Em uma das conversas descontraídas que mantínhamos na Casa Espírita que freqüentamos, uma tarefeira reproduziu um fato ocorrido certa vez em que ela "lamentava-se" que seu marido, que, explicando ela, é um homem bom, calmo, paciente etc etc etc, que nunca se opôs a que ela participa-se das atividades sociais, assistenciais e educacionais de diversas Casas Espíritas ao longo de todos esses anos de casados, mas que, no entanto, nunca teve interesse em também freqüentar uma Casa Espírita. A esse comentário alguém teria dito, "mas amiga, talvez, diferentemente de nós, ele não precise" ....
Apesar de essa história ter sido contada até mesmo em tom e "brincadeira" me fez refletir um pouco mais do porque "precisaríamos" freqüentar a Casa
Espírita.....

Deus, soberanamente justo e bom, que só quer o bem de seus filhos, nada faz que não tenha uma causa inteligente. Ao nos oferecer a oportunidade de desenvolvermos tarefas em uma Casa de assistência, nos permite buscarmos a nossa evolução, o nosso desenvolvimento, a identificação de nossos pontos para aprimoramento, por meio do serviço ao próximo. Lembrei-me de uma história que ouvi recentemente sobre Chico Xavier onde ele teria dito que se ele pudesse jogar uma "praga" sobre um inimigo, diria: "que na próxima encarnação você volte como médium, mas um daqueles médiuns muito bons."
Assim é a tarefa redentora desenvolvida na Seara do Mestre Jesus. Ao
contrário do que muitas vezes pensamos, possuir mediunidade mais "aflorada" não é sinônimo de sermos "espíritos elevados", muito pelo contrário, mas sim uma oportunidade de aprendermos e nos melhorarmos, por meio do trabalho de orientação e auxílio ao próximo. Quantas e quantas e quantas vezes não recebemos comunicações de irmãozinhos do Plano Espiritual, seja pela psicofonia, pela psicografia ou qualquer outro método, mensagens essas que contrariamente ao que pensamos se encaixam muito bem para nós mesmos e não para os outros. Quantas vezes, na função de entrevistadores/orientadores não nos deparamos com situações, conflitos internos e problemas de outros irmãos que são muito similares aos nossos?
Quantas não são as palestras onde o tema a ser apresentado por nós mesmos não se encaixa perfeitamente à nossa própria necessidade de aprendizado?
Assim é a Casa Espírita, um local de estudo e de aprendizado a todos os
seus freqüentadores, sejam eles assistidos ou tarefeiros da Casa.
Como toda organização de pessoas, a Casa Espírita exige organização
(desculpem pela redundância nas palavras), mas essa organização deve visar simplesmente o bom funcionamento, a otimização dos processos internos da Casa, a forma ótima de trabalho e de consecução dos objetivos da Casa. A função primordial, o foco, a principal preocupação do tarefeiro da Casa Espírita é o de servir. E em servindo quanto não somos auxiliados, orientados e assistidos pelo Plano Maior?
Relacionamento fraterno e aplicação integral do amor ensinado pelo Cristo, amor esse que traz em sua fórmula química elementos tais como respeito, dignidade, lealdade, bondade, cumplicidade, compreensão, generosidade, entendimento, caridade etc.
A Casa Espírita não se constitui, portanto, em local apropriado às preferências e amizades pessoais, a critica, a exacerbação dos egos, nem tampouco aos aplausos. Não é local para "funcionários do mês", mesmo porque não os possui, sendo todos os tarefeiros que desenvolvem suas atividades sem qualquer vínculo legal com a Casa, "simplesmente" pelo desejo de servir ao próximo, nem tampouco para "desligamentos". Somos todos úteis no trabalho de edificar os ensinamentos morais do Cristo. Não é também, local para conchavos políticos, teimosias, prepotência, local para nos julgarmos melhores que as outras pessoas, nos sentirmos "donos" de certas tarefas, acharmos que somente o que fazemos é o correto, termos a ilusão de que se conhece muito sobre a vida e sobre as pessoas e que tem a solução para todos os problemas (dos
outros é claro, por que para os nossos, nem sempre pensamos assim....), desvalorizar e desqualificar as outras pessoas, manipular as coisas, tirarmos vantagens pessoais ou de grupos, querermos ter preponderância sobre as outras pessoas colocando-se na posição de quem tudo sabe, comportar-se, vestir-se de forma inadequada e inapropriada, de termos inveja de pessoas que desenvolvem tarefas por alguma razão julgadas mais importantes que outras, de pessoas que brilham mais do que nós. Não é local para assumirmos mais tarefas do que podemos ou de cobiçar as tarefas desenvolvidas por outros irmãos para que com isso sejamos mais importantes na Casa. Esses são procedimentos e comportamentos que nos deparamos em diversas organizações humanas, procedimentos esses que também devem ser corrigidos por meio da nossa Reforma Moral, mas jamais procedimentos aceitáveis numa Casa Espírita. Obviamente isso tudo também se aplica em sua plenitude a esse espírito repleto de necessidades de aprendizado e de aprimoramento que se aventura a colocar as suas percepções e idéias no papel.
Preocupemo-nos e esforcemo-nos em buscar em nós o melhor visando o auxilio e a assistência fraterna e tenhamos a convicção de que todo o resto a nos será acrescentado! Que o Pai Maior ilumine a todos hoje e sempre.