João Batista de Carvalho Cerqueira[1]

 Carina Martins da Silva Marinho[2]

RESUMO

A parada cardiorrespiratória é a ausência de atividade mecânica cardíaca, da respiração e do pulso. As conseqüênciasfisiológicas são causadas pela instabilidade elétrica do miocárdio, dos fatores agudos ou transitórios que atuam sobre a propagação do impulso elétrico, sobre os radicais livres, as arritmias de reperfusão e as anormalidades estruturais cardíacas, que podem interferir na homeostase do sistema excito-condutor e culminar em arritmias malignas com fibrilação ventricular, taquicardia ventricular, assistolia e atividade elétrica sem pulso, às quais caracterizam os ritmos de PCR, podendo ser reversíveis ou levar à morte súbita cardíaca. Esta pesquisa do tipo bibliográfica, de caráter qualitativo, foi feito através das bases de dados Bireme, Mediline, Lilacs e Scielo, manuais e livros. Para a busca, utilizou-se as seguintes palavras-chave: Enfermagem em emergência. O papel do profissional de Enfermagem e Ressuscitação cardiopulmonar.  Cuidados de enfermagem. Diagnósticos de enfermagem. Tem-se como resultado que o tratamento inicia-se com a avaliação primária e secundária, a qual constitui um conjunto de manobras sequenciais conhecidas como reanimação cardiopulmonar (RCP), com o uso de desfibrilador e drogas, dentre outras condutas. Estas devem ser iniciadas o mais rápido possível pela equipe multidisciplinar, com o objetivo temporário de manter artificialmente a circulação de sangue arterial ao cérebro e outros órgãos vitais, até o retorno da circulação espontânea. As possibilidades de assistência de enfermagem nesses casos diz respeito à necessidade de que os profissionais sejam competentes, desenvolvam conhecimento na área, com habilidade motora e atitude para julgamentos e tomadas de decisões rápidas. Assim, conlcui-se que a partir disto desenrola-se uma seqüência de etapas que constituem o processo assistencial, sendo isto fundamentada na legislação brasileira e na sistematização de assistência de enfermagem.

Palavras-Chave:Enfermagem em emergência. O papel do profissional de Enfermagem e Ressuscitação cardiopulmonar.  Cuidados de enfermagem. Diagnósticos de enfermagem.

1 INTRODUÇÃO

A paradacardiorespiratória (PCR) pode ser definida como ausência dos movimentos respiratórios e dos batimentos cardíacos, resultando em inadequado aporte de sangue oxigenado aos órgãos vitais. No Brasil, em 2005, aproximadamente 250.000 pessoas foram a óbitodevido à PCR decorrente de complicações de doenças cardíacas. Segundo estudos, essa será a principal causa de morte e incapacitação no país até 2012(GOMES, 2008;CALIL,PARANHOS, 2007).

Quiliciet al (2009), afirma que fisiopatologicamente a PCR ocorre pela: instabilidade elétrica do miocárdio, pelos radicais livres, pelas arritmias de reperfusão e pelas anormalidades estruturais cardíacas, que podem interferir na homeostase do sistema excito-condutor e culminar em arritmias malignas com FV, TV, assistolia e AESP, as quais caracterizam os ritmos de PCR, podendo ser reversíveis ou levar à morte, sendo estas alterações fisiológicas em todos os órgãos reflexo da depleção de oxigênio e nutrientes com o acúmulo de produtos metabólicos finais.

No parecer de Aerhlet (2007), as causas de parada cardiorespiratória são variadas, podendo ser resultantes de doenças cardiovasculares, traumas, eletrocussão,intoxicações, transtornos metabólicos, obstrução das vias aéreas por corpos estranhos, afogamento, asfixia mecânica por constrição do pescoço, intoxicação,overdose de drogas, soterramento, eletrocussão, traumatismos, acidentes vascular encefálico, gravidez, etc.

Os sinais e sintomas de PCR caracterizam-se inicialmente por dor torácica, palpitações, dispneia e cansaço aos mínimos esforços, hipotensão, visão turva, seguida da cessação da: respiração, contração cardíaca, pulso e consciência, consequentemente inconsciência, cianose e midríase.  Existindo cinco tipos de PCR, sendo eles: 1-assistolia, 2-fibrilação ventricular (FV) e 3-dissociação eletromecânica, 4-taquicardia ventricular (TV) e 5-Atividade elétrica sem pulso (AESP) . Sendo as complicações da RCP: fraturasde costela eesterno, separação condrocostal, pneumotórax, hemotórax, contusão pulmonar, laceração de fígado e embolia gordurosa por fratura de esterno, pacientes com próteses valvares pode lacerar o miocárdio,hemopericárdio, hemotórax, ruptura de miocárdio, ruptura de válvula aórtica, ruptura de baço, dano miocárdico e as queimaduras, traumas graves, quebra de dentes, laceração de lábios e língua; laceração e perfuração da mucosa traqueal faríngea e lesar cordas vocais, lesão da coluna cervical, vômitos, laringoespasmo, etc. (JUNIOR, 1990; QUILICIet al, 2009).

