com as mãos molhadas de tanto remar
Os calos nem conto!
E com um relampejo vê uma revoada de garças a voar!
Passa galho, passa Matupá!
Corta Paraná, atravessa o Rio Amazonas com sua canoa no banzeiro a deslizar!