O TEMPORAL

Estronda a mata

Árvores balançam

É temporal chegando fala Ticuna

Corre, corre, corre

Ticuna com paneiro na costa

Pega Pariri, Pau-Mulato, Paricá

Anhingueira, Pacu, Cumaru

Na palafita Anauê canta!

Mãe da Mata trás meu Ticuna!

Com gritos de lamentos que ecoam

No meio da mata

Ela gira, ela dança pedindo!

Pra todos os espíritos seu amado livrar

O Xamã...O Xamã!!!

Traga o guerreiro Ticuna.

CENA V: O CANOEIRO

No amanhecer o canoeiro

Pega o remo, o terçado, a malhadeira, a cuia, o piracui, a farinha

Se embrenha na mata alagada da várzea

É dia de pescaria!

O rio barrento encoberto de nevoeiro

Anuncia é tempo de Pacu, Matrinchã, Pescada

Peixe liso sempre tem por lá!

Rema, Rema, Rema!

Uma légua pra chegar no Lago do Paricá!

É na manha que o canoeiro rema, sem ter presa pra chegar.

Espera que o tempo limpe!

Pra malhadeira poder esticar

Sempre silêncio é o que busca

Pra o som da mata poder escutar

Sentir o cheiro do amanhecer

Que com as mãos molhadas de tanto remar

Os calos nem conto!

E com um relampejo vê uma revoada de garças a voar!

Passa galho, passa Matupá!

Corta Paraná, atravessa o Rio Amazonas com sua canoa no banzeiro a deslizar!