O Pastor e sua Família!

“Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” – 1 Timóteo cap. 4 vers. 16.

Tem sido cada dia mais assustador, o número de suicídio ocorrido entre os pastores.

Quais têm sido as causas e motivações dessa triste realidade estar aumentando nos dias atuais    ? Qual deve ser a nossa postura diante de tal situação?

Outro dia desses, eu estava participando de um Encontro de Pastores quando alguém comunicou o triste episódio de mais um pastor que acabara de cometer suicídio. Fiquei observando a reação dos ouvintes naquele local. Alguns ficaram consternados e se perguntavam: - O que leva um Pastor com 28 anos de idade, casado e bem sucedido, cometer um ato de tamanha gravidade? Por outro lado, outros colegas optaram por ficarem indiferentes, se limitando a dizer, ironicamente: “Esse é mais um que foi direto para o Inferno!

Neste breve artigo, eu não quero entrar na discussão sobre a questão relacionada à vida depois da morte para aqueles que cometem suicídio. Quero me deter apenas sobre o que podemos aprender e apreender sobre o texto bíblico acima. Afinal, Paulo estava muito preocupado com a maneira pela qual Timóteo estava se conduzindo diante do ministério pastoral.

Quando olhamos para a situação pessoal e ministerial de muitos pastores nos dias atuais, logo percebemos que a realidade atual não tem sido muito diferente daquela vivida por Timóteo.

Que o Pastor deve “cuidar da doutrina”, não há realmente nenhuma dúvida. Mas, o que poucos observam é que Paulo escreveu antes, uma observação muito importante; “Tem cuidado de ti mesmo...

Temos visto um número cada vez maior de Pastores que “Cuidam da doutrina” e optam por cuidarem dos membros de sua comunidade, sem observar a importância de cuidarem de sua própria família e, muito menos de si mesmos.

Realmente, por se dedicar demais ao Ministério, alguns colegas têm tido sérias dificuldades no relacionamento familiar e insistem e continuar disfarçando ou simplesmente fingindo que esteja tudo bem, sem entender que, ignorar a existência de um problema, além de não resolver, pode na verdade, aumentá-lo.

Não podemos e, principalmente, não devemos, esquecer que somos pastores não somente da igreja, mas antes de tudo, de nossas próprias famílias. Ser Pastor não nos isenta da responsabilidade de ser, antes de tudo, marido e pai.

A responsabilidade sobre a família do pastor não deve ficar sobre outras pessoas ou líderes. Pelo simples fato de ser a família de um pastor, nossas famílias não se tornam automaticamente, imunes aos problemas do cotidiano, auto-suficientes em poder, conhecimento ou segurança emocional.

Não podemos nos esquecer jamais que a responsabilidade sobre as nossas famílias está sobre os nossos ombros. E além do mais, os membros de nossas igrejas estão sempre observando silenciosamente, mas de forma muito atenta, a maneira como nos “preocupamos” com a igreja e o modo como tratamos a nossa própria família.

Acredito plenamente que o pastor que Deus quer e vai usar neste século, é aquele que sabe e gosta de usar a bacia e a toalha, tal qual Jesus o fez. E uma outra característica para este obreiro que Deus está procurando, é a inteligência emocional. Mas, infelizmente, muitos pastores ainda não perceberam que inteligência emocional não se consegue apenas por dar ênfase à boa alimentação e às boas relações sociais; a base geradora desta nova ferramenta pastoral, sem dúvida, é a família. Pastor que não tem uma boa relação na própria família estará sempre fadado a mesmice no ministério.

Se queremos, de fato, desenvolvermos um ministério profundamente abençoado e abençoador, precisamos aprender a importância de estarmos realmente dispostos a cuidar dos outros sim, mas antes de tudo, cuidar de nós mesmos e, principalmente, não esquecermos de priorizar a nossa própria família. Não podemos esquecer que esposa e filhos precisam ter prioridade nas nossas agendas tão concorridas.

Tenho visto muitos pastores com medo de tirar uma simples folga na Igreja. E a questão das férias? Existem pastores que se orgulham quando dizem que estão há vários anos sem tirar férias com a família.

Sem sombra de dúvida, situações desse tipo, estão contribuindo, e muito, com o aumento não somente dos divórcios, mas também do suicídio entre os pastores.

Se você Pastor, se vê enquadrado nessa triste realidade, pare, analise as coisas, reflita sobre a sua vida e reflita enquanto ainda é tempo pois Deus pode e quer te usar muito mais. Porém, antes de tudo, aprenda a cuidar mais de você mesmo!

Pr Adilson Batista Amelio

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