CHOQUE HIPOVOLÊMICO NA MEDICINA VETERINÁRIA
Publicado em 07 de abril de 2018 por M.V. Esp. MsC. Dr. LUCAS BERGER DA SILVA
POR DR. LUCAS BERGER DA SILVA CRMV 15533
DATA 04/03/2018
DEFINIÇÃO
O choque é caracterizado como uma produção inadequada de energia celular resultante de perfusão inapropriada para manter as necessidades metabólicas celulares repercutindo em órgão e tecidos do organismo animal como um todo (SILVA, 2017). Ele envolve vários distúrbios fisiológicos que afetam sistemas de órgãos múltiplos (BICHARD & SHERDING, 2008; NELSON & COUTO, 2006).
O choque hipovolêmico deve-se a um volume circulante efetivo baixo de sangue com pouco retorno, tendo por característica a hipovolemia que pode ser causada: por perdas externas de cristalóides (em casos de vômito, diarreia e diurese), por perdas internas de cristaloides (pelo abdome ou pelo torax). Hipovolemia relativa ou funcional é causada pela: capacidade de volume aumentada ou vasodilatação (Anafilaxia, medicamentos vasodilatadores, fatores neurogênicos, má distribuição do volume sanguíneo disponível) (MACINTIRE, 2007).
SINAIS CLÍNICOS
Atitude Mental: ocorre depressão ou distúrbios mentais, causada pela redução do fluxo sanguíneo e do aporte de oxigênio cerebral (FELDMAN & NELSON, 1996)
Pressão Arterial: se torna fraco e diminuído, causado pela diminuição do débito cardíaco e resistência periférica baixa (NELSON & COUTO, 2006).
Coloração de mucosas: a coloração pode ser pálida, cianótica ou cinzentas, causada pela hipovolemia, anemia e comprometimento cardiovascular (BICHARD & SHERDING, 2008).
Temperatura corpórea: diminuição da temperatura corpórea e as extremidades frias, causada pela redução do debito cardíaco, pela falta de oxigênio, as extremidades ficam frias devido a vasoconstrição periférica (FELDMAN & NELSON, 1996).
Tempo de enchimento carpilar: este fica com seu tempo prolongado (maior que 2 segundos), devido a hipovolemia e o fluxo periférico ruim (BICHARD & SHERDING, 2008).
Frequência cardíaca: fica elevada (140 até 160 dependendo do tamanho do animal), devido a hipotensão, hipovolemia, dor, estresse, febre, taquicardia (FELDMAN & NELSON, 1996).
Frequência respiratória: aumento da frequência respiratória, causada por hipoxemia, acidose metabólica, dor, febre e excitação. (FELDMAN & NELSON, 1996)
Produção de urina: fica diminuída, causada pela hipovolemia sanguínea e pressão baixa (BICHARD & SHERDING, 2008).
MONITORIZAÇÃO DO PACIENTE
O objetivo do tratamento é manter as funções vitais do paciente, por isso a monitorização se faz importante, a fim de proporcionar informações precisa de parâmetros funcionais tais como: frequência cardíaca, pulso periférico, temperatura corpórea, gasometria, volume sanguíneo, débito cardíaco, pressão arterial e aporte de oxigênio (MACINTIRE, 2007).
O débito cardíaco a pressão arterial e o aporte de oxigênio dependem do volume sanguíneo. Quando consegue se expandir o volume sanguíneo, esses parâmetros retornam ao normal (BICHARD & SHERDING, 2008).
TRATAMENTO
Deve se fazer exames complementares como hemograma, gasometria, funções bioquímicas (principalmente renal e hepática) em cima delas intitular tratamento suportivo (BICHARD & SHERDING, 2008).
LIQUIDOS: a restauração de um volume sanguíneo circulante efetivo é prioridade máxima, sendo a fluidoterapia essencial (SILVA, 2017), em geral utiliza-se combinações de cristalóides e coloides a fim de se restaurar o volume vascular, pressão coloidoncótica. A hemoterapia é necessário em muitos casos por que ocorre diminuição de hematócrito e proteínas, após gasometria fazer correções através de fluidos de eletrólitos perdidos (MACINTIRE, 2007).
MELHORA NO APORTE DE OXIGÊNIO: na grande maioria dos casos com reposição do volume se consegue manter o aporte de oxigênio, porém a oxigenoterapia no momento agudo do choque se faz necessário, administração de oxigênio a 100% se faz necessário, em muitos casos a hemodiluição ou a anemia existente, limitam esse aporte fazendo necessário o uso de hemoterapia para repor hemácias e elevar hematócrito (papa de hemacias) (NELSON & COUTO, 2006).
Drogas vasoativas: ionotrópicos positivos são necessários quando não se obtem respostas com a restauração dos líquidos, mantendo assim a função miocárdica, o tônus motor e a perfusão tecidual, sendo a dobutamina,a epinefrina e a dopamina as drogas de escolha (MACINTIRE, 2007).
Antiprostaglandinas: durante a fase aguda do choque ocorre liberação de prostaglandinas, fazendo jus a utilização deste tipo de drogas (NELSON & COUTO, 2006).
Correção dos distúrbios acido-base e eletrolíticos: tratar a acidose metabólica que ocorre frequentemente em casos de choque, por meio de terapia de fluidos de reposição, após a correta analise gasometria (BICHARD & SHERDING, 2008).
Suplementos: deve-se após quadro agudo do cheque estabelecido, suplementar os minerais a fim de se obter reestabelecimento da fisiologia do animal (NELSON & COUTO, 2006).
Deve-se tratar de forma suportiva onde deve manter atentos para prevenção de insuficiência renal, coagulação intravascular disseminada (CID), prevenção de problemas gástricos (Ulceração e desprendimento de mucosa gastrica), prevenção da Sindrome da dificuldade respiratória aguda (SDRA) (MACINTIRE, 2007)..
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A monitorização se faz necessária a fim de se reestabelecer as alterações orgânicas do paciente provocadas pela muti-consequencias causadas pelo choque, lembrar que ele possui caráter agudo e deve ser tratada de forma rápida e precisa, neste sentido o controle de todos parâmetros do paciente se faz necessário para que intitule a melhor terapêutica possuivel, lembrando sempre que a necessidade de se dar volume aos vasos é fator chave para o sucesso do tratamento, dificultado pela escassez de unidades de terapia intensiva na medicina veterinária.
REFERÊNCIAS
BIRCHARD, S.J.; SHERDING, R.G. Manual Saunders - Clinica de Pequenos Animais. 3ed. São Paulo:Roca, 2008. 2072p.
FELDMAN, E.C.; NELSON, R.W. Diabetic ketoacidosis. In: Canine and feline endocrinology and reproduction. 2.ed. Philadelphia: Saunders, 1996. p.392- 421.
MACINTIRE, D.K; DROBATZ, K.J.; HASKINS, S.C.; SAXON, W.D. Emergência e cuidados intensivos em pequenos animais. 1ed. São Paulo:Manole, 2007. 550p.
NELSON, R.W.; COUTO, C.G. Medicina interna de pequenos animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p.701-743.
SILVA, L.B. Cetoacidose diabética canina. São Paulo, 2017. Disponível em: www.webartigos.com/artigos/cetoacidose-diabetica-canina/155499. Acesso em 02 Mar. 2018