RESUMO

O objetivo deste estudo é analisar a Crônica “Flor de Maio” de Rubem Braga (1978) numa perspectiva discursiva sobre a efemeridade do tempo e a metáfora da vida, proposta pelo texto por meio da “Flor”. As discussões foram norteadas pelo subtendido do texto sem distanciar-se do pressuposto artístico que o gênero apresenta. O entendimento discursivo da crônica, foi balizado em Bakhtin (2015) e para o diálogo sobre a brevidade do tempo nos pautamos em Baumann (2001). À guisa de considerações foi feito uma reflexão sobre vida, tempo e suas complexidades.

1. Introdução

Nos mais variados universos de comunicação e de interação verbal, usam-se diferentes tipos de textos e enunciados, estes são denominados de gênero do discurso na perspectiva de Bakhtin, ou gêneros textuais para outros. Neste trabalho, preferiu-se utilizar a acepção gênero do discurso, pois, o diálogo com o texto terá como princípio ações reflexivas e não apenas ações de decodificação da língua.

O objeto de estudo escolhido é uma Crônica do autor Rubem Braga (1978). Este é retratado pela crítica como um caso singular, por ter sido um dos raros escritores a entrar para a história da literatura brasileira. Nasceu em 12 de janeiro de 1913 em Cachoeiro de Itapemirim, Espírito Santo, em 1929 entrou para a faculdade de Direito do Rio. Em 1934 fez reportagens e crônica diária no Diário de São Paulo, foi um dos fundadores da revista Problemas, em São Paulo.

Já em 1940 publica Poesias, seu primeiro livro em edição comercial. Foi um escritor e jornalista brasileiro, tornou-se famoso como cronista de jornais e revistas de grande circulação no país, foi correspondente de guerra na Itália e Embaixador do Brasil em Marrocos.

Rubem Braga adorava a vida ao ar livre, morava em um apartamento de cobertura, em Ipanema, onde mantinha um jardim completo, com pitangueiras, passarinhos e tanques de peixes. Nos últimos tempos, publicava suas crônicas aos sábados no Jornal O Estado de São Paulo. Foram 62 anos de jornalismo e mais de 15 mil crônicas escritas, Rubem Braga faleceu, no Rio de Janeiro, no dia 19 de Dezembro de 1990.

Do repertório, estudaremos a crônica “Flor de Maio”, o texto nos conduzirá a uma reflexão dialógica com a obra Modernidade Líquida do sociólogo Bauman (2001), Zygmunt Bauman foi um sociólogo, pensador, professor e escritor polonês, uma das vozes mais críticas da sociedade contemporânea. Criou a expressão “Modernidade Líquida” para classificar a fluidez do mundo onde os indivíduos não possuem mais padrão de referência.

                   Bauman nasceu em Poznan, Polônia, no dia 19 de novembro de 1925. Filho de judeus, em 1939, junto com sua família, escapou da invasão das tropas nazista na Polônia e se refugiou na União Soviética. Alistou no exército polonês no front soviético. Em 1940 ingressou o Partido Operário Unificado – o partido comunista da Polônia. Em 1945 entrou para o Serviço de Inteligência Militar, onde permaneceu durante três anos.

                   Com o fim da Segunda Guerra Mundial, Zygmunt voltou para Varsóvia. Conciliou sua carreira militar com os estudos universitários e com a militância no Partido Comunista. Estudou Sociologia na Academia de Política e Ciências Sociais de Varsóvia. Casou-se com Janina Bauman, uma judia de família próspera que sobreviveu aos horrores da invasão nazista. Zygmunt viveu com Janina (também escritora) até sua morte em 2009.

O estudo está dividido em tópicos que elencam conceitos e análises, assim distribuídos: tópico 1.1 papel da crônica em um patamar histórico até a sua instauração como gênero literário; tópico 2 discussão sobre os resquícios da modernidade e a busca do homem pós-moderno, e à guisa de considerações finais a relevância do estudo feito para reflexão sobre o tempo, a vida e as escolhas. [...]