O brincar no espaço escolar traz muitas vantagens ao processo de aprendizagem da criança, ajudando no desenvolvimento da sua criatividade, bastando os professores intervirem de maneira certa e na hora certa, precisando ser compreendido como algo importante na educação infantil, pois o lúdico é um dos fatores importantes no processo de ensino e aprendizagem.

A escola e o educador, junto com a família, necessitam entender as implicações pedagógicas do lúdico conforme bem lembra Goés (2008 p.37) (…) “a atividade lúdica, o jogo, o brinquedo, a brincadeira, precisam ser melhorados, compreendidos e encontrar maior espaço para ser entendido como educação.”

Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (Brasil, 1998, p. 30, v. 01):

O professor é mediador entre as crianças e os objetos de conhecimento, organizando e propiciando espaços e situações de aprendizagens que articulem os recursos e capacidades afetivas, emocionais, sociais e cognitivas de cada criança aos seus conhecimentos prévios e aos conteúdos referentes aos diferentes campos de conhecimento humano. Na instituição de educação infantil o professor constitui-se, portanto, no parceiro mais experiente, por excelência, cuja função é propiciar e garantir um ambiente rico, prazeroso, saudável e não discriminatório de experiências educativas e sociais variadas.

Para Kishimoto (1994, p. 13), as brincadeiras devem ser livres, mas com significados pedagógicos, pois a brincadeira ajuda no desenvolvimento corporal e cognitivo da criança, ajudando também na socialização

Sobre a aprendizagem significativa Kishimoto assegura (1994, p.13):

[...] no contexto cultural e biológico as atividades são livres, alegres e envolve uma significação. É de grande valor social, oferecendo possibilidades educacionais, pois, favorece o desenvolvimento corporal, estimula a vida psíquica e a inteligência, contribui para a adaptação ao grupo preparando para viver em sociedade, participando e questionando os pressupostos das relações sócias.

De acordo com Froebel apud Kishimoto, “brincar é a fase mais importante da infância”. Para o autor, o brincar é a atividade mais pura que a criança pode realizar, pois ela expressa paz e contentamento, sendo de profunda significação para seu crescimento, a brincadeira é ação livre e espontânea da criança, nela há prazer, sendo importante para o seu desenvolvimento durante os primeiros anos.

Bruner apud Kishimoto (1978), “entende que a criança aprende ao solucionar problemas e que o brincar contribui para esse processo”. Ao estudar as crianças pequenas, Bruner percebeu a importância da brincadeira na construção de conhecimento, pois brincando a criança pode explorar, e com ajuda de um adulto solucionar problemas.

Assim, segundo os autores acima, a criança pode aprender brincando, pois através da ludicidade a criança aprende a resolver problemas e estabelecer relações, contribuindo na construção de sua autonomia. O adulto precisa saber que são nessas brincadeiras que a criança elabora suas emoções, desenvolvem seu raciocínio lógico, habilidade e criatividade, aprendendo a respeitar regras e limites, aprendendo a lidar com suas frustrações através de perdas, exercitando para sua atuação na vida adulta.

 

De acordo com o RCNEI as crianças quando vivenciam brincadeiras imaginativas criadas por elas mesmas “podem acionar seus pensamentos para a resolução de problemas que lhe são importantes e significativos”.

Assim o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil afirma que (1998, p. 21):

Nessa perspectiva as crianças constroem o conhecimento a partir das interações que estabelecem com as outras pessoas e com o meio em que vivem. O conhecimento não se constitui em cópia da realidade, mas sim, fruto de um intenso trabalho de criação, significação e ressignificação.

As crianças são únicas em suas individualidades e diferenças, logo conhecer o seu jeito particular de ser no mundo é um grande desafio para a educação infantil e seus profissionais. As instituições de educação infantil devem cumprir um papel socializador para que a criança desenvolva sua identidade, através de atividades diversificadas com interação. Assim de acordo com o RCNEI (1998) o educar deve propiciar situações que envolvam cuidados, brincadeiras e aprendizado. “Nas brincadeiras, as crianças transformam os conhecimentos que já possuíam anteriormente em conceitos gerais com os quais brinca”.

De acordo com o RCNEI (1998, p. 30) para aprendizagens com sucesso, o professor deve considerar algumas organizações: como a interação de crianças da mesma idade e idades diferentes para proporcionar aprendizagens e desenvolver a capacidade de relacionar. Os conhecimentos prévios que elas possuem, pois aprendem através da construção interna ao relacionar novas informações com as quais possui, individualidade e diversidade, atividades desafiadoras que apresentem significado e resolver problemas como forma de aprendizado.

