RESUMO

Este artigo  tem como objetivo analisar o discurso político na mídia brasileira e a ocorrência de falácias dentro deste discurso, explicitando as implicações de seu uso para a sociedade no contexto das eleições 2018. A base teórica do projeto advém de análises feitas a partir de conjunturas pretéritas, no que diz respeito ao discurso político de Vargas, segundo Lima, Maria Emília, (1990), o papel do signo, Bakhtin (2010),  o discurso pós revolução francesa, Juan B. Justo (1998). A metodologia adotada é a explicativa. Espera-se que, através dessa discussão, os leitores possam ler os discursos e, assistir vídeos políticos com mais critério.

Palavras-Chave: falácia, discurso, política.


 

ABSTRACT

 

This estudy aims to analyze the political discourse in Brazilian media and the occurrence of fallacies within this discourse, explaining the implications of its use for society in the context of 2018’s elections. The theoretical basis of the project comes from reviews from previous conjunctures, regarding Vargas political discourse, according to Lima, Maria Emília (1990); the role of the sign, Bakhtin (2010) and the speech after the French Revolution, Juan B. Justo (1998). The implemented methodology is explanatory. It is hoped that, through this discussion, readers can read the speeches and watch political videos with more prudence.

Keywords: fallacy, discourse, politics.



​Identificação

Tema:  O discurso Político.

Delimitação do tema: Análise do discurso político falacioso a partir de artigos publicados em blogs jornalísticos no contexto das eleições de 2018.

Justificativa

O discurso político está presente nas sociedades desde muito cedo, sobretudo naquelas que se dizem democráticas e republicanas. Esse discurso também está presente em outros sistemas de governo. A arte do falar sempre foi um fenômeno admirável e inerente ao ser humano e, para Bakhtin (1975), ela funciona como um motor de transformações dentro do campo das interações verbais, levando a uma arena de combate entre os valores sociais contraditórios.

Foi através da observação por parte da sociedade que alguns discursos políticos que circulam na internet e na tv aberta, que a mesma,  notou certa distância entre o dito e o que verdadeiramente é praticado pelos políticos logo após suas falas em período de eleição.

A sociedade atual está mais atenta a muitos processos que acompanham sua vida e trabalho, tais como os índices mensais de juros do cartão de crédito, o preço da cesta básica, o aumento da energia elétrica autorizado pelo governo etc, com isso acarreta uma constante preocupação em dissociar a fala e a falácia de seus governantes.

Para isso, é importante analisar o papel da oralidade para uma melhor compreensão dos temas abordados pela política, as expressões, jargões, as cartas, artigos em blogs, e como podem influenciar determinados grupos de pessoas em suas decisões sobre variados assuntos de suas vidas.

Lembrando que, em qualquer discurso encontramos o tema político e elementos deste cerne, isso vai depender do locutor e o espaço que acontece a fala (LIMA, MARIA EMÍLIA, 1990).  Acreditamos que após as discussões deste tema tão relevante para momento atual, os leitores deste trabalho passarão a possuir uma macrovisão a respeito do tema aplicado, o que torna um grande ganho substancial para a comunidade, que passa a escutar os discursos políticos com um senso crítico mais apurado.

As eleições de 2018 é um fenômeno que marcou a democracia brasileira, que mobilizou muitos segmentos da sociedade, que polarizou o cenário político, e ainda tem aqueles que  acreditam ser a batalha do bem contra o mal, enquanto os partidos que são de ideologia de direita tem como agregadores de suas campanhas a raiva, o desconforto, a decepção, e uma ira que se espalha pelo Brasil em detrimento da esquerda que, só tem “o  mal a oferecer”, “transformar o Brasil em uma Venezuela ou Cuba” assim dizem as falas encontradas em posts, blogs ou artigos espalhado pela a internet que atacam a ideologia de esquerda, e ainda alguns se dizem os mais “informados”, ou que se dizem Doutos no assunto.

Para lima, Maria Emília (1990), sobre o segundo discurso de Vargas, para se retratar de acusações que lhes fora feito ela discorre: que seu discurso era um convite a desordem e que traria uma reação popular, entretanto para Vargas, ele estava enunciando “verdades sabidas focalizadas em problemas conhecidos de todos, como a crise econômica, a inquietação das massas, oriunda pelo aumento hiperinflacionário do custo de vida e pelo monopólio dos itens de primeira necessidade (...).

Vargas tinha um discurso que conquistava as massas, porém elas não tinham como mensurar, o tamanho do problema que a inflação e outros problemas poderiam trazer para o Brasil.

