Eis um dos temas mais intrigantes do Espiritismo codificado: as Luas de Marte: que rendera pano pra mangas e ainda vai render muito mais.

Referido escrito consta do livro “A Gênese” (A.K. – 1868 - Ide), Capítulo 6, ‘Uranografia Geral’ que, em princípio, trata-se de um tema filosófico-científico interessante, sintético e mui belo, reconheço; um tema, pois, onde se vê o entrosamento da Ciência espírita com a Ciência convencional, ratificando que o Espiritismo e a Ciência se completam mutuamente. Em seu pé de página nos deparamos com o escrito de que:

“Este capítulo foi extraído, textualmente, de uma série de comunicações ditadas à Sociedade Espírita de Paris, em 1862 e 1863, sob o título de Estudos Uranográficos, e assinados por Galileu, médium Sr. C. F.”.

Sendo: C.F. as iniciais de Camille Flammarion, notável astrônomo e espiritista francês.

Em seu item 26, informa o referido Espírito de Galileu:

“O número e o estado dos satélites de cada planeta variaram segundo as condições especiais nas quais se formaram. Uns não deram nascimento a nenhum astro secundário, tais como Mercúrio, Vênus e Marte, ao passo que outros formaram um ou vários deles, como a Terra, Júpiter, Saturno, etc.”. (Opus Cit.).

Pelo texto, trocando em miúdos: Marte não tem Lua.

Mas façam uma pesquisa na Internet meus queridos, e constatarão que Marte abriga duas Luas: Fobos e Deimos, descobertas em 1877 pelo astrônomo americano Asaph Hall. Na verdade, as especulações e suspeitas de sua existência reportam-se a Kepler que, no Século 16, até mesmo previra sua quantidade certa.

Entretanto, se a Espiritualidade vem para nos ensinar, porque o Espírito Galileu, já muito mais ciente de tudo, por estar desencarnado e prosseguindo seus estudos astronômicos, e outros mais, não nos fizera menção das tais Luas, através do médium Flammarion em 1862 e 1863? Ou será que ele fez, e, entretanto, Kardec o corrigira (?) uma vez que tal fato, de modo científico, só se nos mostrara em 1877 com o já citado astrônomo americano?

Por outro lado, Flammarion vivera até 1925, ou seja, em tempo de constatar a descoberta de Asaph Hall, e por que Flammarion, bem como outros estudiosos do Espiritismo, não trataram de corrigir o referido ‘Uranografia Geral’ que ainda hoje consta: Marte desprovido de Luas?

Um livro interessante sobre o tema: “De Amigos Para Chico Xavier”, de Divaldinho Mattos, editora Didier, capítulo ‘Entrevistando o Prof. Henrique Rodrigues’, dá conta de que, para Francisco Cândido Xavier: “Flammarion Foi Galileu Reencarnado”, e que durante o transe (anímico, embaralhado, ao medianímico?) de Flammarion - afiança Henrique Rodrigues logo adiante - que ele regredia na memória de quando fora Galileu, época em que não se sabia dos satélites da Lua.

Mas isto não esclarece tudo Sr. Henrique!

Ora, assim como Flammarion pudera regredir, ele também poderia, em seu transe (?), transcender-se a si próprio e recordar os conhecimentos feitos na Espiritualidade quando desencarnado, e, portanto, transmitir os ensinos corretos e não os equivocados; ora se aqui mesmo, na Terra, podemos fazer tais estudos, quanto mais não o faríamos na Espiritualidade, e de forma mais precisa e correta, memorizando-os e ajustando-os a nós mesmos e preterindo os demais, ou seja, os incorretos.

Por outro lado, nós somos assessorados pelos nossos superiores espirituais, e por que eles não se manifestaram num ponto tão relevante da Doutrina – de sua filosofia científica - permitindo que a coisa toda desandasse para a gafe universal que já conta, hoje, com cento e cinqüenta anos de idade, e, pasmem, salvo engano meu: sem a devida correção das muitas editoras que contam com sua licença de divulgação?

São tais coisas que, ao invés de contribuir com a boa imagem da Doutrina que professamos, lhe denigrem e servem de chacota até mesmo para alunos dos primeiros ensinos escolares que constatam a presença de Luas em Marte, quando o Espiritismo codificado, em sua eminência e polpuda seriedade doutrinária, diz, erroneamente, o contrário.

Entretanto, Kardec sabia da possibilidade de erros na constituição doutrinária do Espiritismo. Ora, se as Ciências, de um modo geral, se permitem retificar alguns de seus ensinos, por que o Espiritismo, lidando com inteligências extracorpóreas, não poderia também errar, provando, com isso, estar dando seus primeiros passos na observação científica do fenômeno mediúnico? Passos, pois, que também vacilam, se equivocam, o que levou Kardec a declarar que:

“O Espiritismo, caminhando com o progresso, não será jamais ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrarem que está em erro sobre um ponto, modificar-se-á sobre esse ponto; se uma nova verdade se revelar, ele a aceita”. (Vide: “A Gênese” – A.K. - 1868 – Ide).

Então, pois, o Espiritismo acata o pronunciamento científico do Mundo não só nesta (questão das Luas de Marte) como em outras questões como, por exemplo, do referido ‘Uranografia’, ainda:

-De que a Lua terrestre se comporta como um ‘João-teimoso’ aos mostrar perpetuamente uma só de suas faces ao Mundo terreno, pois que sua parte superior seria formada de fluidos e a parte inferior de elementos sólidos;

O que está provado, presentemente, pelos estudos da Nasa, ser outra inverdade, fato que, de forma igual, invalida outra das propostas pouco científicas do Espiritismo constantes da referida “A Gênese” citada.

Mais uma vez, pois, destaco que o Espiritismo de Kardec contêm equívocos e desajustes, provando aos mais arraigados à Codificação, que insistem em mostrar os erros doutrinários de Pietro Ubaldi, de Xavier, e etc., se desculpando para os seus mesmos (de Kardec), quando tudo em nosso Mundo é imperfeito, conquanto caminhe para a Perfeição.

Portanto, tratemos de corrigir nossos próprios erros, primeiramente, antes de ficar citando e condenando os erros de outrem; proposta válida não só no campo doutrinário como também no campo pessoal, ou seja, de nossa intimidade espiritual.

Fernando Rosemberg Patrocínio:
Articulista, Coordenador de Estudos Doutrinários, Palestrante e Escritor.
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