Para o atendimento da vítima em PCR, é necessária a sistematização da ressuscitação, seguindo as diretrizes da American Heart Association (AHA) sobre reanimação cardiopulmonar (RCP), divididas em avaliação primária e avaliação secundária.  Sendo a conduta: ativar cadeia de sobrevida; serviço médico de emergência (SME) solicitando material; avaliarresponsividade; Ver, ouvir e sentir (VOS), excluída conforme AHA 2010. Manobras de CHIN-LIFT; MACINTOSH; JOW-TROUST; HEIMLICH; NIELSEN (cruz vermelha); Em caso de parada respiratório realizar respiração com 10 ou 12 ventilações por minuto; em caso PCR iniciar RCP com 2 ventilações para 100 compressões por minuto; ou 2 ventilações para 30 compressões (5 ciclos), sendo que atualmente as diretrizes da AHA 2010 recomenda começar primeiramente as massagens cardíacas com 30 compressões seguidas de 2 ventilação artificial; nas medidas de primeiros socorros deve-se iniciar o ABCD da reanimação cardiopulmonar (RCP): A = Airway, abrir vias aéreas; B = Breathing, respiração; C = Circulation, circulação; e D = Desfibrilação usar desfibrilador (DEA), porém, conforme AHA 2010 foi alterada para C-A-B(CALIL, PARANHOS,2007; GOMES, 2008; ALVES-GALVÃO, 2007; TIMERMAN, GONZALEZ, QUILICI, 2010).

As Possibilidades de atuação da enfermagem frente ao paciente que apresentou parada cardiorespiratória (PCR), se dá através de um processo assistencial de enfermagem, desta forma, a enfermagem, assim como a maioria das profissões, desempenha as suas atividades respaldada em uma lei específica, portanto, citarei a mais importante delas, que é a Lei 7498 / 86:que Regulamenta o  exercício profissional de enfermagem; e que a de 25/6/1996; regulamenta como incumbência privativa do enfermeiro os cuidados diretos de enfermagem a pacientes graves com risco de morte que exijam maior complexidade técnica, conhecimentos científicos adequados e capacidade de tomar decisões imediatas (FIGUEIREDO, 2008; CALIL, PARANHOS, 2007).

Através daSistematização da assistência de Enfermagem (SAE), Resolução Cofen n.: 272/ 2002, foiincubido a implantação, o planejamento, a organização, a execução e a avaliação do processo de enfermagem; compreendendo as seguintes etapas: consulta de enfermagem; histórico; exame físico; diagnóstico de enfermagem; prescrição de enfermagem e evolução de enfermagem, que deverão ser registradas formalmente no prontuário do paciente (CALIL, PARANHOS, 2007).

            Prosseguindo, desta forma Cintraet al (2005), recomenda treinamento de pessoal através da reciclagemda equipe na execução das manobras do suporte básico de vida (SBV), em ter conhecimento do conteúdo no carro de emergência que deve ser revisado no início de cada plantão e completado após cada uso, e manuseio do equipamento, etc.

            No parecer de Calile Paranhos (2007), em todas as etapas, avaliação e diagnóstico, planejamento da assistência, tratamento e alta ou transferência, a equipe multiprofissional estará envolvida.          A avaliação do processo assistencialde avaliação e planejamento deve seguir um padrão definido conhecido por todos, documentado em prontuário de forma que as informações da equipe sejam complementares e claras e este método requer a existência de bons registros, e enfermeiros capacitados através da educação continuada para a aplicação dos mesmos.Utilizando-se de formulário, aqueles do tipo “CHECK LIST” porindicarem o percurso a ser seguido o qual facilita o trabalho em equipe. E através do uso de Protocolos, que permite o planejamento eas condutas de avaliação em um percurso céfalo-caudal.