Lembrando um  pouco do passado, podemos ver que hoje, não está diferente, promessas, discursos, retóricas, massas populares dispostas a se degladiarem por suas ideologias e, o Brasil se afundando cada vez mais, na dívida externa, a desigualdade social aumenta exponencialmente, o real vai perdendo seu valor diariamente frente ao dólar e outras situações exemplificadas na saúde, educação e segurança.

Diante deste cenário tão conturbado e vil, é urgente a preocupação em mostrar como o discurso político pode estar carregado de afirmações que não se sustentam, declarações recheadas de raiva, ódio e até xenofobia, podem interferir na democracia e nos pilares de sustentação de um país.

É por isso que propomos falar deste tema, o discurso político, tema pertinente e intrigante, que chamou nossa atencao para podermos analisar alguns discursos já feitos ou não, discursos perigosos ou não, nós adentraremos dentro desse covil de pensamentos com muito cuidado e parcimônia, a fim de expor as falácias que estão subliminarmente dentro de falas retóricas da políticas, dignas de serem postas no Guinness Book, (Livro dos Recordes).

E então, podermos expor de forma neutra o que pode está certo ou inadequado para a situação do brasil atual, após toda a avaliação do discurso, o leitor estará mais perspicaz e atento, para posteriormente emitir suas ideias, considerações e apontamentos para uma vista mais acurada e propensa a sonhar com dias melhores apartir de um conceito positivo de todo o processo político no Brasil.


FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O conceito de falácia e uma análise dos discursos políticos

Falácia, segundo o dicionário Aurélio é uma palavra derivada do [latim, que significa, trapaça; ardil; engano; astúcia; latin, fallax, acis, enganador, impostor, que induz ao erro.] afirmação falsa ou errônea.

Para a análise  dos discursos políticos e suas possíveis agremiações sofistas ou falaciosas, faz se necessário entender o que é a falácia no sentido mais simples, ao mesmo tempo a sua enorme importância para o evento proponente em questão que são as falas, sejam ela escritas ou orais.

A falácia é uma palavra desconhecida do meio comum, porém muito conhecida dos estudiosos do discurso e principalmente o, discurso político, a ferramenta usada para o discurso pode ser escrita ou oral, esta segunda é, um fenômeno até hoje discutido e estudado pela fonologia e fonética, e este fenômeno sempre traz consigo desafios e peculiaridades muitos pertinentes a época, de acordo com (BAKHTIN, 2010 p. 36).

A palavra é o fenômeno ideológico por excelência.  A realidade toda da palavra é absorvida por sua função de signo.  A palavra não comporta nada que não esteja ligado a essa função, nada que não tenha sido gerado por ela.  A palavra é o modo mais puro e sensível de relação social.

A palavra é um fator prepoderante na construção do discurso, parece óbvio, entretanto no discurso escrito, teremos a palavra, mas não teremos as expressões corporais que geralmente seguem o falante do discurso. As eleições de 2018 estão sendo marcadas por dezenas de falas, textos, artigos e entrevistas de candidatos a um cargo político, e onde estão o discurso falacioso? ora, com o advento da web, cresceu o número de sites e blogs interessados em argumentar sobre política e assuntos afim, por isso esse trabalho será importante, pois a sociedade está cada dia mais  “conectada” na rede mundial de computadores “web”, donde saem enxurradas de notícias que muitas das vezes passam por verdadeiras, entretanto não trazem uma veracidade na mesma.

Sobre o conceito de  discurso segundo (LIMA, MARIA EMÍLIA, 1990 p.17).

 

Lembremos primeiramente que o conceito de “discurso” apareceu com o questionamento da célebre dicotomia fundadora língua/fala, que colocava a língua como uma realidade social e a fala, como uma realidade individual. A língua seria então um conjunto de regras sistematizadas, enquanto que a fala suporia a autonomia do sujeito falante enquanto sujeito psicológico. O conceito de “discurso” veio destituir o sujeito falante de seu papel central para integrá-lo ao funcionamento de enunciados, e não mais como um “sujeito produzindo sentido”; os textos produzidos aparecem como em relação  com as condições de possibilidades de sua articulação com um “exterior”, por exemplo, com as formações ideológicas.

 

Para podermos entender de uma forma basilar e axiomática o conceito de falácia e suas implicações sociais é pertinente voltarmos ao passado e relembrar dois contextos históricos, França e Brasil e, fazermos uma leitura sócio-cultural, político-econômica e só então teremos um cenário mais ou menos desenhado, onde poderemos reconhecer o que é e o que não é um discurso, carregado de algum recurso linguístico ou figuras de linguagem como forma de acentuar ou esconder detalhes que fariam uma enorme diferença em decisões políticas e na vida das pessoas.

