Introdução: “As tecnologias ampliam as possibilidades de pesquisa online. De trazer materiais importantes e atualizados para o grupo, de comunicar-nos com outros professores, alunos e pessoas interessantes, de ser coautores, “remixadores” de conteúdos e de difundir nossos projetos e atividades, individuais, grupais e institucionais muito além das fronteiras físicas do prédio.” 1 A Educação é um ramo complexo e devemos entendê-la como algo que precisa de estudo e conhecimento humano. Atualmente temos as tecnologias como uma ferramenta a mais para trabalharmos nesta área. Ela nos possibilita uma flexibilização maior e um cuidado com nossos alunos nativos digitais de modo que possam agregar seus conhecimentos e ter criticidade também nos seus diversos letramentos digitais conforme estudamos no texto de Gavin Dudeney2 , principalmente sobre o letramento em informação onde o autor afirma que é “um dos mais essenciais, pois é uma habilidade de avaliar documentos e artefatos fazendo perguntas críticas, observando a credibilidade e comparando fontes e origens da informação”, fato que nossos alunos necessitam demais. Na diversificada sociedade em que vivemos precisamos estar preocupados com as mudanças que estão ocorrendo com nossos jovens. É cada vez mais difícil entre eles aceitar o diferente, aquilo que não se encaixa nos padrões ditos “normais”. Nesse sentido começam a rejeitar determinados sujeitos que não se adéquam ao meio social em que estão inseridos, e este fato gera um desconforto ou algo mais violento, vindo de um grupo ou individualmente, podemos citar como exemplo as recentes violências sofridas questões de cor da pele, gênero, obesidade ou pessoas com deficiência visual que necessitem de óculos para correção etc. E a internet com seus vastos campos aparece inúmeras vezes como fonte principal de alguns desses preconceitos e modos de intolerância radicais. Como educadores precisamos estar atentos e perceber que é notório que cada vez mais a presença da violência nas escolas vem se acentuando. Seja efetivamente ou de maneira simbólica o bullying e seu subsequente ciberbullying sofridos por algumas crianças durante as séries terminais do Ensino Fundamental pode trazer sérias consequências psicológicas para o desenvolvimento das vítimas de tais atos. A escolha do tema para este ensaio partiu de uma das leituras que fizemos no semestre do livro de Dilton Maynard chamado “Escritos sobre História e internet”, mas especificamente o terceiro capítulo que se intitula “Redes de intolerância: Extremadireita, tempo presente e internet (1996-2007)”. Sabemos que o assunto em si relacionase mais com a História do que com temas da educação como é este ensaio, mas associando a problemas que tenho na minha escola sobre este tema comecei a me perguntar como a internet colabora para atos de violência e extremismos e o quanto meus alunos estão imersos nesta rede e reproduzem tais atos sem a consciência devida. Achei então, por bem, relacionar um pouco o uso da internet, essa rede tão complexa que aprendi a respeitar mais como ferramenta de ensino durante este semestre, e a realidade vivenciada na minha escola quanto a este assunto tão real chamado bullying e ciberbullying. Gostaria de ressaltar que não podemos generalizar todos os atos de vitimização das crianças e adolescentes como bullying e para sabermos a diferenciação deste termo faz-se necessário o estudo aprofundado sobre cada caso de violência em particular, pois existem características específicas para tal conceituação. Ainda é difícil nas escolas reconhecermos que tais práticas existem, mas o professor juntamente com a equipe escolar pode e deve identificar tais agressores e assim tomar providências para que esses atos possam ser prevenidos e as vítimas se sintam seguras em frequentar a escola e assumir sua identidade independente da opinião alheia. A obrigação dos profissionais, que somos nós, enquanto membros da comunidade escolar, é auxiliar e amenizar os acontecimentos a fim de que ambas as partes envolvidas nestes processos de violência sintam-se agraciadas com o cuidado e trazendo ao conhecimento dos coordenadores e demais professores fatos que acontecem nos espaços escolares como o caso que tenho