LUCIANA RENATA POLO

LUCIANE BEATRIZ STEDILE

RESUMO

O presente artigo tem por objetivo discutir a importância do ensino de arte nas escolas de ensino fundamental, conversando entre diversos autores que tratam do tema através da análise bibliográfica de publicações, que abordam essa temática e como o sistema educacional atua como um espaço de mediação e aproximação entre a arte e os estudantes. Primeiramente são apresentadas algumas contribuições do ensino de arte para o desenvolvimento infantil, envolvendo os aspectos estético, poético, cognitivo, afetivo e crítico de crianças. Destinando-se a apresentar algumas posições existentes, a fim de apoiar teoricamente a presença do ensino de arte nas escolas, não deixando de refletir sobre o tema das artes, educação, sua fragilidade e seu significado na sociedade contemporânea.

Palavras‐ chave: Arte, ensino, aprendizagem, escola.

INTRODUÇÃO

O ensino de arte nas escolas ao redor do mundo, vem sofrendo pressões políticas e curriculares ao longo dos anos,no Brasil embora o tema da arte esteja no currículo nacional, o foco das políticas educacionais na alfabetização, matemática e ciências, fez com queele fosse marginalizado, causando distorções na interpretação do que realmente é. Para Uchoa, 2006, com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais, em 1996, parte da Lei 9394 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) –, segue-se uma tendência mundial que corrige tais distorções. Não só reconhecendo a importância da cultura na formação do educando como, também, permitindo que os currículos escolares possam ser revistos e elaborados de forma inclusiva com todas as áreas sendo contempladas.

A arte caracteriza um tipo particular de conhecimento que o ser humano produz, assim como o conhecimento científico, o técnico ou o filosófico. O universo artístico estrutura e organiza o mundo, num constante processo de transformação do homem e da realidade circundante. (BRASIL, 1998; OSINSKI, 2001). E no sistema educacional da contemporaneidade atua como um espaço de mediação e aproximação entre a arte e os estudantes, de forma contínua e processual, objetivando o desenvolvimento estético, poético, cognitivo, afetivo e crítico de jovens e crianças. Por esse prisma, consideramos que a Arte deixe de ser apreciada como uma atividade e passe a ocupar a categoria de disciplina de Arte, para que ela passe a ser mais do que algo para ser tratado só na escola, mas algo que provoque mudanças de comportamento.

Este artigo destina-se a apresentar algumas das principais posições existentes, a fim de apoiar teoricamente a presença do ensino de arte nas escolas. Ao mesmo tempo, ele levanta algumas reflexões sobre o tema das artes, educação e seu significado na sociedade contemporânea. Durante a exploração bibliográfica e hemerográfica, em torno do tema, comprovou-se a fragilidade das disciplinas artísticas não só no mundo da escola, mas sobretudo na sociedade. Provando-se necessário o investimento na estruturação desta disciplina escolar tão importante para o desenvolvimento pleno de nossas crianças.

1 ENSINO DE ARTE:

Ao analisarmos as mudanças na estrutura de ensino no Brasil, ao longo dos anos, devemos considerar as transformações históricas sofridas.

A arte ganha espaço no país em 1826, durante o governo de dom João VI, com a chegada da Missão Artística Francesa onde é criada a Academia Imperial de Belas Artes. Seguindo modelos europeus, é instalado oficialmente o ensino de Arte nas escolas. Mas até o início do século XX o ensino de desenho era considerado preparação para o trabalho, sendo que era de extrema importância, em 1922, mesmo com a Semana da Arte Moderna, o ensino ainda segue a estrutura da escola tradicional, estimulando a cópia de modelos para o aperfeiçoamento das técnicas de trabalho. A partir do governo Getúlio Vargas, algumas ações em prol da arte foram sendo implantadas nas escolas, como o projeto de Canto Orfeônico, instaurado pelo maestro e compositor brasileiro Villa-Lobos, o concurso de desenho livre com premiação em dinheiro, para crianças realizado pelo escritor Mario de Andrade, então diretor do Departamento de Cultura do município de São Paulo,as experimentações que influenciaram o ensino de Arte, com o advento da Bossa Nova, que buscava a livre expressão artística e sua expansão pelas escolas. Mas apenas em 1971, com a LDB. a Educação Artística (que inclui artes plásticas, educação musical e artes cênicas) passa a fazer parte do currículo escolar do Ensino Fundamental e Médio.