Em acordo com Lynn (2012), na documentação de enfermagem, deve-se registrar um resumo dos eventos da PCR no prontuário médico do paciente.Devendo-se avaliarnas Diretrizes de Avaliação de enfermagem: os parâmetros vitais, a reatividade; as vias aéreas; a respirações; a circulação e o pulso. Tendo-se por diagnóstico de enfermagem: Débito Cardíaco Diminuído; Desobstrução ineficaz de vias aéreas; Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz; Risco de aspiração; Troca de Gases prejudicada; Risco de lesão; etc.E que a Implementação de enfermagemcorresponde as suas ações com as suas justificativas. Na Identificação de resultados e planejamento, podem-se incluir: A RCP é realizada com eficácia e sem efeitos adversos para o paciente ?; O paciente se recupera ? ; Foi iniciado o apoio avançado cardíaco à vida ?.

            Calil e Paranhos (2007) afirmam que oProcesso de Diagnóstico de enfermagem, deve determinar as condições de saúde do paciente e avaliar os fatores que influenciam aquelas condições, conduzindo o enfermeiro ao julgamento e ao raciocínio clínico, sendo este compreendido de quatro fases: coleta, interpretação e agrupamento das informações e denominação do agrupamento. Assim como determinar as Intervenções de enfermagem,que são elas: providenciar material para ressuscitação cardiopulmonar com desfibrilador prestar assistência ao médico e ser capaz de substituí-lo; coordenar orientando o desempenho e liderando a dinâmica da sua equipe, porém, é o médico quem lidera toda a terapêutica no atendimento à PCR.

Entre os Diagnóstico da NANDA 2009-2011estão os seguintes: Débito cardíaco diminuído, Troca de gases prejudicada, Medo, etc (MACHADO, 2010).

Para Gomes (2008),a Assistência de enfermagem na sala de atendimento de emergência, constituem o: Recebimento do paciente e, passagem para a mesa de exames; retirada de próteses, aspiração, ventilação com ambu e máscara; punção de veia em membros superiores, com instalação de soro glicosado a 5%, coleta de sangue para exames remoção de roupas; oferta de material para intubação; preparo e administração de drogas; monitorização cardíaca; etc.   E a Assistência de enfermagem na sala de repouso e observação,são representados por: recebimento do paciente com a transferência para o leito, checar tubos, conexões e instalar respirador e monitor cardíaco, checar e observar drogas e fluidos, bomba de infusão, controle de sinais vitais, plano de cuidados. Sendo os Pontos importantes na assistência de enfermagem,são: ser vigilante no controle da atividade cardíaca, drogas, assistência ventilatória, eliminação urinária, equilíbrio ácido-básico, atenção aos efeitos indesejados; controle da temperatura; atenção ás necessidades emocionais do paciente e familiares.

Considerando a necessidade de capacitação dos profissionais para o atendimento de agravos emergenciais na Atenção Primária à Saúde, além da adequação dos ambientes para o atendimento, este trabalho buscou instrumentalizar a equipe de saúde desse nível assistencial para o atendimento de Parada Cardiorrespiratória (PCR).            Ressalta-se que, apesar da relevância da abordagem dessa temática na Atenção Primária à Saúde, observa-se escassez de publicações relativas ao tema na literatura científica (BARBOSA et al, 2009).

No estudo de Zaniniet al (2006), informa que a PCR,  não tem merecido a devida atenção por parte da equipe de saúde e apesar da grande importância do tema, não foram encontrados estudos publicados na literatura até 2005 nas bases de dados, Medline, Lilacs e Bireme que visam corrigir falhas ocorridas durante o procedimento de reanimação, assim como sobre treinamentos para os profissionais de Enfermagem. Finalizando, conclui que os resultados encontrados apontam para a necessidade de uma educação subsidiar, parcialmente, o treinamento em RCP.

Portanto, este projeto justifica-se na possibilidade de unificar o conhecimento bibliográfico num texto monográfico, pois, tendo-se sido documentado os altos índices de óbitos 250.000 em todo oBrasil por parada cardiorespiratória (PCR) e segundo dados do DATASUS óbitos por doenças do aparelho circulatório em toda a Bahia chegando a 15.041, e em Salvador 5.158, torna-se necessário instituir medidas de educação continuada a equipe de enfermagem para estabelecer o conhecimento científico necessário ao processo assistencial da Parada cardiorrespiratória (PCR) relativo a: Quais as possibilidades de atuação de enfermagem frente ao paciente que apresentou PCR ?.Expondo-se por objetivo geral: Descrever as possibilidades de atuação da enfermagem frente ao paciente que apresentou PCR. [...]