Da relação entre a Filosofia e as neurociências

                                                                 Francisco Hermes Batista Alencar[1]

Até que ponto a Filosofia adentra no conceito de ciência? O grande físico inglês Stephen Hawking em um de seus últimos livros disse que: A Filosofia está morta! Suas palavras foram essas. Por que segundo ele hoje a ciência ocupa o lugar daquilo que um dia a Filosofia ocupou. Ele humildemente discorda, uma vez que conforme os escritos do neurocientista Pedro Calabrez, e o campo da Filosofia ao tentar mostrar isso. Desde o berço da Filosofia Ocidental na Grécia antiga, tem-se a Filosofia e as ciências andando de mãos dadas. Desde o estagirita Aristóteles, um grande cientista para a época, onde o mesmo tem livros sobre as partes dos animais; aonde se configuraria dentro da Biologia. Ele tem livros sobre os corpos celestes que podem se configurados dentro da Astronomia. E, portanto, essa ideia de separação entre Ciência e Filosofia, ela é muito recente, e o que costuma-se dizer é que a Filosofia sem a Ciência é um barco furado, não se sustenta. Não há como fazer Filosofia sem ter conhecimento científico como base. Uma vez que se precisa se espelhar a uma realidade concreta. Uma realidade que corresponda a uma ideia próxima de verdade. No entanto, acreditamos que se a filosofia sem a ciência é um barco furado, um barco à deriva, sem rumo. Porque se filosofia tem uma capacidade importantíssima é de justamente nesta integração. Justamente essa capacidade de unir o conhecimento e, ao trazer tudo isso para vida humana, em última instância, vivamos de forma melhor. Mas essas ciências estariam em um mesmo patamar que a Filosofia? Definitivamente não. Por definição a ciência é empírica. A ciência fala na língua da estatística. A ciência hoje publicável dos maiores periódicos científicos do mundo é uma linguagem que é na raiz matemática.

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Filosofia. Pensamento Complexo. Sustentabilidade tecnocientífica.

ABSTRACT

Of the relationship between philosophy and neuroscience

How far does philosophy get into the concept of science? The great English physicist Stephen Hawking in one of his last books said: Philosophy is dead! His words were those. Why, according to him, today science takes the place of what one day philosophy occupied. I humbly disagree, since according to the writings of neuroscientist Pedro Calabrez, and the field of philosophy in trying to show this. From the cradle of Western philosophy in ancient Greece, one has philosophy and the sciences going hand in hand. From the stagirite Aristotle, a great scientist for the time, where he has books on the parts of animals; where it would be configured within biology. He has books about the celestial bodies that can be configured within astronomy. And so this idea of ​​separation between Science and Philosophy is very recent, and what is often said is that Philosophy without Science is a broken boat, it does not hold. There is no way to do philosophy without having scientific knowledge as a basis. Once you need to mirror a concrete reality. A reality that corresponds to a close idea of ​​truth. However, we believe that if philosophy without science is a leaky boat, a drifting boat, aimlessly. Because if philosophy has a very important capacity it is precisely in this integration. It is precisely this ability to unite knowledge and, in bringing it all to human life, ultimately, to live better. But would these sciences be on the same level as philosophy? Definitely not. By definition science is empirical. Science speaks in the language of statistics. The today publishable science of the world's largest scientific journals is a language that is at the root of mathematics.

Keywords: Inclusive Education. Philosophy.Complex thinking.Technoscientificsustainability.

 

1.Neurociênciasa partir da gaia Filosofia

Quer-se entender o mundo a partir de visões em que se pode replicar e obter o mesmo resultado. E, nesse sentido, a Filosofia não necessariamente não propõe uma abordagem como essa filosófica. A Filosofia é mais um campo que governa o saber, que não é ciência por definição. Mas que é capaz de utilizar-se do conhecimento científico para propor formas de viver melhor. Na verdade, essa é a definição de filosofia dos gregos antigos.

A Filosofia não é uma disciplina para os gregos antigos, não é uma matéria, uma disciplina na qual aprendemos na escola. A Filosofia para os gregos antigos é realmente uma maneira de se viver, um jeito de viver. Que nada mais é do que viver-se racionalmente para viver melhor. Aonde se vive nessa geração com uma reforma na educação quando havia a Sociologia, a Filosofia, OSPB, EMC, segundo a jornalista educacional Laura Medina (2018). Muitas vezes, vivemos em um mundo hoje que não tem essa base formativa.

Aonde se sente isso já que há essa relação ampla, quando se leva tal conhecimento como professor; e na Universidade as pessoas cresceram sem essa base da Filosofia. A escola forma hoje fazedores de vestibular, em sua vasta maioria. E, isso é muito triste, porque o papel da educação e da escola deveria ser bem formar seres humanos.

