RESUMO

Este trabalho pretende esclarecer os conceitos envolvidos no tema de indicadores como ferramenta de avaliação de desempenho, bem como apresentar as suas características e sua metodologia de construção, evidenciando a importância desta ferramenta como instrumento tanto da avaliação da qualidade e desempenho das ações do governo e suas políticas como de sua fiscalização e controle. Desta forma, demonstramos a necessidade de existência de indicadores de desempenho para medir os resultados/impactos que as ações e atividades governamentais provocam tanto num microespaço, a partir da execução de um programa, projeto ou processo específico, quanto no sistema como um todo, a partir do monitoramento e avaliação de toda uma política. Ao fim ao cabo, a construção de indicadores é imprescindível, devendo eles serem adotados de modo a verificar os resultados da gestão pública, se tornando relevante para a evolução e desenvolvimento assistencial.

Palavras-chave: Indicadores. Desempenho. Avaliação. Políticas Públicas.

Introdução

O desenvolvimento da área de indicadores sociais se deu a partir da necessidade de se organizar um sistema de acompanhamento das transformações sociais e aferição dos resultados e impactos das políticas públicas dos governos sobre a sociedade. As principais contribuições para a construção de um marco conceitual acerca do tema adquiriram corpo científico mais abrangente a partir da década de 60, quando surgiram dúvidas em relação à capacidade real de desenvolvimento das sociedades (dividida, à época, entre primeiro e terceiro mundo) apostando-se somente nas engrenagens do crescimento econômico. Dessa forma, surgia o descompasso entre as condições sociais das populações habitantes dos países do terceiro mundo e o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) desses mesmos países, sugerindo que crescimento econômico não se traduz automaticamente em melhoria do bem-estar social (JANNUZZI, 2009). Assim, empreendeu-se um esforço conceitual e metodológico para a construção de instrumentos de mensuração que fossem capazes de registrar mais fielmente as reais mudanças sociais e os impactos das ações governamentais nos seus múltiplos aspectos, para que o Estado pudesse orientá-las, formulá-las e reformulá-las de forma a redistribuir melhor as riquezas geradas superando as iniquidades do desenvolvimento econômico. No entanto, durante a década de 70, marcada pela crise econômica internacional e pela crise fiscal dos Estados, o insucesso dos planos governamentais levou a certo ceticismo em relação ao processo de planejamento público. O que só foi revertido a partir de meados da década de 80, com novas experiências de implementação de políticas públicas a partir do planejamento local e do planejamento participativo (JANNUZZI, 2009). De acordo com Keinert (Apud Jannuzzi, 2009, p.8) hoje “assiste-se à emergência da cultura de indicadores, das avaliações permanentes, sistemáticas e consistentes. Da familiaridade com as bases quantitativas para se alcançar conclusões qualitativas”. No Brasil, diversos fatores contribuíram para a difusão crescente do uso dos indicadores. Entre eles o aprofundamento da democracia, com maior pressão popular por transparência e efetividade social das ações dos governos, o maior acesso às fontes de informação pela sociedade e uma maior iniciativa de divulgação dos resultados das pesquisas sociais e estatísticas públicas nos jornais, revistas e na televisão. Além disso, a persistência dos problemas sociais, como a exclusão, a pobreza e a desigualdade de oportunidades de acesso aos serviços públicos aumentam a pressão sobre a melhoria da qualidade do planejamento governamental e da elaboração de políticas capazes de modificar esse quadro (JANNUZZI, 2009). [...]