Segundo Justo, Juan B (1998), com a revolução francesa de 1848, foi conferido ao proletariado uma participação direta na formação do governo, ou seja o povo estava agora dentro do governo, mas não tinha experiência, nem consciência política para começar a agir, o que levou a um acréscimo no número de votantes de 250 mil, para quase 10 milhões, ocasionando uma redução dos avanços trazidos pela revolução, logo as oficinas funcionavam mal e, crise desemprego, miséria fazia parte do contexto social, e que posteriormente foram suprimidos pelo governo de forma amarga e violenta.

Diante dessa narrativa, podemos inferir que uma boa parte da população foi ludibriada por apelos políticos que faziam a população acreditar que se eles fossem para o poder de alguma forma, ainda que através do voto, a situação das fábricas e a economia iam melhorar, e não foi isso que aconteceu, evidentemente que estamos falando de forma genérica.

Caso Brasil, o populismo de Getúlio Vargas, vejamos o que diz (LIMA, MARIA EMÍLIA, 1990 p.30).

 

O populismo será também definido como a “expressão do período de   crise que conhecem ao mesmo tempo a oligarquia e o liberalismo, como a manifestação da fragilidade política dos grupos urbanos nos cargos de comando político do país, tradicionalmente agrário e dependente, em um momento em que pareciam existir possibilidades de desenvolvimento capitalista nacional.  Ele exprime sobretudo de maneira mais completa o aparecimento das classes populares no seio do desenvolvimento urbano e industrial da época, e a necessidade sentida por alguns dos grupos dominantes de incorporar as massas ao jogo político.

 

É com base nesses dois enunciados  que podemos entender que importantes processos políticos tiveram certa quantidade de recursos linguisticos voltados a manobras de massas populares, na internet podemos  encontrar dezenas de textos e vídeos com falas voltadas a fazer, assertivas, ponderações, conceitos e criar situações que ajudem ou atrapalhem determinadas ideologias, fenômeno este, que ganhou uma palavra até então “nova” para o Brasil, a “fake news” um  estrangeirismo.

Dentro da análise do discurso, seja ele oral ou escrito, para Bakhtin, (2010), “nem toda atividade mental pode ser expressada com a ajuda do signo, ela pode ser expressa sob a forma de palavras, mímica ou qualquer outro meio”, o que corrobora com o dito no início dessa argumentação sobre as expressões corporais encontrada em comícios e vídeos que povoam a internet, mas nosso foco são as falácias que podemos e, que estão cada dia estão mais fáceis de encontrar, é quase impossível enumerar a quantidades de canais do Youtube que comentam sobre o discurso político, é evidente, nem todos tem um preparo linguístico, histórico para tratar do tema, em suma o que temos que identificar através de comparações, projeções, argumentos probatórios, contextualidade de tempo e espaço do discurso em questão, é a filosofia subliminar enxertada e, por último a antropologia envolvida nos discursos.

Os blogs estão recheados de proposições que carecem de apreciação de ambas as partes, digo, as ideologias de direita e esquerda, cito o exemplo: “blog do Esmael” que tem caráter de esquerda e traz explicações concisas e práticas para assuntos do momento, enquanto o blog do “Ultraconservador” faz apelos mais complexos e agudos, chegando a ofender certas figuras do cenário político.

Vejamos esse discurso escrito do Blog do Esmael:

 

“Lula ainda publicou que um hipotético anúncio no Brasil de Bolsonaro ainda traria a mensagem “ofereço o emprego, mas não os direitos”. “O candidato à presidência, seu vice e sua equipe econômica já se pronunciaram contra o 13º salário, a remuneração de férias e a estabilidade dos funcionários públicos, entre outras barbaridades. Eles também acha que as mulheres devem ganhar menos porque engravidam. O próprio Bolsonaro afirmou em entrevista que os trabalhadores deveriam escolher entre emprego e direitos”, diz a página do ex-presidente”.

                        Vejamos o blog do Ultraconservador;

Sobre o PT — além de ser um enclave de terroristas — sabemos que trata-se de uma organização criminosa, filiada ao Foro de São Paulo, completamente comprometida com uma ideologia e uma agenda política, e não com o país. Consequentemente, caso vençam as eleições, a legenda partidária pretende, através da adoção agressiva de diversas medidas intervencionistas, transformar o Brasil em uma versão continental da Venezuela, convertendo o país em uma ditadura, e destruindo o mercado com a implementação de medidas desenvolvimentistas e keynesianas, que já foram aplicadas, e causaram a crise econômica que levou o país à recessão. (https://www.oultraconservador.com.br/meus-textos/o-projeto-do-pt-destruicao-553)

 

Ou seja , sempre há um dualismo de pensamento, porém sempre tem aquele mais exagerado, criando conexões inexistentes para o campo factual, como exemplo, “tornar o Brasil em uma Venezuela” , “implantar o comunismo”, etc, baseando-se também em dados e pesquisas tênues atreladas a teorias “conspiratórias e o velho jargão eu “acho”, entretanto dado somente o argumento sobre o tamanho do brasil, com sua riquíssima cultura, riquezas minerais, sua plêiade de artistas, sua vegetação etc.., parece improvável essas colocações supracitadas.  

