- Clarice! - Gritava ele olhando ao longe a bela moça de cabelos vermelhos que sumia em meio à densa névoa. ? Clarice ! ? Repetia com tristeza e pesar o nome da bem amada que se deixava levar com um enorme peso olhar.


Prólogo
O que são sonhos de uma noite em um verão? A juventude é a fase dos amores, da teimosia, da aprendizagem, é a fase de descobrir o que é verdade e o que é mentira. A sorte sorri a alguns, que nascem bem e não se dão ao trabalho de descobrir o mundo. O mundo é que se dá ao trabalho de ter de descobrir um meio de se aproximar. Porém existe o lado dos esquecidos, massacrados por uma sociedade capitalista, mas que nunca se esquecem de quem são.

I
- O que é aquilo dona Carminda? ? apontava Clarice em direção a uma nuvem branca que cobria toda a colina.
- É o vapor do suspiro dos pobres minha filha. ? disse Carminda a babá que cuidara de Clarice desde o seu nascimento. Carminda penteava os longos cabelos ruivos de Clarice que escorriam como água por sob seus ombros.
- São tão poucos, dona Carminda, como podem fazer tanto vapor? ? perguntava inquieta e ingênua.
- É que estão cassados filha, não complique a vida, é hora de dormir.
Ajeitou Clarice na cama e deu lhe boa noite.
Clarice fitava o pequeno vilarejo cercado com as montanhas dos frios Alpes, que sugavam a Névoa que subia da cidade. Clarice era filha do maior proprietário de terras da região. Seu pai, D. Marcelo La Parte e sua mãe D. Clara quase não ficavam em casa. Quem cuidava de tudo inclusive de Clarice era D. Carminda, típica italiana, não alcançava as prateleiras altas da casa e falava alto, mas sempre estava de bom humor para atender aos caprichos de sua quase filha.
Clarice deitou a cabeça em seu travesseiro e dormiu.
Não muito longe dali ficavam as casas da vila, onde moravam todos os trabalhadores dos campos de trigo e uvas. Benjamim era o filho mais novo da família Oliveira. Trabalhava acordava todos os dias bem cedo para colher as uvas e os feixes de trigo caídos no chão para dar de comer a sua família que trabalhara o dia inteiro nas plantações da Zoccalia. Dava aulas às crianças a tarde.

Era o primeiro dia de verão, o vento frio acordava os camponeses que sorriam felizes ao ver a luz do sol. As moças tecelãs esticavam seus novelos ao sol, as crianças, ainda de pijama, corriam felizes pela grama exibindo seus rostinhos rosados ao sol.
Na pequena torre da casa da família La Parte, acordava Carminda feliz em ver a luz do sol penetrando nas frestas de sua janela de madeira que uivava com o barulho dos ventos.