EDUCAÇÃO ESPECIAL: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA INCLUSÃO ESCOLAR
Por alessandra aparecida avelino dos santos custodio | 24/09/2025 | Educação3
EDUCAÇÃO ESPECIAL: PERSPECTIVAS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES NA INCLUSÃO ESCOLAR
Ariany Maria Furlan
Introdução
A Educação Especial constitui-se como um campo essencial dentro da Educação Básica, uma vez que busca garantir o direito à aprendizagem e à inclusão de estudantes público-alvo da educação especial (PAEE), ou seja, aqueles com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação. Ao longo da história, a educação destinada a esse público sofreu transformações significativas: de práticas segregacionistas e excludentes a políticas que defendem a inclusão em classes comuns do ensino regular.
De acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394/96, a Educação Especial deve perpassar todos os níveis, etapas e modalidades de ensino, sendo oferecida preferencialmente na rede regular. A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) reforça a necessidade de promover práticas pedagógicas que contemplem a diversidade, garantindo a aprendizagem e a participação de todos.
Nesse contexto, compreender os desafios e potencialidades da Educação Especial é essencial para a construção de uma escola inclusiva, que reconheça as diferenças como parte da riqueza humana e promova equidade educacional.
Desenvolvimento
A Educação Especial, historicamente, foi marcada por práticas assistencialistas e segregacionistas, em que crianças e jovens com deficiência eram mantidos em instituições específicas, distantes do convívio social. Contudo, a partir da segunda metade do século XX, influenciada por documentos internacionais, como a Declaração de Salamanca (1994), houve um movimento crescente em prol da inclusão, reconhecendo que a escola deve estar preparada para receber todos os
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alunos, respeitando suas singularidades.
Segundo Mantoan (2003), a inclusão escolar não significa apenas matricular o aluno com deficiência na escola regular, mas sim “transformar a escola em um espaço que acolha, respeite e valorize a diversidade humana, revendo práticas, concepções e currículos para torná-los acessíveis a todos”. Dessa forma, a educação inclusiva exige mudanças estruturais, pedagógicas e atitudinais.
Outro ponto fundamental refere-se à formação docente. Professores precisam estar preparados para lidar com a diversidade em sala de aula, compreendendo as necessidades educacionais específicas dos alunos. Como destaca Glat e Blanco (2007), a efetivação da inclusão depende não apenas da legislação, mas do “compromisso político e pedagógico das escolas e de seus profissionais em desenvolver estratégias diferenciadas de ensino”.
Além disso, a utilização de tecnologias assistivas e recursos pedagógicos adaptados é fundamental para ampliar a autonomia e a participação dos estudantes da Educação Especial. Segundo Bersch (2017), as tecnologias assistivas permitem remover barreiras, criando condições para que os alunos tenham acesso ao currículo e participem ativamente das atividades escolares.
Entretanto, os desafios persistem: falta de acessibilidade física e pedagógica, escassez de recursos, ausência de formação continuada para docentes e preconceito ainda presente em muitas instituições escolares. A superação desses obstáculos requer políticas públicas eficazes, além de uma mudança de mentalidade que reconheça a diversidade como um valor e não como um problema.
Considerações Finais
A Educação Especial, entendida na perspectiva da inclusão, representa um direito inalienável e uma conquista social que busca garantir o acesso, a permanência e a aprendizagem de todos os estudantes. Para que esse objetivo seja alcançado, é necessário um compromisso coletivo envolvendo gestores, professores, famílias e comunidade.
É imprescindível que as escolas promovam ambientes inclusivos, capazes de respeitar as especificidades de cada criança e jovem, garantindo-lhes oportunidades
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de desenvolvimento pleno. A formação docente, a implementação de práticas pedagógicas inovadoras e o uso de recursos acessíveis constituem-se como pilares fundamentais nesse processo.
Assim, a Educação Especial não deve ser vista como uma área isolada, mas como parte integrante do sistema educacional. Somente por meio da construção de uma escola verdadeiramente inclusiva será possível garantir que a educação cumpra seu papel social: formar cidadãos críticos, participativos e conscientes de seus direitos.
Referências
BERSCH, Rita. Tecnologia Assistiva e Educação Inclusiva. Porto Alegre: UFRGS, 2017.
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB nº 9.394/96. Brasília: MEC, 1996.
BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Brasília: MEC/SEESP, 2008.
DECLARAÇÃO DE SALAMANCA. Princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Salamanca: UNESCO, 1994.
GLAT, Rosana; BLANCO, Eliane M. Educação Especial: Inclusão Escolar e Formação de Professores. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2007.
MANTOAN, Maria Teresa Eglér. Inclusão Escolar: O que é? Por quê? Como fazer? São Paulo: Moderna, 2003.