ALGUMAS IDEIAS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE INDISCIPLINA ESCOLAR

Por Márcio Issler | 13/09/2017 | Educação

ALGUMAS IDEIAS SOBRE AS MANIFESTAÇÕES DE INDISCIPLINA ESCOLAR

Márcio Issler

Resumo

 A indisciplina escolar é considerada um dos grandes desafios dos educadores, apresentando inúmeras causas e manifestações. Utilizando da pesquisa bibliográfica verificamos como diversos teóricos abordam esse assunto, os quais identificam causas externas e internas à escola. As manifestações aparecem como protesto do aluno, obstrução ao trabalho do professor ou intenção de escapar do trabalho escolar. Por apresentar inúmeras causas e manifestações, a indisciplina escolar deve ser avaliada através da verificação de todo ambiente que este aluno se encontra. Assim, boa educação familiar aliada à escola com bons profissionais, é um bom começo para aliviar os atos de indisciplina na escola.

Palavras – chave

Manifestações de indisciplina, educação, indisciplina, tipos de indisciplina.

Introdução

A indisciplina é considerada um dos desafios dos educadores em todo o mundo. No entanto, ela não se manifesta de apenas um modo e nem apenas um tipo. Por isso este texto tem por objetivo apresentar alguns tipos e manifestações da indisciplina escolar, procurando responder ao problema: quais os tipos e como ela se manifesta? Par tanto a metodologia utilizada é de cunho bibliográfico tendo como aporte teórico Vasconcellos, Estrela, Garcia, Aquino e entre outros.

Segundo pesquisas realizadas por VASCONCELLOS (1997), os professores que atuam em sala de aula acreditam que as causas para as manifestações de indisciplina são inúmeras, tais como: falta de interesse dos alunos, crianças mais “espertas”, família não colabora, muita “regalia” para os alunos, enquanto o professor é “esfolado” na sala de aula, desinteresse pelo estudo, com afirmações como “vou ser jogador de futebol, não preciso estudar e vou ganhar muito mais”, não fazer lições, querer sair a todo o momento da sala de aula, ficar conversando fora do assunto, agredir o colega ou professor e assim por diante.

Já GARCIA (1999) afirma que existem duas causas de indisciplina, sendo a primeira externa à escola, causada pela influência da violência social, ambiente familiar e os meios de comunicação; e a segunda interna, encontrada no interior das escolas, que são os modos de relacionamento humano, as condições de ensino - aprendizagem, o ambiente escolar e a capacidade de se adaptar aos esquemas da escola.

Mas, como mencionado acima, um dos fatores das causas de indisciplina é o ambiente familiar, e é o que tem maior relevância nas causas externas.

Com isso TREVISOL e LOPES (2008) trazem que devido o laço familiar ser cheio de afetividade, dificulta muitas vezes que os pais percebam de forma ampla que o filho possa ter comportamento indisciplinado, como a falta de respeito para com o professor. E que manifestações de agressividade, “birra” muitas vezes surgem do ambiente familiar, o que pode intensificar o aparecimento de indisciplina no aluno, e nesse sentido ocorre quando os pais tem dificuldade em estabelecer limites aos filhos, transmitir valores, ocasionando dessa forma, comportamento indisciplinado no filho perante a escola.

 LA TAILLE (2002 apud TREVISOL e LOPES, 2008, p.7) considera:

 

Se observarmos crianças em que os pais não impõem nenhum tipo de limite identificaremos crianças que são, geralmente, rejeitadas pelos colegas, pois não conseguem respeitar ninguém. Para que a criança saiba aceitar e respeitar os limites apresentados pelos professores, colegas ou amigos com que convive é preciso que ela tenha aprendido este tipo de comportamento, desde os primeiros dias de sua vida, em sua família. A permissividade exagerada enquanto a criança é pequena, dificulta mais tarde, a retirada dessas concessões.

 

No entanto, as causas internas tem o papel dos alunos, dos professores e do ambiente escolar como agentes da indisciplina. Como relata TREVISOL e LOPES (2008), os alunos contribuem com isso agindo com brigas com colegas de sala, bagunçando, desobedecendo, não fazendo tarefas escolares, atrapalhando a aula do professor e respondendo com grosseria. Os professores muitas vezes por estarem desmotivados. E o ambiente escolar por suas regras impostas e não compreendidas corretamente, gerando assim indisciplina.

