O GESTOR ESCOLAR E SUAS AÇÕES

 

Andreia Rosetti Chisté Teixeira[1]

Maria Delcia Alves Francisco[2]

 

RESUMO

 

Este artigo é parte integrante da dissertação de mestrado intitulada Gestão Democrática: dialogando com a realidade de duas escolas.  A gestão democrática surge para revelar que um gestor com postura autoritária não consegue manter um clima organizacional prazeroso, sendo necessário entendê-la como uma mudança que ocorre devido à evolução educacional. Os gestores relatam que as relações interpessoais são o ponto crucial da administração escolar, pois nela está à base de um trabalho harmonioso. Contudo, é fato que existem diferenças entre as pessoas. Elas não têm a mesma reação a uma dada situação, entretanto, há algumas consistências essenciais que mantém o comportamento de todas as pessoas, que podem ser identificadas e, então, alteradas para revelar as diferenças individuais.

 

 

Palavras chave: Gestor. Administração. Relações Interpessoais. Professores.

1 INTRODUÇÃO

A gestão democrática deverá ser a gestão do novo século. Os cargos serão definidos não pelos títulos, e sim pelas funções e responsabilidades. A valorização das pessoas no processo de tomar decisões sob diversos aspectos da administração das organizações mudará o cenário. A figura do gestor autoritário dará lugar a uma nova relação muito mais democrática e produtiva.

A administração pública deverá incentivar e motivar cada vez mais a tão esperada autonomia nas escolas para que tenha uma gestão democrática com a participação real e eficaz dos diversos segmentos que colaborem para o desenvolvimento da educação, que se dedica com a formação do aluno no sentido de ganhar a autonomia no pensar e no agir. Contudo, faz-se imprescindível que a escola exponha também, a autonomia no papel do gestor.

 

 

O GESTOR ESCOLAR E SUAS AÇÕES

 

As atitudes, os conhecimentos, o desenvolvimento de habilidades e competências na formação do gestor da educação são tão necessários quanto à prática de ensino em sala de aula. No entanto, de nada valem esses atributos se o gestor não se preocupar com o processo de ensino aprendizagem na sua escola.

A eleição para diretor revela um grande avanço na realidade escolar, uma aquisição que surge como vitória para se alcançar à gestão democrática, entretanto, alguns órgãos públicos ainda não fazem a eleição para diretor, sendo que estes são escolhidos pela Secretaria de Educação. Contudo, para que a escola tenha sucesso, é muito importante que o gestor permaneça cada vez mais empenhado em investir na sua formação, visto que, sua ação frente à escola, abrirá novos caminhos para os futuros gestores ou somente, estabelecendo obstáculos para este que o sucederão, e para a educação como representação de suas práticas pedagógicas.  

Os gestores devem também possuir habilidades para diagnosticar e propor soluções assertivas às causas geradoras de conflitos nas equipes de trabalho, ter habilidades e competências para a escolha de ferramentas e técnicas que possibilitem a melhor administração do tempo, promovendo ganhos de qualidade e melhorando a produtividade profissional. Se o gestor souber integrar objetivo, ação e o resultado irão agregar à sua gestão colaboradores empreendedores, que procuram o bem comum de uma coletividade.

Segundo Paro (2001, p. 18),

[...] o diretor de escola tem como funções básicas organizar e administrar, numa perspectiva de que na sociedade dominada pelo capital, as regras capitalistas vigentes na estrutura econômica tendem a se propagar por toda a sociedade, perpassando as diversas instâncias do campo social.

                                               

Em relação às questões a respeito da gestão escolar primeiramente se deve considerar o que significa a administração no sentido amplo e escolar, pois, o olhar que o gestor tem a respeito da sua função é primordial para que sua função tenha êxito, pois, a administração geral e a escolar têm seus embasamentos teóricos amparados nos mesmos conhecimentos a respeito da administração, entretanto sua aplicabilidade está atrelada ao ambiente, clientela e objetivo que pretende alcançar.

