Como nos ensinou o Mestre Jesus, "Seja o nosso falar: sim, sim, não, não".

Interessante, porque me deparo com estudos que indicam que as pequenas mentiras são efetivamente necessárias para a manutenção da harmonia no relacionamento social. Fico então, sinceramente, a pensar: Seria um dos motivos do porque Jesus foi crucificado?

Diz o dito popular: "Prefiro perder o amigo, mas não perco a piada." Adaptando para o assunto em discussão, talvez a expressão fosse "Prefiro perder o amigo, mas não perco a sinceridade.".

O Mestre também nos ensinou que não deveríamos nos dirigir às pessoas de forma agressiva, mal educada, "troglodita", mas que deveríamos sempre nos expressar de uma forma verdadeira. A afabilidade e a doçura, a simplicidade, a cordialidade, o bom trato, saber ouvir etc., são sempre recomendáveis em qualquer relacionamento humano. Kardec foi discípulo de Pestalozzi, que tinha como base educacional três palavras: trabalho, solidariedade e perseverança. Kardec simplesmente adaptou-a, substituindo perseverança por tolerância.

Como também, nos ensinou o Mestre: "Que vos adianta salvar o mundo e perder-se a si mesmo!". Enganam-se, portanto, as pessoas que pensam que estamos na Casa Espírita para salvar o mundo. Talvez possamos ajudar as pessoas, com muito trabalho, solidariedade e tolerância, para que encontrem o seu próprio caminho.

Mas será que somos realmente solidários e tolerantes? Como "trabalhamos" na Casa Espírita? Vivemos a época da "Qualidade". No meio empresarial, o ser humano está sendo exigido cada dia mais a qualificar-se para desempenhar bem as suas funções. Não necessariamente, o mesmo ocorre na Casa Espírita, onde, por vezes, desempenhamos algumas funções e assumimos certas responsabilidades, para as quais não estamos adequadamente qualificados. Quando se discute o tema na Casa Espírita, não é incomum, sermos desqualificados por adotar um discurso Elitista, esquecendo-se os mesmos que qualificar significa "simplesmente", fornecer os recursos necessários para que a pessoa possa desempenhar as suas funções de maneira correta, sem amadorismos....

Somos realmente tolerantes na Casa Espírita? A Casa Espírita não é o lugar para comentários maldosos, fofocas de corredor, conflitos pessoais, picuinhas. Não é local para discutirmos as nossas diferenças de opinião. É local para esquecermos as nossas diferenças e trabalharmos nas nossas semelhanças, buscando as nossas identidades e realizando o máximo esforço para sermos cada vez melhores. Se entre aqueles com os quais compartilhamos idéias, que deveriam ser semelhantes as nossas, temos dificuldades de relacionamento, como podermos nos relacionar com a sociedade que não necessariamente nos aceita? Com os que nos hostilizam? Com os que nos perseguem?

E as desqualificações que cometemos? Mas o que é "desqualificar"? É desrespeitar. É impedir a outra pessoa de existir. Conceitualmente J. Schiff classificou em: a) Desqualificação da existência do problema; b) Desqualificação do significado do problema; c) Desqualificação da solução do problema; e d) Desqualificação da própria capacidade de resolver o problema.

São exemplos cotidianos:

. Uma pessoa fala e os demais conversam entre si;

. Alguém pergunta e o outro não responde;

. Alguém pergunta e o outro responde outra coisa;

. Alguém pergunta e o outro responde com uma pergunta inadequada;

. Alguém pergunta e o outro responde com generalizações;

. Alguém pergunta e responde um terceiro desqualificando a 2ª pessoa;

. Alguém pergunta e o outro fala de um terceiro;

. Uma pessoa cumprimenta e a outra responde automaticamente sem olhar;

. Uma pessoa pergunta e a outra responde aparentemente, mas expressa sinais contraditórios no que diz;

A desqualificação só é positiva quando usada tecnicamente. Desqualifica-se para cortar um jogo, uma armadilha, uma transação.

Enquanto a postura positiva e pró-ativa é "Pró-Vida", a desqualificação é "Anti-Vida".

As bases do pensamento de Allan Kardec (trabalho, solidariedade e a tolerância) nos lembram que devemos ser realmente irmãos. A Casa Espírita deve ser em sua essência a ampliação da nossa família carnal. A Casa Espírita é o lugar onde devemos praticar em sua essência a fé, a esperança e a caridade.