Segundo Maluf (2003) “a brincadeira não é um mero passatempo, ela ajuda no desenvolvimento das crianças, promovendo processos de socialização e descoberta do mundo”. Isso quer dizer que a brincadeira deixou de ser um passatempo ou brincadeira sem objetivos, passando a ajudar no desenvolvimento físico, cognitivo, motor e socialização da criança.

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), artigo 16 inciso IV, estabelece o direito a “brincar, praticar esportes e divertir-se”.

O Brincar é um direito garantido por lei como evidenciado na Constituição Brasileira, LDB, Estatuto da criança e do adolescente (ECA). Mas como garantir esse direito?

Permitindo que crianças sejam motivadas e incentivadas a brincar, com materiais pedagógicos eficazes, educadores formados e famílias com vontade para garantir esse direito. O direito de brincar só será garantido se educadores e famílias reconhecerem a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.

Para Negrine (2001, p. 42):

A ludicidade como ciência se fundamenta sobre quatro pilares de natureza diferentes: o sociológico, porque a atividade lúdica engloba demanda social e cultural; o psicológico, pois se relaciona com o desenvolvimento e a aprendizagem; o pedagógico, porque se serve da fundamentação teórica existente e das experiências da prática docente; e o epistemológico porque busca o conhecimento científico que trata o jogo como fator de desenvolvimento.

Dessa forma, crianças que brincam se desenvolvem integralmente em aspectos, motores, cognitivos, fisiológicos, psicológicos e sociológicos em relação àqueles que não brincam. Nem todas as crianças gozam desse direito, por serem submetidas ao trabalho infantil, deixando de lado esse direito que mexe muitas vezes com sua autoestima, pois a criança que brinca é feliz, isso faz parte da sua vida.

 

CONSIDERAÇÕES FINAIS

 

O presente estudo permitiu entender que o brincar tem grande importância na vida da criança, ajudando-a a conhecer e compreender o mundo em que vive e construir seus conhecimentos.

Quando brinca, a criança desenvolve sua criatividade, fantasia e imaginação, aprendendo também a socializar com os outros. Sendo assim, a brincadeira é essencial na vida dela, entretanto, se faz necessário que os educadores percebam essa importância e acrescentem no dia a dia das crianças, brincadeiras pedagógicas que as ajudem em seu desenvolvimento físico e cognitivo.

Vimos que a brincadeira não é apenas um passatempo, ela proporciona experiências na vida da criança que refletirá em sua vida adulta.

Com a globalização, as crianças estão brincando menos, pois ficam horas em frente de televisores ou com seus jogos eletrônicos, como videogames e tablets.

Portanto, cabe ao professor de Educação Infantil incentivar mais as brincadeiras pedagógicas, socializando-as com seus alunos e mostrando-lhes o prazer de brincar com outras crianças. Assim, o brincar ajuda a criança no processo de aprendizagem de maneira prazerosa, facilitando sua interação com outros indivíduos.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 

 

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei n° 9394, de 20 de dezembro de 1996.

 

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil/Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SEF, 1998, volume: 1

 

BRASIL. Lei n. 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil. Brasília, DF, 16 jul. 1990.

 

BRINCADIQUÊ?: pelo direito ao brincar: coletânea de textos para formação/ Rede Marista de Solidariedade. Curitiba: Editora Champagnat, 2014.

 

BRUNER, J. S. O processo da educação. Trad. de Lóilio Lourenço de Oliveira. 7 ed., São Paulo: Nacional, 1978.

 

FROEBEL, Friedrich. The education of man. Ed. Harris, W.T. Trad. Hailmann, W.N. Nova York: D. Appleton, 1912c. [1887]. (The International Series, v. 5).

 

GÓES, M. C. R. A formação do indivíduo nas relações sociais: Contribuições teóricas de Lev Vigotski e Pierre Janet. Educação e Sociedade. Campinas, Unicamp, 2008.

 

KISHIMOTO, I. M. O jogo e a educação infantil. São Paulo: Pioneira, 1994.

 

______. O brincar e suas teorias. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

 

KUHMANN JR. Moysés. Infância e educação Infantil: uma abordagem histórica. Porto Alegre: Mediação, 1998.

 

MALUF, Ângela Cristina Munhoz. A importância das brincadeiras na evolução dos processos de desenvolvimento humano. 2003. http://www.artigonal.com/educacao-artigos/a-importancia-do-brincar-na-construcao-do-conhecimento-1495471.html> Acesso em 15 mai.2016

 

NEGRINE, Airton. Ludicidade como ciênciaIn: SANTOS, Santa Marli (Org.). Ludicidade como ciência. Petrópolis: Vozes, 2001.

 

ZANLUCHI, Fernando BarrosoO brincar e o criar: as relações entre atividade lúdica, desenvolvimento da criatividade e Educação. Londrina: O autor, 2005.