O espelho

 

Sozinha, em silencio olho as paredes de meu quarto

Nenhum quadro, pôster ou retrato alvo de recordação

Tudo acabou só vejo você, como sempre pendurado

Fiel companheiro, sempre dando opinião

 

Dizes-me se ainda estou bela ou se estou feia,

Fala-me com toda a sua sinceridade

Sei que não mais a jovem chamada sereia

Não mais o belo corpo cheio de vaidade

 

Meu rosto não é mais o pêssego tão desejado

Fala-me amigo sem falsidades, mais fala

Lembre-se, você é o único amigo ao meu lado

Não adianta você querer dizer só o que me agrada

 

Preciso saber por certo, qual é o meu estado

Querido só você sabe o quanto fui faceira bela

Você lembra o dia da festa de meus quinze anos

Você que me disse que eu estava uma cinderela

 

Claro que você tinha razão, olhos bem pintados

Faces rosadas, lábios vermelhos e saia rodada

Que dia tão lindo, flores de primavera em vasos

Emoção era tão grande passei a noite acordada

 

Espelho amigo recorda de meu vestido bordado

Claro, eu estava tão feliz, você mesmo quem disse

Neste dia eu estava à espera do primeiro namorado

Minha nossa, quanta alegria e quanta ansiedade

 

Sim, claro que lembro aquele dia eu estava horrorosa

Você sabe, briga de namorados tinha que chorar

E você me falando dos olhos inchados, todo prosa

Nossa como lembro, era como uma rosa a despetalar

 

Deixemos as lembranças e as recordações passadas

Voltemos ao presente, fale a mais pura verdade

Não importa o que me fales, não ficarei magoada

 Só tenho você para fazer a minha última vontade.

 

 

(Beth Souza)