O QUE É A CONSCIÊNCIA I

Somos duais ou a realidade é que é dual? Isto é, somos consciente e inconsciente ou somos um ser único que pode vagar por dois mundos diferentes?

O mundo consciente em que nos encontramos é o mesmo para todas as pessoas pois podemos vê-las, falar com elas e receber delas impressões sobre nós que confirmam que estamos interagindo com elas. Podemos interagir com elas a qualquer momento que desejarmos.

E o mundo inconsciente? É o mesmo para todas as pessoas? Nele vemos as pessoas, falamos com elas e recebemos delas impressões sobre nós que confirmam que estamos interagindo com elas. Podemos interagir com elas a qualquer momento que desejarmos. Podemos fazer isso em sonhos, certo?

Podemos sonhar com uma pessoa, conversar com ela e no dia seguinte (ainda no sonho) perguntar a ela se conversamos ontem e ela pode confirmar ou não. Mas no mundo consciente isto também pode acontecer! E nos dois casos a conclusão é uma só: ou a pessoa esqueceu que falamos com ela ou nós achamos que falamos com ela, quando na realidade (local) não falamos.

Qual a diferença então entre os dois mundos? Nenhuma. Nenhuma mesmo!

A pergunta é: Um mundo pode interferir no outro? O meu consciente pode ir ao mundo inconsciente e vice-versa? Posso conversar com o meu inconsciente e ele comigo?

O que é o nosso consciente todo mundo sabe. O meu eu consciente é aquele que me vê, me nota, me toca e me sente; que se alimenta, que se cuida, que trabalha, que segue uma rotina diária todos os dias; que interage com as pessoas e, através destas interações, tem a consciência de si mesmo. Tudo bem que tudo isso pode ocorrer nos sonhos também, mas nos sonhos acontecem coisas que não acontecem aqui. Por exemplo, por maior que seja o esforço físico que fazemos em um sonho qualquer nunca saímos de lá cansados (pelo menos não o corpo!).

Então, para ficar mais claro, o mundo consciente é onde, além de nos vermos, trabalharmos, etc., o nosso corpo está em movimento e se cansa (e não está sonâmbulo e nem sob efeito de drogas).

Por que está parecendo ser difícil definir o mundo consciente?

O que é o nosso inconsciente? O contrário de tudo que falei acima? Não exatamente, principalmente se considerarmos os sonhos.

Para facilitar (ou complicar) a explicação, vamos considerar os sonhos e os pensamentos como fazendo parte de nosso consciente. Agora, o que é o inconsciente?

Só ficam duas possibilidades: ou ele existe ou não existe.

Se não existe não há o que discutir e podemos redefini-lo como o mundo dos sonhos e dos estados alterados da consciência (drogas, doenças cerebrais, práticas, etc.).

Se ele existe, temos duas outras possibilidades:

1)      É um lugar em nossa mente (o que é a mente?) ou no nosso cérebro, usando termos mais claros, que só é lido nos sonhos, nas alucinações, nos estados alterados ou por uma condição desconhecida (quando a idéia “pipoca” no consciente – como se o inconsciente estivesse sempre fervendo), e só é gravado com coisas que nunca entraram pelos nossos sentidos, ou nós não percebemos a entrada, ou por pedaços de informações que vieram do consciente e se juntaram formando informações completas (efeito inteligente implica causa inteligente e não acaso!) ou (quem pode negar?) já recebemos nosso inconsciente com algumas (ou muitas) informações gravadas.

2)      É um pedaço do nosso consciente em que acontece tudo o que foi dito na possibilidade 1 logo acima, inclusive com registro de fatos anteriores à nossa vida atual.

É fato que nosso inconsciente está em nós. É fato que nosso cérebro e nossa mente está em nós. Então, qualquer que seja a possibilidade acima, concluímos que nosso inconsciente está em nós.

A pergunta agora é: está em nosso corpo?

Se estiver, então registros de fatos anteriores à nossa vida atual não podem existir no inconsciente; não podem nem ser falsos, porque seria necessária inteligência consciente para criá-los. Tudo o que está lá tem que ter entrado pelos nossos sentidos, caso contrário foi colocado por uma força inteligente exterior.

Só ficamos com uma escolha: Nosso consciente e nosso inconsciente fazem parte do mesmo atributo, atributo este que pertence a nós não-corpo, a nós espíritos.

Portanto, a consciência é a parte da memória do espírito que se manifesta através do corpo; o inconsciente é a outra parte, muito maior, que dificilmente se manifesta através do corpo.

É difícil não cair na explicação Espírita para a coisa. Não é à toa que boa parte da memória inconsciente se manifesta quando estamos à beira da morte ou a perigo de vida. E a parte que se manifesta mais fortemente é a parte que vai de nossa idade atual até nossa infância.

Isso também dá uma explicação para as soluções que “pipocam” como mágica no nosso consciente. Coisas que não sabíamos, mas que a “vozinha” (pode ser a vovó também, por que não?) lá do fundo vem nos dizer. Só pode ser coisa que já sabíamos de vidas passadas. Pode ser também que “alguém” fora de nosso mundo “soprou”, por que não?

Nossa memória se estende muito além de nosso corpo. O que vemos hoje, o que sentimos hoje é muito pouco diante do que já vimos e sentimos. Mas é importante, muito importante, porque sempre foi assim, de grão em grão. Por isso é importante viver a vida, participar, mesmo que seja em pensamento, pois é vivendo que formamos nossa memória eterna.

Brasilio – 08/01/2000