Finalmente ocorre a última e a mais esperada fase do curso. Após quatros anos nos bancos da universidade chegou o momento de enfrentar a realidade e dispor de toda teoria adquirida durante esse percurso.

Depois do período de observação participante retornamos à faculdade e iniciamos uma “corrida contra o tempo” para elaboração do planejamento das quinzenas que seriam trabalhadas no decorrer do estágio de regência. Esse período foi de enorme pressão e estresse, pois precisávamos pensar conteúdos, métodos e avaliação.

Contudo era chegada a hora de começarmos os trabalhos. No primeiro dia fizemos uma grande festa, além da primeira palestra que tratava dos direitos e deveres da criança, tivemos apresentações de grupos de danças, e também do grupo de literatura infantil com a encenação de teatro mudo.

Neste dia veio também o primeiro conflito com a escola. A direção demonstrou insatisfação com o tempo “gasto” nas apresentações e nos pediu que as seguintes se resumissem em poucos minutos.

Isso me deixou transtornada, como acreditar que uma instituição daquele porte, que atendia inúmeras crianças, não levava em consideração os conteúdos extracurriculares tão discutidos na universidade.

A partir daí ficou mais claro o tipo de gestão presente na escola, embora afirmasse que era democrática e que contava com a participação de todos, percebemos que não era bem assim, pois algumas professoras discordavam desse tipo de atitude e mesmo assim a decisão permaneceu até o fim.

Outro obstáculo se deu em relação a formação continuada, que dependia da aceitação da diretoria e das professoras, mas como não entraram em um consenso, tivemos que cancelar o projeto, que pretendia discutir em reuniões quinzenais temas relevantes tanto para nós quanto para as professoras regentes.

Com isso tivemos que realizar encontros semanais aos sábados, que mesmo sem a riqueza do projeto anterior foi muito proveitoso, tendo em vista que se aproximava a avaliação do ENADE, e as informações obtidas foram de encontro com o mesmo.

Apesar do abalo emocional, não havia muito o que fazer, a não ser aceitar as condições impostas pela direção e continuar os trabalhos em sala de aula.

 Apesar de ter uma experiência diante de uma classe, lembro que fiquei muito nervosa, não me sentia a vontade com os alunos diante dos olhares atento da professora regente.

O maior problema e que percorreu a maior parte do estágio se dava pela falta de domínio da disciplina dos alunos, eles falavam alto, brigavam uns com os outros, não prestavam atenção, e logo me vi praticando algumas atitudes da professora regente e que antes me causava estranheza com dar belos “berros” durante as aulas.

Outra dificuldade se dava em relação à aplicação dos conteúdos pensados, pois a professora demonstrou certa insegurança e nos pediu que não fugíssemos muito dos conteúdos programados por ela em conjunto com as demais educadoras no inicio do bimestre. Esses obstáculos se concretizaram no decorrer do estágio.

Apesar disso fizemos o máximo oferecendo atividades dinâmicas e prazerosas para os alunos, isso não aconteceu em todas as aulas, mas ao menos um vez na semana tínhamos atividades diferenciadas.

Com o fim do estágio reconheci a importância da aprendizagem que obtive neste período. Na época eu reclamava muito, pois dormia e acordava cansada.

Esse estágio significou para mim um intenso momento de harmonia e desarmonia, de dúvidas, conflitos, de confronto entre visões diferentes de educação. Percebi os limites da profissão, e adquiri a certeza do inacabamento da formação e que muito tenho a buscar. Pois para Lima (2007) “o curso de formação... Trata-se de um processo complexo, dinâmico, marcado tanto por circunstancias formais quanto informais, carregado de valores e, portanto, de difícil apreensão.”