Seres humanos que possam pensar melhor, que tenham um pensamento ricamente elaborado, abastecido de ideias que permitam viver melhor enquanto seres humanos cidadãos e por aí se vai. Mas não mesmo. Vai-se para escola para se aprender o Ciclo de Krebs para se responder no vestibular. E, tenta-se entrar na faculdade, o que é muito triste. E, infelizmente, estamos longe do ideal de formação educacional de humanidade que os gregos queriam e tinham naquela época.

Como afirmamos, segundo o professor Calabrez (2018) havia o ensino de ciências na Grécia antiga, mas este estava a serviço de se viver uma vida melhor. De conduzirmos uma vida racional e melhor. Mas não é a felicidade a qualquer preço, isso é importante. O conhecimento filosófico não é só aquele no qual serei feliz e ponto.

 

2. Busca pela excelência de vida

Apenas com uma condição: E essa condição é a verdade. E a verdade parte-se do uso da racionalidade humana. Sendo racional, consequentemente, seremos felizes. Um resumo bem grego do é a Filosofia: uma maneira racional para se viver e viva-se bem melhor.

A questão das novas gerações sabe-se que se tornam gerações bem ansiosas, segundo a jornalista e neurocientista Maíra Gatto (2018), da Universidade La Salle, mais ansiosos que nós ainda. E, propõem-se a se fazer muitos questionamentos. E, isso vira uma questão de ansiedade. E eles têm esse time para esperar tais respostas? Como se pode avaliar isso?

Vive-se em um mundo muito ansioso, e no departamento de Psiquiatria, na Escola Paulista de Medicina da UNIFESP, no qual se é pesquisador, e a ansiedade como transtorno psiquiátrico, ela é gravíssima; vive-se uma crise de ansiedade nos dias de hoje. Paremos para pensar o que é a ansiedade hoje?

A ansiedade envolve necessariamente o futuro. Há uma pesquisa ótima de um neurocientista, no título consta: Zebras não têm úlceras. De fato, os seres humanos por ter-se essa capacidade de prever um futuro próximo, minimamente de antecipar o que irá acontecer amanhã. Faz-se coisas incríveis como construir estações espaciais e por aí vai.

No entanto, isso também pode trazer coisas que são muito dolorosas. E, essa antecipação negativa do futuro ela está na raiz da ansiedade. Ela é própria daquela manhã. E nós nos angustiamos com a possibilidade de naquela manhã seja algo diferente do qual gostaríamos. Ou seja algo  ruim da essência. Hoje em dia por conta da velocidade do mundo onde vivemos, tudo muda muito rápido. Tudo está mudando em uma velocidade muito grande.

3. Conclusão

Até mesmo por conta das exigências que fazemos dos jovens, absurda, completamente disparatada, a ponto de queremos que um jovem com seus 18 anos de idade dê conta e decida o fará para o resto de sua vida. Obviamente que isso é ansiogênico. Afirmamos isso até como professor, ou na alcunha de cientista, porque nós poderíamos falar sobre os dados de ansiedade, em crianças, jovens que são pré-adolescentes, o que são alarmantes.

Mas também nos colocamos como professores, que ouvimos de alunos que nos chegam, às vezes, tristes, dizendo: -Professor, estou fazendo este curso porque meu pai me obrigou, disse que tinha que fazer para arrumar um emprego. Estou infeliz e não sei o que faço!

Talvez isso tenha sido o que mais se ouve como professor, justamente por ser um professor que trabalha as ciências da mente; fala-se de Psicologia, de Neurociências. Muitos alunos nos chegam com este tipo de queixa para nós professores. Achamos criminoso isso. O que obviamente é um jogo sobre o jovem que talvez aquente até isso. Mas em algum momento irá estourar essa bomba psicológica e emocional.

Finalmente, isso é uma bomba-relógio que em algum momento vai explodir. E, exigir de um jovem hoje em dia, é exigido do jovem mais do que essa máquina tem para entregar. Obviamente como todas as máquinas quando se estressa tal máquina, essa máquina irá dar pane em seus circuitos neuronais.

E a Inteligência emocional? Esta que passa pela família, pelo profissional, por todos esses campos. E, qual seria essa definição de inteligência emocional, o que é muito importante para que os pais a tenham e possam educar seus filhos também. Qual a definição de emoção e inteligência emocional?

Curiosamente, emoção é o tipo de palavra que se sairmos de uma capital e nos perguntamos o que seria uma emoção? A maioria das pessoas vai responder sim com certeza. E qual seria a definição? Tipo de palavras que todos sabem o que é, mas o que de fato significa? Emoção seria aquilo que sentimos?

