A mídia de forma geral, publica diariamente o resultado desastroso de momentos de desespero da espécie humana. No momento em que estou redigindo esse artigo, por exemplo, me deparo com a notícia de que um motorista que havia sido demitido de uma empresa nos Estados Unidaos da América deixou nove mortos, incluindo ele mesmo, e vários feridos. O crime ocorreu no estacionamento da empresa onde o referido motorista disparou contra várias pessoas antes de cometer suicídio com sua arma.

Somente para registrar os acidentes funestos que chegam ao conhecimento do público, causados pelo desespero, seriam necessários volumes e mais volumes.

Quantos suicídios, doenças, mortes involuntárias, casos de loucura, atos de vingança, crimes mesmo, não produz ele todos os dias!

Uma estatística muito instrutiva seria a das causas primeiras que levaram à perturbação do cérebro; nela se veria que o desespero entra, pelo menos, com quatro quintos.

Se houvesse conhecido, através do Espiritismo, a sorte que aguarda os suicidas, teria sabido que, longe de apressar o momento dessa união, era um meio infalível de o retardar. A Revista Espirita de junho de 1.861 destaca o que segue:

Uma senhora do meu conhecimento havia perdido o marido, cuja morte era atribuída a um erro médico. A viúva foi tomada de tal ressentimento contra este último, que o perseguia incessantemente com invectivas e ameaças, dizendo-lhe, onde quer que o encontrasse: ?Carrasco, não morrerás senão por minha mão!? Essa senhora era muito piedosa e boa católica; mas foi em vão que, para acalmá-la, lançaram mão dos socorros da religião; chegou a ponto de o médico julgar dever dirigir-se à autoridade, para sua própria segurança.

O Espiritismo conta numerosos adeptos na cidade habitada por essa senhora. Um de meus amigos, excelente espírita, disse-lhe um dia: ? Que pensaríeis se pudésseis ainda conversar com o vosso marido? ? Oh! disse ela, se soubesse que tal era possível! Se tivesse certeza de não o haver perdido para sempre, consolar-me-ia e esperaria. Logo lhe deram a prova; seu próprio marido veio ministrar-lhe conselhos e consolo, não tendo ela, pela linguagem do consorte, nenhuma dúvida quanto à presença dele junto a ela. Desde então se operou uma revolução completa em seu espírito; ao desespero sucedeu a calma, e as idéias de vingança deram lugar à resignação. Oito dias depois ela se dirigiu à casa do médico, o qual não se achava muito seguro quanto a essa visita; mas, longe de o ameaçar, ela lhe estende a mão e diz: ?Nada temais, senhor; venho pedir que me perdoe o mal que vos tenho feito, como eu vos perdôo o que me fizestes involuntariamente. Foi meu próprio marido que me aconselhou a postura que tomo no momento; ele me disse que absolutamente não fostes a causa de sua morte. Aliás, tenho agora a certeza de que ele está perto de mim, vê e vela por mim, e que um dia estaremos reunidos. Assim, senhor, não me queirais mal, como, por meu lado, não lhe desejo mais o mal.? Inútil dizer que o médico aceitou logo a reconciliação e teve pressa em saber a causa misteriosa a que, doravante, devia a sua tranqüilidade. Assim, sem o Espiritismo, essa senhora provavelmente teria cometido um crime, por mais religiosa que fosse. Isto prova a inutilidade da religião? Não, de forma alguma, mas apenas a insuficiência das idéias que ela dá do futuro, apresentando-o de tal modo vago que deixa em muita gente uma espécie de incerteza, ao passo que o Espiritismo, permitindo, por assim dizer, tocá-lo com o dedo, faz nascer na alma uma confiança e uma segurança mais completas. Ao pai que perdeu o filho, ao filho que perdeu o pai, ao marido que perdeu a esposa adorada, que consolação dá o materialista? Diz ele: Tudo acabou; do ser que vos era tão caro nada resta, absolutamente nada, a não ser esse corpo que logo estará dissolvido. Mas de sua inteligência, de suas qualidades morais, da instrução adquirida, nada; tudo isto é o nada; vós o perdestes para sempre. Já o espírita diz: De tudo isto nada é perdido; tudo existe; só há de menos o invólucro perecível, mas o Espírito, liberto de sua prisão, está radiante; ei-lo, junto de vós; ele vos vê, vos escuta e vos espera. Oh! quanto mal fazem os materialistas ao inocularem, com os seus sofismas, o veneno da incredulidade! Jamais amaram; se assim não fora poderiam ver, impassíveis, os objetos de sua afeição reduzidos a um amontoado de poeira? Parece, pois, que, para eles, Deus reservou maiores rigores, desde que os vemos reduzidos a mais deplorável posição no mundo dos Espíritos; Deus é tanto menos indulgente para com eles quanto mais perto estiveram de se esclarecer.

Deduz-se dai a função primordial de uma Casa Espírita, qual seja a Instrução, educação e difusão do conhecimento

Amai-vos e Instruí-vos!