na minha escola com a turma de 8º ano da tarde que faz vários colegas chorarem durante seus atos físicos e pela internet. Essa socialização é para tentar contribuir para uma prática pedagógica mais adequada com relação ao tratamento do assunto em questão. Não podemos acreditar, tendo em vista os diversos casos recentes, que esta problemática é superada após a adolescência e é de fundamental importância que a escola atue de forma a coibir estes processos e ajude numa formação psicológica adequada para as vítimas. Pois segundo Buckley: O bullying é um flagelo escolar que a maioria das pessoas presume que termina ao mesmo tempo que, o vício do vídeo-game, do acne e da adolescência. No entanto, uma pesquisa recente feita pelo psicólogo Noreen Tehrani encontrou, nos dados de sua amostra retirada do Serviço Nacional de Saúde (NHS) dos EUA, que 40% dos indivíduos tinha sofrido bullying e que mais de 60% do staff das empresas tinha presenciado bullying no local de trabalho.” (BUCKLEY, 2002) Se não houver um posicionamento claro acerca deste assunto por parte dos professores de todas as áreas e coordenadores das escolas correremos o risco de sermos acusados no futuro de sérias consequências psíquicas ocasionadas ainda quando nossos alunos estavam sob nossos cuidados e isto com certeza é um peso que não queremos carregar. Ressaltamos ainda que o ciberbullying é uma categoria de bullying que atualmente está difundindo-se através do desenvolvimento da tecnologia entre os jovens. Eles utilizam os espaços da internet para denegrir a imagem de colegas de maneira rápida e eficaz, pois sabemos que atingem muitas pessoas de uma vez apenas com uma foto modificada ou um vídeo postado. Isto também é problema da escola, pois na maioria das vezes algo que começou pequeno neste espaço tornou-se impossível de lidar com as redes sociais ajudando os chamados “bullies” (que é o termo adequado a estas pessoas que praticam atos de bullying). Sabendo destas dificuldades podemos entender como visto no texto de Lucchesi e Costa3 que “o desejável letramento crítico digital que se define pela busca da compreensão da experiência social inscrita na cultura digital” se faz necessário, pois através desse letramento que podemos ajudar nossos alunos e podemos colaborar para que estas práticas de uso e abuso da tecnologia sejam discutidas na escola e na sala de aula. Temos como profissionais da Educação o dever de usar a tecnologia de maneira crítica com nossos alunos, de modo a mostrá-los que a tecnologia não é neutra como nos alerta a autora Marcella Costa na sua dissertação “Currículo, história e tecnologia” quando nos fala sobre a formação de um web currículo, a tentativa de união desses dois termos tem que fazer o profissional entender que a tecnologia não é salvadora do mundo ou a solução de todos os males da Educação, mas que devemos está atentos a ela para que possamos utilizá-la da melhor maneira para os nossos alunos e neste caso fazê-los compreender as relações de poder que estão unidos à tecnologia, principalmente das “redes de intolerância” usando o termo de Maynard. Um outro texto nos chamou atenção, pois quando relata um projeto numa escola da favela de Heliópolis o autor Paulo Blikstein retrata a realidade desse projeto que faz uso da tecnologia para chegar mais próximo dos alunos e através deles proporcionar interesse e cuidado. Isto é o que queremos alcançar em qualquer escola e na vida. Que seus alunos compreendam a sua tarefa árdua de ensiná-los não só para aquele momento, mas para a vida. Refletindo acerca deste texto acredito que o uso da tecnologia que neste caso aproximou também pode ser motivo de separação e violência para as pessoas e temos que alertar para que a criticidade e o letramento de informação sejam sempre os mestres no trato com a tecnologia no que diz respeito ao nosso tema e esse é o nosso objetivo com este exposto. Frente ao que relatamos consideramos importante o estudo e o aprofundamento do tema em questão para um maior entendimento do assunto por parte dos integrantes da escola e a ajuda no sentido de combater tais atos violentos no ambiente escolar preservando assim a integridade física e psicológica dos nossos alunos sempre que possível. [...]