Ana Paula Konrad

INTRODUÇÃO

Para compreendermos o processo de criação e desenvolvimento das cidades de Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Sorriso e Sinop, situadas no médio norte mato-grossense, ao longo da BR163, devemos partir do principio que é a colonização do Brasil e principalmente a expansão da fronteira agrícola.

A colonização no Brasil tem se constituído, historicamente, na alternativa escolhida pela classe dominante do país para evitar, simultaneamente, a necessária reforma estrutural do campo e suprir-se de força de trabalho para seus projetos na fronteira (OLIVEIRA, 1986).

A abertura das novas frentes de ocupação na região central do Brasil com a lógica do desenvolvimento capitalista veio através dos projetos de colonização oficial e particular, ou mesmo simplesmente através da ocupação por posseiros.

No fim da década de 50 o governo brasileiro adotou estratégias que expandissem a fronteira econômica do país. Com a mudança da capital federal iniciou-se a construção de rodovias em direção ao Centro-Oeste e Norte do Brasil, regiões consideradas como alternativa para o avanço do capital e crescimento econômico.

Nessa perspectiva, a modernização da agricultura e avanço contínuo da fronteira agrícola em direção ao Centro-Oeste e a Amazônia, deu-se através de incentivos fiscais, subsídios no campo de insumos, equipamentos e garantia á propriedade fundiária. Tais planos de desenvolvimento atraíram os empresários e investidores do centro sul do país.

Criaram-se assim várias medidas para acelerar a ocupação da região Centro-Oeste, como a criação da SUDAM e SUDECO. Abriram-se estradas para dar suporte aos pioneiros como a BR 364 que liga Cuiabá a Porto Velho e a BR 163 Cuiabá a Santarém, BR 070 Cuiabá a Brasília.

Na década de 70 novas políticas foram implantadas visando aumentar a produção agrícola para exportação tais como: Proterra, Prodoeste, Prodepan, Poloamazonia, Polocentro e Proálcool. O Estado de Mato Grosso ocupou posição privilegiada nesse processo, pois foi contemplado com recursos de todos esses programas governamentais. Por isso, constitui em área preferencial para a implantação de projetos de colonização privada do país. Calcula-se que mais de 90% dos projetos particulares de colonização estão no Estado (OLIVEIRA, 1986).

No final da década de 80, Mato Grosso tornou-se um dos mais destacados territórios da fronteira agropecuária nacional apresentando uma das mais altas taxas de crescimento populacional do país, acelerado processo de urbanização e expansão do setor agropecuário, o que efetivou a sua inserção na economia nacional e global.

Assim nessa perspectiva os objetivos desse trabalho contemplam analisar a consolidação da rede urbana regional dessas cidades frente às novas dinâmicas econômicas, sociais, espaciais discutindo as formas de organização do processo produtivo e de estruturação do espaço urbano-regional.

Para tanto a elaboração deste trabalho deu-se com a organização de uma viagem de estudos nas cidades da região médio-norte mato-grossense situada às margens da BR-163, Nova Mutum (2), Lucas do Rio Verde (5), Sorriso (4) e Sinop (3). (Figura 01). A coleta de dados foi obtida através de visitas, entrevistas e conversas informais nas prefeituras, órgãos públicos, empresas privadas e com a comunidade e observação das cidades, foi realizada também uma revisão conceitual para a fundamentação teórica sobre as temáticas abordadas com autores que estudam a região nesse contexto. Pois o alcance da relação entre teoria e prática na geografia tem nas aulas de campo a sua expressão inicial na formação profissional. A visualização das estruturas e dos fluxos visíveis permitem ao educando, desde o ensino fundamental até a pós-graduação, perceber a ação dos agentes produtores do espaço geográfico nas distintas dimensões do cotidiano e nas diferentes escalas espaciais e de analise com as quais a geografia se ocupa enquanto ciência.