A meu ver tudo que segrega, tudo que chama a atenção tornando algo diferente, tudo que expõe acaba sendo prejudicial.

Vejamos por exemplo o Dia Internacional da Mulher.

Criado em 1910, na Dinamarca, o Dia Internacional da Mulher lembra o dia 8 de Março de 1857, quando em uma cidade do estado norte americano de Nova Iorque operárias de uma fábrica de tecidos ocuparam a fábrica e reivindicaram, em um movimento grevista, melhores condições de trabalho. As reivindicações passavam por redução na carga diária de trabalho, equiparação de salários com os homens e tratamento digno no ambiente de trabalho.

As mulheres acabaram trancadas na fábrica, que foi depois incendiada. No incêndio morreram aproximadamente 130 mulheres.

A data então acabou oficializada somente em 1975 por um decreto da Organização das Nações Unidas (ONU).

Você pode se aprofundar na história indo até o site da ONU.

O objetivo, desde sua criação, é terminar com o preconceito, discriminação e desvalorização da mulher no mundo, em todos os sentidos e áreas de atuação.

Objetivo nobre, porém, a meu ver, hipócrita.

Hipócrita porque o ser humano cria situações sociais, as sustenta e, para dizer que faz algo, que se lembra, cria o “Dia de…”.

Temos assim o Dia Internacional da Mulher, Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, Dia Internacional da Paz, Dia Internacional do Homem (existe sim,  veja na Wikipédia), Dia Internacional Contra a Homofobia, Dia Internacional da Juventude, Dia Internacional da Tolerância, Dia Internacional da Discriminação Racial, Dia Internacional dos Direitos Animais, Dia Internacional dos Povos Indígenas, Dia Internacional da Síndrome de Down, Dia Internacional de Atenção À Gagueira, Dia Internacional  contra o Abuso e Tráfico Ilícito de Drogas e assim por diante.

Para que criar um dia para cada mazela do mundo? Para que nos lembremos dessas mazelas, para que foquemos nossa atenção social e material?

Não precisamos de nenhum desses “Dias Internacionais”, precisamos apenas que todo dia seja dia de nos melhorarmos, de praticarmos a empatia, de fazermos ao outro aquilo que desejaríamos fosse feito para nós mesmos. Tão simples ensinamento, deixado de lado durante 364 dias, lembrado no “Dia Internacional de Alguma Coisa”!

Como hoje entregar flores a alguém que foi espancada ontem? Como sorrir para alguém que ontem foi cuspido? Como parabenizar alguém na empresa quando este é tratado de forma “diferente” todos os dias? Como ser tão ignorante durante o ano todo para, em apenas um dia, ser “humano”?

Faço uma campanha aqui: aja amanhã como se fosse o Dia Internacional de Ser Cordial, Humano, Gentil; de ter Bom Senso; de praticar a Humildade; de Dirigir com Civilidade; de Dividir; de Interagir; de Abraçar e Beijar.

Repita isso depois de amanhã, e depois, e depois, até chegarmos novamente em 8 de Março. Se você conseguir, se você praticar,  sou capaz de apostar que você fará parte dessa corrente que luta contra a discriminação e o preconceito sem precisar de um “Dia Internacional”, pois terá todos os dias cumprido seu papel de Cidadão e de Ser Humano.

E talvez aí você até endosse este artigo. Te espero lá!