Esquistossomose pode causar hipertensão arterial pulmonar (uma doença potencialmente maligna)
Publicado em 05 de outubro de 2011 por Clecilene Gomes Carvalho
ESQUISTOSSOMOSE PODE CAUSAR HIPERTENSÃO ARTERIAL PULMONAR (UMA DOENÇA POTENCIALMENTE MALIGNA)
No Brasil, a transmissão ocorre em 19 estados, numa faixa contínua ao longo do litoral, desde o Rio Grande do Norte até a Bahia, na região Nordeste, alcançando o interior do Espírito Santo e Minas Gerais, no Sudeste. De forma localizada, está presente nos estados do Ceará, Piauí e Maranhão, no Nordeste; Pará, na região Norte; Goiás e Distrito Federal, no Centro-Oeste; São Paulo e Rio de Janeiro, no Sudeste; Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, na região Sul. Atualmente, as prevalências mais elevadas são encontradas nos estados de Alagoas, Pernambuco, Sergipe, Minas Gerais, Bahia, Paraíba e Espírito Santo.
A esquistossomose é, fundamentalmente, uma doença resultante da ausência ou precariedade de saneamento básico.
A esquistossomose mansônica é uma doença infecciosa parasitária, causada por um trematódeo (Schistosoma mansoni) que vive na corrente sangüínea do hospedeiro definitivo. O homem é o principal reservatório.
A transmissão da doença, numa região, depende da existência dos hospedeiros intermediários. No Brasil, as três espécies, por ordem de importância, envolvidas na transmissão da doença são: Biomphalaria glabrata, Biomphalaria straminea e Biomphalaria tenagophila.
Modo de transmissão - Os ovos do S. mansoni são eliminados pelas fezes do hospedeiro infectado (homem). Na água, estes eclodem, liberando larvas ciliadas denominadas miracídios, que infectam o hospedeiro intermediário (caramujo). Após quatro a seis semanas, abandonam o caramujo, na forma de cercárias que ficam livres nas águas naturais.
O contato humano com águas que contêm cercárias, devido a atividades domésticas tais como lavagem de roupas e louças, de lazer, banhos em rios e lagoas; e de atividades profissionais, cultivo de arroz irrigado, alho, juta, etc., é a maneira pela qual o indivíduo adquire a esquistossomose.
A partir de cinco semanas após a infecção o homem pode excretar ovos viáveis de S.mansoni nas fezes, permanecendo assim durante muitos anos. Os caramujos infectados liberam cercárias durante toda a sua vida, que varia de semanas até três meses.
Complicações – a principal complicação da esquistossomose mansônica é a hipertensão portal nos casos avançados, que se caracteriza por hemorragias, ascites, edemas e insuficiência hepática severa. Estes casos, a despeito do tratamento, quase sempre evoluem para óbito.
Uma das suas formas particulares é a pulmonar e a cardiopulmonar. Predomina uma arteriolite obstrutiva que ocasiona cor pulmonale crônica, insuficiência cardíaca direta e perturbações respiratórias severas.
Portadores de esquistossomose têm mais chances de desenvolver a hipertensão arterial pulmonar (HAP), doença crônica que afeta o pulmão e o coração. Estudo do Grupo de Hipertensão Pulmonar do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), indica que 5% dos pacientes com a infecção esquistossomose hepatoesplênica (mansônica ou japônica) desenvolvem o problema, o que significaria a existência de 600 mil casos de hipertensão arterial pulmonar esquistossomótica (Hape) no mundo, sendo 250 mil no Brasil.
Um estudo realizado por Lapa e seus colaboradores, em um total de 232 pacientes, identificaram hipertensão arterial pulmonar idiopática (HAPI; também conhecida como hipertensão pulmonar primária antes das classificações de Evian, em 1998, e de Veneza, em 2003) em 50% dos casos identificados. Somente 10% dos casos foram associados com doença do colágeno ou do tecido conectivo. Os casos de esquistossomose indicam a associação de produtos do ovo de Schistosoma mansoni com a indução das alterações da artéria pulmonar características de hipertensão pulmonar severa. Como vários dos pacientes portadores de hipertensão pulmonar associada com esquistossomose também sofrem de hepatopatia esquistossomótica com hipertensão portal, o processo pulmonar é provavelmente afetado pelas alterações hepáticas e formação de shunts entre a circulação portal e a circulação pulmonar.
Acredita-se que a maior parte dos portadores de esquistossomose com hipertensão arterial pulmonar no País morra sem saber ser portador do problema secundário, segundo informações do site www.hipertensaopulmonar.com.br. Quanto mais cedo iniciar o tratamento para a HAP, melhor a resposta destes portadores, visto que tal doença é menos grave nestas condições do que quando um paciente desenvolve a doença sem causas conhecidas (forma idiopática).
Conforme o site, a HAP pode ser confundida com outras doenças, porque seus principais sintomas – falta de ar, cansaço, dor no peito, tonturas e palpitações frequentes, pele azulada e inchaço nos pés e tornozelos – estão também relacionados a outras doenças como a cardiopatia isquêmica coronariana, miocardiopatias e a asma brônquica.
Referencias