DESCONSTRUINDO OS MITOS DA ÁFRICA SEM HISTÓRIA
Publicado em 21 de November de 2019 por Mamim Alfissene Baciro Baldé
Mamim A. B. Baldé
RESUMO
Este breve ensaio objetiva despertarinteresse do debate concernente a história da África sofrida com ludibriada imagem vendida por colonizadores exploradores de forma precoce, porém, atrelado a seus próprios interesses, projetando pelo mundo todo um discurso estereotipado e preconceituoso. Nos Livros em volumes que compõem a História geral da África vimos contemplados com esboços que diferenciam profundamente com os que se projetam dos esboços históricos com início fixada a começar do processo colonial, e concomitantemente buscou se desmitificar a fidedigna história desse continente e do seu povo.
A África tem uma História?
A quem importa a resposta dessa pergunta apreciavelmente insciente, aqui se tem o retorno: sim a África tem Histórias! “O próprio caráter social da concepção africana da história lhe dá uma dimensão histórica incontestável, porque a história é a vida crescente do grupo”!
Considerado o terceiro maior continente do mundo a África ocupa juntamente com as ilhas adjacentes, uma superfície de aproximadamente 30 milhões de km2, mais de 20% do total da massa terrestre formando um espaço compacto (Visentini et al. 2014). Vive no continente africano quase um bilhão de pessoas, com uma densidade de 30, 6 habitantes por km2. Um continente que carrega no seu cerne mais de oitocentos grupos étnicos cada qual com a sua própria língua e cultura contendo mais de mil línguas faladas diferentes. Tirar a história desse continente e do seu povo sinaliza a destruição de uma parte apreciavelmente crucial e indispensável para a compreensão da configuração de história da humanidade.
O que se tem apreciado na dimensão da construção histórica é que a história do continente, geralmente, é construída de fora para dentro, com base nos interesses que buscam dominar a África e os africanos. Essa razão levou o Ki-Zerbo a enunciar que é imperativo que a história desse continente e a sua cultura sejam também vistas de dentro, sem que se tenha como parâmetro os exclusivos valores europeus. Até hoje se registra que apesar dos mitos e preconceitos que tem ocultado a história africana existem culturas, religiões e grupos linguísticos diversos, bem como uma organização social dos povos africanos, isso precisa ser enfatizado, trazido ao debate e ao olhar curioso.
A África é conhecida com a sua diversidade e pela sua riqueza, porém, a tentativa de legitimar o processo da dominação colonial levou a projeção da sua imagem essencialmente primitiva e barbara que, no entanto, é um mero olhar construída no racismo e ideologia que busca descaracterizar o continente para poder controla-lo com facilidade.
Visentini et al. Apontam que
Importa dizer que apesar de a África ser definida, primariamente, como um continente pobre e que pouco inovou, antes da colonização europeia o continente era uma das partes do mundo mais dinâmicas do ponto de vista da pesquisa e do florescimento cultural graças a organização política e socioeconômica dos seus impérios. Assim, segundo Cissé (2010), na África ocidental, por exemplo, mais especificamente na zona sudanesa-saariana, os contatos entre a população local e a cultura árabe-muçulmana, entre os séculos XIII e IX, propiciou uma grande produção de manuscritos em árabe nos principais centros urbanos como Gão, Djene e Timbuktu (VISENTINI ET. AL. 2014, p.23).
Pode se considerar que a organização social pré-colonial na África, apesar de suas características consideradas complexas, tanto do ponto de vista político e cultural quanto do ponto de vista econômico, teve um papel preponderante nas relações internacionais da época. A preocupação atual é a posição em que se encontra exposto o continente, não podendo gozar da sua legitima história.
Pode se dizer hoje que essa realidade de ontem, hoje está em mudança progressiva porque com os volumes da história geral da África, o continente passou a ser abordada por ela mesma por meio das suas realidades e não dos mitos que suscitou duma forma simultânea sintética e regional, global e local, por volta dos quesitos e dos projetos fundamentais que a historiografia colocou em evidencia.
REFERÊNCIAS
KI-ZERBO, Joseph (coord.). História geral da África 1: metodologia e pré-história da África., Brasília: UNESCO, 2010.
VISENTINI, Paulo Fagundes Et. All. História da África e dos africanos. 3ª ed. Petrópolis, Rio de Janeiro: vozes, 2014.
