JUSTIFICATIVA DO USO DA DÚVIDA HIPERBÓLICA

Anteriormente ao período em que Descartes deu início às suas investigações a Europa passa por profundas transformações no que tange a aceitação de ideias tanto científica quanto religiosas e filosóficas. Existia até um ambiente de guerra devido a disputas entre Protestantes e Católicos cada um querendo impor sua verdade. No meio disso tudo prosperava o ceticismo que apregoava que o homem não pode chegar a verdades absolutas.

Para Descartes a Filosofia Escolásticas só produz “verdades” contestáveis já a filosofia Natural que é fundamentada na matemática tem fundamentações seguras e confiáveis. O próprio Galileu afirma que a Matemática é a linguagem do universo.

Diante do exposto, já existindo uma linguagem racional e segura só falta um método para que se chegue a verdades indubitáveis.

Toda investigação tanto científica quanto filosófica carece de um método do contrário não se trata de investigações e sim de opiniões pessoais. Sendo assim é necessário que o investigador, de qualquer área, aplique um método seguro e se possível indubitável levando em consideração que tanto a filosofia como a ciência tem como objetivo último a busca da verdade.

Para chegar até a Dúvida Hiperbólica Descarte segue algumas etapas:

1. Argumento contra a ilusão dos sentidos.

2. Argumento do sonho.

3. As verdades matemáticas que irão ser confrontadas com o argumento do Gênio Maligno.

4. Argumento do Gênio Maligno.

A Dúvida Hiperbólica atua em cima dos porquês, logo é uma dúvida reflexiva, ou seja, dialética, sem prazo nem metas fixa e definitiva. Sendo construída em um processo cíclico.

Seguindo este raciocínio Descartes propõe duvidar primeiramente dos sentidos, pois estes são falíveis e dá o exemplo da cera que muda de forma ao ser colocada diante do calor, mas mesmo mudando de forma não deixa de ser cera, no entanto para os sentidos o que antes era sólido agora é líquido e a priori parece se trata de outro elemento, mesmos não sendo.

E não para por aí. Duvidando até mesmo da matemática, pois podemos está sobre o efeito do Gênio Maligno que nos faz pensar que a matemática é uma coisa quando na verdade é outra coisa.

 

Não será colocado em dúvida apenas o conhecimento sensível, mas o conhecimento indubitável (a matemática). Por isso, dúvida hiperbólica, uma vez que atinge toda a área do conhecimento e a existência do mundo. (GONÇALVES, 2016)

 

René Descartes por meio da dúvida hiperbólica nos apresenta um meio de investigar os fundamentos filosóficos tal quais os cientistas o fazem com matemática, uma ciência calcada no racionalismo.

Descarte propôs inicialmente a suspensão do juízo, ou seja, colocar de lado tudo que havia aprendido anteriormente. Todos os conhecimentos que lhe foram passados tinham de ser colocados em dúvida, pois eram fruto de opiniões ou carecia de um método seguro que garantisse sua veracidade. No entanto, a dúvida radical só é válida se servir como meio para encontro de uma verdade absoluta, universal, atemporal e indubitável, sem a existência dessa verdade nem mesmo a dúvida faria sentido.

Seguindo este raciocínio existe, pelo menos, uma coisa do qual nem a ilusão dos sentidos, nem os sonhos, nem o gênio maligno podem tornar ilusão. Portanto, não pode gerar dúvidas.

Esse método leva a três conclusões indubitáveis:

1.    Ele não pode duvidar de que dúvida.

2.    Para duvidar precisa está pensando.

3.    Para pensar precisa existir.

O método da Dúvida Hiperbólica se mostra eficaz e indubitável.

O raciocínio de Descartes, portanto, não se baseia na lógica silogística aristotélica aceita pela Escolástica e que apresenta limitações dando suporte à lógica analítica e sim pela intuição.