Então se resulta do comportamento do aluno dentro e fora da sala de aula, do cuidado que tem com o ambiente escolar, das atividades pedagógicas realizadas e da relação com as outras pessoas que ele convive no âmbito escolar.

Segundo ESTRELA (apud PARRAT-DAYAN, 2008, p.27) os atos de indisciplina podem ser divididos em três grupos:

  1. Intenção de escapar do trabalho escolar (desinteresse, trabalho é considerado cansativo): aluno encontra-se desmotivado seja pelo conteúdo transmitido em aula de forma pouco interessante, ou pela desmotivação do próprio professor, o qual não consegue deixar claro qual é o papel do aluno e qual é seu próprio papel, como relata AQUINO:

 

A indisciplina parece ser uma resposta clara ao abandono ou à habilidade das funções docentes em sala de aula, porque é só a partir do seu papel evidenciado concretamente na ação em sala de aula que os alunos podem ter clareza quanto ao seu próprio papel, complementar ao do professor (AQUINO, 1998, p.8).

 

  1. Obstrução (impedir parcial ou totalmente o trabalho do professor): é quando o aluno atrapalha o professor na sala de aula fazendo bagunça, falando alto, jogando papel de um lado para o outro, praticando agressão física para com os colegas, falando palavrões, desobedecendo ao professor, atendendo celular durante a aula, não fazendo as tarefas nem na sala de aula nem em casa. VASCONCELLOS (2000 apud TREVISOL e LOPES, 2008, p.5) afirma isso dizendo:

 

O aluno que não está integrado ao processo ensino-aprendizagem passa a apresentar comportamentos que causam preocupação à escola, são manifestações que surgem na forma de agitação ou, contrário a ela, comportamentos de apatia descomprometimento. Manifestações pacíficas, quase estáticas, do silêncio e alienação às regras impostas.

 

  1. Protesto (quer denunciar algo implícito). Entende - se como protesto do aluno quando o mesmo não está satisfeito, seja em relação a um determinado professor, à forma com que o conteúdo de uma determinada disciplina é transmitido, ou até mesmo com o comportamento dos colegas de sala de aula. Consequentemente, o aluno não se comporta adequadamente em sala de aula como forma de protestar às ações acima apresentadas.

A indisciplina é um dos grandes desafios das escolas, dentro do que já foi visto até agora, e este tema é muito amplo, pois pode estar ligado interna e externamente ao ambiente escolar. De acordo com os teóricos, a indisciplina está relacionada tanto ao aluno quanto ao professor, assim como existe no ambiente familiar, sendo este último o que mais contribui com a indisciplina, por causa do laço de afetividade familiar, dificultando uma visão ampla do comportamento indisciplinado do filho.

Conforme os teóricos, o que se pode dizer e pensar a principio é que não devemos julgar o comportamento dos alunos, sem antes primeiro verificarmos a realidade da escola, da família, a questão psicológica e social.

Sendo assim, boa educação vinda da família, aliado a uma escola com bons profissionais bem preparados e motivados, na área da educação, é um bom começo para aliviar os atos de indisciplina na escola.

REFERÊNCIAS

AQUINO, J. G. A Indisciplina e a Escola Atual.  Rev. Fac. Educ. Vol.24 n.2 São Paulo July/Dec.1998. 14 p. Disponível em: . Acesso em: set. de 2012.

GARCIA. J. Indisciplina na escola – uma reflexão sobre a dimensão preventiva. Curitiba, n.95, jan/abr.1999, p.101-108.

PARRAT-DAYAN, S. Como enfrentar a indisciplina na escola. SP: Editora Contexto, 2008.

TREVISOL, M. T. C.; LOPES, A. R. L. V.. Ibero-Americano sobre Violências nas Escolas-CIAVE, 2008, Curitiba - PR. Anais do VIII Congresso Nacional de Educação da PUCPR-Educere e III Congresso Ibero-Americano sobre Violências nas Escolas-CIAVE. Curitiba-PR: Editora Champagnat, 2008. p. 22-24.

VASCONCELLOS, C. S. Os desafios da indisciplina em sala de aula e na escola. São Paulo: FDE, 1997.

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