Em se tratando dos vídeos, onde há presença do discurso oral, existe um oceano de análises dos ditos “pensadores”, “patriotas”, filósofos de plantão, objetivando sempre aderir, inculcar nas cabeças dos ouvintes suas falas e apelos, e para isso recorrem a recursos audiovisuais, tabelas complexas, fórmulas desconhecidas, e até xingamentos, por exemplos, os canais voltados ao patriotismo, nacionalismo e os ditos conservadores extremados ou de mídia independente, por outro lado, os canais ditos democráticos, apelidados de esquerdistas, marxistas, comunistas, tudo isso com um som pejorativo, muitas das vezes, ambos não entendem nada do arcabouço de palavras e nem do traquejo político, levando à mais disseminação de discursos políticos duvidosos.

 

 Discurso político como formador de massa de manobra.

 A quem o discurso político quer convencer? Sob que pretexto ele está lapidado? A sociedade é protagonista dentro do contexto político, uma vez que através do voto o poder é legitimado. O discurso político é, por natureza, um discurso de poder. Para que os políticos tomem posse de determinado cargo é necessária, sobretudo, a construção de uma estratégia argumentativa que convença grandes públicos. Em vista disso, precisamos entender de que forma esse discurso é entendido sob o ponto de vista do interlocutor e do receptor. Nesse contexto, a perspectiva da autora é pertinente: “A característica fundamental do discurso político é que este necessita para sua sobrevivência impor a sua verdade a muitos e, ao mesmo tempo, é o que está mais ameaçado de não conseguir.

 É o discurso cuja verdade está sempre ameaçada em um jogo de significações. Ele sofre cotidianamente a desconstrução, ao mesmo tempo só se constrói pela desconstrução do outro. É portanto, dinâmico, frágil e, facilmente, expõe sua condição provisória.” (CÉLI REGINA JARDIM PINTO).

Um exemplo de verdade pessoal que é espalhada como verdade absoluta está na fala do presidenciável Jair Bolsonaro, cujo discurso é carregado de preconceitos e falácias, a exemplo de sua fala “O próximo passo será a adoção de crianças por casais homossexuais e a legalização da pedofilia", segundo o “g1.globo.com”. Primeiro, é nítido o preconceito ao dar uma conotação negativa à homossexualidade, uma vez que a proposição que se sucede diz respeito à pedofilia e o repúdio social que esta ocasiona, associando a questão da adoção por casais homoafetivos a um problema que deve ser combatido. Esta falácia possui uma denominação: ladeira escorregadia. O site dá uma visão geral dessa falácia: “Uma falácia generalizada que regularmente engana milhões de pessoas. Este é o argumento de que se uma ação é tomada, absurda ou indesejável, outra ação inevitavelmente se seguirá. Portanto, não devemos dar o primeiro passo” .(https://www.pensarcontemporaneo.com). No caso da fala supracitada do presidenciável Jair Bolsonaro, ocorre a junção de um preconceito (seria, sob o ponto de vista do candidato, a ação absurda e indesejável) a uma ação negativa que, inevitavelmente, seria decorrente da primeira.

Com efeito, é possível perceber que o propósito comunicativo na política possui um viés ideológico e, em decorrência disso, os discursos são elaborados de acordo com os interesses de um partido, tendo como objetivo ganhar confiança de grande parcela da população. Como consequência da postura de políticos em instrumentalizar sua argumentação apoiando-se em falácias, é possível perceber os efeitos sociais que elas implicam: o reforço positivo na criação de “Fake News”, a pouca criticidade dos eleitores e a superficialidade de conteúdo repassado acerca do real posicionamento de seu candidato.


REFERÊNCIAS

JUSTO, Juan B. Socialismo e Organização Política.  Brasília: Instituto Teotônio Vilela, 1998.

Lima, Maria Emília A. T., A construção discursiva do povo brasileiro; os discursos de 1° de maio de Getulio Vargas. Campinas: Editora da Unicamp, 1990.

Bakhtin, Mikhail, Volochinov. Marxismo e Filosofia da linguagem, Problemas Fundamentais do Método Sociológico na Ciência da Linguagem. São Paulo, 14ª edição, 2010.

Nomes e significados, Disponível em (https://www.significados.com.br), acesso em 20 de outubro de 2018.

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ. Biblioteca Universitária. Guia de normalização de trabalhos acadêmicos da Universidade Federal do Ceará. Fortaleza, 2013.