por Romeo Orlandi*

O primeiro ministro indiano Manmohan Singh contribuiu para fazer do último 29 de Maio uma data histórica da Birmânia contemporânea (Myanmar). De fato reuniu-se primeiro com a líder da oposição Aung San Suu Kyi, regressada no mesmo dia, da Tailândia. Desde há 25 anos que um primeiro ministro indiano não visitava a atual Myanmar e desde 1998 Aung San Suu Kyi não podia sair do seu país temendo ser impedida de voltar. Singh reuniu-se obviamente com o presidente Thein Sein, o general que está a gerir a difícil transição do país para o retirar do isolamento internacional. Num só dia decorreram 3 eventos que reataram laços históricos entre os dois países.
Índia e Myanmar estiveram unidas como colónias administradas pelo império britânico até finais de1937 e não obstante a respectiva indepedência de Londres, os seus laços arrefeceram, com a expulsão de muitos indianos no início dos anos 60 e com o início a um grande período de ditadura militar na Birmânia.
Agora a Índia está disposta a oferecer uma forte abertura à evolução birmana. Durante muitos anos manteve uma posição intermédia perante a situação militar: não atendeu à rigidez e ao embargo dos países industrializados, mas não intercetou as vantagens das relações especiais que o país cultivou com a China. Após muitos anos de partnership exclusiva, Pequim controla agora muitos dos recursos naturais do país, tendo oferecido em troca segurança e assistência. Nova Deli – fazendo frente às raízes históricas e sobre a diáspora de 3 milhões de indianos ainda presente no país – está à procura de recuperar da incerteza dos anos anteriores.
Os primeiros resultados parecem modestos, mas satisfatórios. No encontro em Naypytaw (a nova capital que antes era em Rangum) Singh declarou querer desenvolver um intercâmbio comercial indo-birmano de 5 biliões de dólares até 2015. O montante é claramente indicativo da margem de nível do import-export entre os dois países. Igualmente de grande interesse são os acordos intergovernativos rubricados para a aviação comercial, a conetividade, a formação de técnicos, a exploração de campos energéticos, as infraestruturas. Este último é uma mais-valia para a imagem do compromisso no empenho da reconstrução da velha estrada que liga os dois países, estendendo-se também para a Tailândia. Era uma estrada em desuso, recordação das reformas do último conflito mundial contra o Japão. Agora há a ambição de transportar mercadorias e pessoas para o resgate dos territórios ainda prisioneiros do subdesenvolvimento. Em 2016 será possível viajar sobre rodas para Calcutá, Rangum e Banguecoque.

*Presidente do Comité Científico de Osservatorio Asia

8 de Junho de 2012