Faculdade de Ciências Humanas - UFMS
Licencianda: Ivone Cortina

                                                          Independência do Brasil! O grito.

 

No Bicentenário da Independência do Brasil, o quadro de Pedro Américo trás a tona o que realmente ocorreu em 07 de setembro de 1822.

Buscando evidenciar o fato histórico da Independência do Brasil, Schwarz (2022, p 15-16) refaz o caminho inverso da narrativa, mencionando que o tal “grito” de D. Pedro I foi uma tentativa de exaltar a Família Imperial, em um período que Portugal respirava ares revolucionários em sua política interna e Napoleão Bonaparte travava disputa com a Inglaterra.

Com a chegada da Corte Portuguesa em solo Brasileiro, insatisfação foram geradas entre os colonos, devido privilégios aos aristocratas portugueses e os altos impostos e taxas impostos para custear os gastos oriundos da corte. Com isso movimentos foram se orquestrando em prol da liberdade, devido à insatisfação com o Governo de Portugal e as ideias iluministas francesas..

Com a expulsão das tropas de Napoleão e a retomada da soberania portuguesa, não havia mais justificativa da permanência da corte portuguesa no solo brasileiro. Todavia no País Luso se instalava a indignação geral, além de escassez da produção agrícola e o crédito internacional se esfacelava, proporcionando crise econômica e política. Diante de tais circunstâncias se fez por bem a volta do Rei Dom João VI, para assegurar a soberania monárquica. (SCHWARZ, 2022, p 16-17)

Em Portugal se via a necessidade de se reestruturar o Império luso-brasileiro e medidas foram tomadas como a nomeação de comissões e no estabelecimento de um novo governo – “A Regência”. Em terras Brasileiras, o cenário político português proporcionou opiniões divergentes quanto ao retorno de D. João VI e a subordinação a Portugal. Alguns grupos compostos por grandes proprietários de terras, militares, membros dos judiciários almejavam a independência.

Com o retorno da família real a Portugal, houve a necessidade de substituir o sistema regencial e se estabelecer a monarquia constitucional. Diante desse fato, a presença de representantes brasileiros em Portugal se tornou um requisito e o que foi bem visto pelos brasileiros, pois viam nessa circunstância que os princípios de igualdade de direito seriam observados.

Dom Pedro I que havia permanecido no Brasil, estava encontrando dificuldade pela situação financeira deixada pelo seu pai e se deixava levar pelo ímpeto nacionalista que aflorava o que provocou decreto exigindo o seu retorno a Portugal. Diante desse fato, organizou-se o “Clube da Resistência”, documento que solicitava formalmente a permanência de Dom Pedro no Brasil, além de uma carta de José Bonifácio e de um requerimento com mais de 8mil assinaturas com o mesmo ensejo.

O processo de emancipação se acalorava através da Assembleia Constituinte com a palavra de ordem “Independência” e o documento “Cumpra-se” de Dom Pedro. Entretanto, em 28 de agosto de 1822, nova ordem da Corte ordenava o regresso imediato do Príncipe a Portugal. Dom Pedro encontrava-se em viagem com objetivos políticos a São Paulo. José Bonifácio que presidia o Conselho de Ministros enviou mensageiros ao seu encontro, e no dia 07 de setembro próximo do Riacho Ipiranga, ao tomar ciência dos conteúdos das cartas que lhe foram entregues, Dom Pedro arrancando a fita de seu chapéu que continham as cores institucionais portuguesas e desembainhando a espada proclama: Independência ou morte! (SCHWARZ, 2022, p 26-27)

 A Independência do Brasil pintada, retratada e recontada de várias formas de modo a fim de valorar o fato do então Imperador do Brasil, aclamado em 12 de outubro de 1822. Entretanto, as Províncias da Bahia e São Luís do Maranhão somente reconheceram a Independência posteriormente a essa data. Portugal somente reconhece em 1823.

Para Schwarz (2022, p 30) a tela de Pedro Américo é um sequestro da Independência, pois lutas e embates foram deflagrados posteriormente a 7 de setembro. Desse modo, foi o princípio do processo e não o ponto final da emancipação do Brasil à Monarquia Portuguesa.

 

Referência

 

SCHWARCZ. L, M. O sequestro da Independência. Revista USP • São Paulo • n

. 133 • p. 13-32 • abril/maio/junho 2022. Disponível em: ‹https://www. revistas.usp.br /revusp/article/view/199281/183340› Acesso em 03 de setembro de 2022