Vamos lá no hospital e batemos com o martelinho no joelho do paciente e, esse tem um reflexo! Temos hoje uma definição bem precisa do que seja: Emoção não é algo esotérico, não é algo metafísico; emoção não é algo que está fora do inverso, de carne e osso; mas ao contrário, sendo um programa de ação coordenado pelo cérebro, em relação ao corpo inteiro. E o melhor jeito de entendermos a emoção é com um exemplo.

Suponhamos que um belo dia vai-se entrar na água do mar, em um dia quente de primavera. Entra-se na água, a qual está refrescante, e quando chega-se lá no fundo e ao boiar sobre a superfície da água marinha; a sombra de um tubarão passa ao seu lado, o olho vê a sombra do tubarão e o cérebro registra essa informação. Muito interessante o que ocorre no nosso cérebro quando o mesmo registra tal informação.

Enfim, o cérebro desencadeia programas de reação que vão fazer seu corpo inteiro para alterações. Por exemplo, suas pupilas dilatam, sua boca fica seca, seu estômago para de produzir ácido. Seu intestino para de peristaltar, caso o intestino esteja cheio, solta-se, então. Caso a bexiga esteja cheia solta-se o líquido todo. Hormônios neurotransmissores são secretados de modo, primeiramente, que nós teremos uma aceleração cardíaca. O coração baterá mais rápido e mais forte.

Contudo, em nosso cérebro as substâncias químicas fazem com que fiquemos com hiperfoco. Não existe déficit de atenção quando tem-se um tubarão na sua frente. Fica-se hipervigilante, vai-se o sono, quando há um tubarão na sua frente. Não se boceja nesse momento. Segundo Calabrez (2018), está-se preparando para três possíveis coisas: Ataca-se, foge-se ou fica parado! Congelado no mesmo lugar. Entendendo-se tudo isso, aí entendeu-se o que significa uma emoção.

 

4. Bibliografia:

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BEE, H. A.Criança em Desenvolvimento. Porto Alegre: ArtMed. 2004.

KREBS, C. Neurociências Ilustrada. Porto Alegre: Artmed, 2003.

BEAR, M.F. Neurociências. Porto Alegre: Artmed, 2018.

CARLSON, N. R. Fisiologia do comportamento. São Paulo: Manole, 2002.

CONSENZA, R., GUERRA, L. Neurociência e Educação: Como o cérebro aprende.Porto Alegre, RS: Artmed, 2011.

FLAVELL, J. H. A psicologia do desenvolvimento de Jean Piaget. 5. ed. SãoPaulo: Pioneira, 1996.

 

GAZZANIGA, M. S.; IVRY, R. B.; MANGUN, G. R. Neurociência cognitiva: A biologia da mente. Porto Alegre: Artmed, 2006.

LENT, Roberto. Cem bilhões de neurônios? Conceitos Fundamentais de neurociências. 2ª Ed. Rio de Janeiro: Atheneu, 2010.

 

MACEDO, Elizeu C., BOGGIO, P.S. Neurociências e Psicologia Aplicada. 1ª Ed. São Paulo: Editora Mackenzie e Hogrefe, 2016.

MYERS, D.G. DEWALL, N.C. Psicologia. Rio e Janeiro: LTC, 2017.

PAPALIA, D. E.; OLDS, S. W.; FELDMAN, RD. Desenvolvimento Humano.Porto Alegre: ArtMed, 2006.

SCHIFFMAN, H. R. Sensação e Percepção. Rio de Janeiro: LTC, 2005.

STERNBERG, RJ. Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2008.

 

 

4.1 BibliografiaComplementar:

COLL, C.; MARCHESI, A.; PALACIOS, J. Desenvolvimento Psicológico e Educação. V.1. Porto Alegre. ArtMed. 2ª edição. 2004.

DIAS, N. M. Avaliação neuropsicológica cognitiva: atenção e funções executivas.Vol. 1. São Paulo: Editora Memnon, 2012.

EYSENCK, M.W. Manual de Psicologia Cognitiva. Porto Alegre: Artmed, 2017.

KANDEL, E.R. Em busca da memória: o nascimento de uma nova ciência da mente. São Paulo: Companhia das Letras, 2009.

PERGER, G.K.; OLIVEIRA, R.G.; ÁVILA, L.M.; STEIN, L.M. Memória, humor e emoção. Rev. psiquiatr. Rio Gd. Sul, vol.28, n.1, pp. 61-68, 2006.

SQUIRE, L.R.; KANDEL, E.R. Memória: da mente as moléculas. Porto Alegre: Artmed, 2003.

VIGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.

WALLON, H. A evolução psicológica da criança. Lisboa: Edições 70, 1995.

 

[1] Francisco Hermes Batista Alencar é filósofo (INSAF-Recife/PE), psicopedagogo e mestrando em Ciências da Educação pelo Instituto Superior de Educação do CECAP-Brasília/DF, pós-graduando em Libras pelo IFPB, polo São Bento-PB: [email protected]