O diretor de escola, antes de ser um educador comprometido com a formação do educando, depara com situações em que se reduz a mero repassador de ordens, burocrata atado atrás das mesas, assinando papéis de pouco significado para a educação, “capataz de limpeza e organização” do prédio escolar, sendo obrigado a cumprir e fazer cumprir programas educacionais que continuadas vezes não levam em conta o conhecimento da realidade e as necessidades daquela comunidade escolar (HORA, 2015, p. 19).

Quando o gestor é incentivado pela comunidade que o elegeu torna o espaço escolar um lugar amplo e de diversas parcerias. Essa ação é um grande desafio para os gestores pela própria necessidade de atenção, conhecimento e habilidades, visto que a escola deve orientar os alunos e ensiná-los a entender e analisar de maneira crítica os problemas da vida, de si próprio e da sociedade que o permeia, tornando-os cidadãos críticos e participativos.

O gestor deve assumir o papel de coordenador das atividades gerais da escola e, nesse sentido, um conjunto de responsabilidades a serem partilhada com os diferentes segmentos da comunidade escolar. O diretor coordena, organiza e gerencia todas as atividades da escola auxiliado pelos demais elementos do corpo técnico administrativo, e do corpo de especialistas, sendo seu papel atender às leis, aos regulamentos e às determinações dos órgãos superiores do sistema de ensino e às decisões no âmbito da escola assumidas pela equipe escolar e pela comunidade.

Entre tantas ações de um gestor, encontra-se a articulação para elaboração do projeto político pedagógico. Deve acompanhar o desenvolvimento proporcionando os momentos de discussões promovendo as reuniões com as equipes pertencentes à comunidade escolar.

                A função do gestor está em processo de transição. Entende-se que para administrar uma instituição educacional, faz-se necessário conhecer e adotar novos paradigmas da administração pública, e para isso, o gestor deve estar ciente da organização do seu trabalho e as relações de poder que ocorrem no espaço educacional. Nas escolas eficazes, os gestores agem como líderes pedagógicos, e líderes em relações humanas, dando ênfase à criação e a sustentação de um clima escolar positivo, assim como busca dar soluções aos conflitos que venham existir, o que inclui a promoção do consenso quanto aos objetivos e métodos, mantendo uma disciplina eficaz na escola.

A prática de liderança em escolas altamente eficazes inclui: apoiar o estabelecimento com objetivos claros, propiciar a visão do que é uma boa escola e encorajar os professores, de modo a auxiliá-los nas descobertas dos recursos necessários para que realizem adequadamente o seu trabalho.

Para Robbins (2004, p. 304), “[...] a liderança é a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance de objetivos”. A origem dessa influência pode ser normal, como a conferida por um alto cargo na organização. Como essas posições subentendem certo grau de autoridade, uma pessoa pode assumir um papel de liderança apenas em função do cargo que ocupa.

De acordo com Maximiano (2005, p. 289) “[...] a liderança é o uso da influência não coercitiva para dirigir as atividades dos membros de um grupo e levá-los a realização de seus próprios objetivos”. Os dois autores revelam que o líder deve ser capaz de motivar o grupo e fazer com que eles atuem de forma prazerosa e harmônica.

A presença de liderança, de coordenação, é indispensável na vida de uma equipe: alguém que tenha uma visão global da situação e que saiba onde se quer chegar, incentivando o grupo a pensar e a “por a mão na massa” para executar o que foi previsto; que aponte a direção do trabalho, apoiando o grupo durante sua execução e levando cada um a superar suas dificuldades. Essa pessoa será o mobilizador do trabalho coletivo, o articulador do processo de elaboração e desenvolvimento do projeto político da escola. Essa tarefa é grande. Mas pode ser muito gratificante, a despeito da rotina diária estafante.

Portanto conforme Chiavenato (1995, p. 445) não há como alcançar objetivos e metas sem que haja um harmonioso relacionamento, que possa superar as discórdias e os conflitos para então fazer das divergências uma opção de estreitar as relações e aumentar a capacidade de resolução dos problemas. Sendo que a eficiência ou rendimento refere-se à relação entre resultados obtidos e os recursos empregados sejam no campo administrativo ou organizacional.

O projeto político pedagógico surge como um instrumento que possa estabelecer a parceria e provocar uma ação – reflexão – ação, tornando a instituição escolar um local organizado, democrático e autônomo.

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