A Importância do Desenho no Desenvolvimento Cognitivo e Emocional da Criança

Por alessandra aparecida avelino dos santos custodio | 12/08/2025 | Educação

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A Importância do Desenho no Desenvolvimento Cognitivo e Emocional da Criança

Silvana Domingues de Oliveira

O desenho é uma forma essencial de linguagem utilizada pela criança para expressar-se, principalmente quando ainda não consegue fazê-lo plenamente pela oralidade ou pela escrita. Por meio do desenho, a criança externaliza sentimentos e percepções que muitas vezes não são verbalizados, tornando-se um importante recurso para o seu desenvolvimento integral. Brittain e Lowenfeld (1977, p. 35) destacam que “cada desenho reflete os sentimentos, a capacidade intelectual, o desenvolvimento físico, a acuidade perceptiva, o envolvimento criador, o gosto estético e até a evolução social da criança, como indivíduo”, ressaltando a importância do desenho como subsídio para a aquisição da linguagem escrita.

Leite (1998, p. 131) complementa que “o desenho é um diálogo permanente entre criança e o mundo, uma constante busca de inteligibilidade e comunicabilidade”. Assim, o desenho assume papel central na educação infantil, sendo uma atividade fundamental para o desenvolvimento de habilidades motoras, visuais e cognitivas, além de contribuir para a organização do pensamento e construção das noções espaciais, aspectos essenciais para a alfabetização (Portal da Educação, s.d.).

Por meio do desenho, sentimentos diversos como medo, alegria, curiosidade e tristeza são manifestados, representando a realidade vivida pela criança. Essa expressão pode refletir também condições sociais, personalidade e experiências individuais, o que evidencia a importância do incentivo para que a criança explique sua produção artística e reflita sobre imagens e desenhos prontos. Derdyk (1989, p. 19) afirma que a criança, ao desenhar, cantar, dançar ou teatralizar, percorre uma extensa jornada pelo imaginário, sendo o desenho uma manifestação da inteligência que a ajuda a formular hipóteses e compreender o mundo ao seu redor.

Além disso, o desenho atua como uma forma terapêutica, promovendo benefícios emocionais e cognitivos. Segundo Derdyk (1989, p. 54), “o desenho funciona como uma terapia para a criança, pois quando ela se envolve com o 

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fazer, afasta toda tristeza, ansiedade, depressão e apatia, contribuindo positivamente para o estado emocional, cognitivo, perceptivo, psicomotor e social”.

Apesar disso, ainda hoje o desenho sofre certo preconceito em ambientes escolares, onde alguns gestores educacionais o consideram atividade secundária, limitando seu uso e desvalorizando o potencial criativo e expressivo dos alunos. Frequentemente, priorizam trabalhos mais padronizados, que valorizam o “belo” estereotipado, e deixam de reconhecer o valor do desenho espontâneo como forma de expressão autêntica da criança. Portanto, o papel do professor de arte e dos educadores é fundamental para a valorização do desenho como recurso pedagógico.

Ao ingressar na escola, é crucial que a criança tenha oportunidades para realizar desenhos espontâneos, com o professor atento e interessado no processo e na explicação da criança sobre sua criação. Muitas escolas já adotam a prática de registrar as falas das crianças sobre seus desenhos, o que possibilita acompanhar seu desenvolvimento e oferece aos responsáveis uma janela para o pensamento infantil.

O ambiente deve oferecer materiais diversos, incluindo elementos naturais (areia, folhas, galhos) e tradicionais (giz de cera, tinta, cola), permitindo a exploração e transformação em objetos criativos. O educador deve incentivar a criança a assumir papel ativo em sua aprendizagem, aprimorando a coordenação motora, estimulando a criatividade, valorizando descobertas e ampliando a autonomia (Moreira, 1997, p. 28).

No contato com diferentes materiais, a criança é provocada a perceber texturas, formas e possibilidades de transformação, exercitando atenção, concentração e imaginação. O desenho, dessa forma, é também uma forma de experimentação sensorial e cognitiva.

Cabe destacar que o conteúdo dos desenhos está diretamente ligado à cultura, hábitos, desejos e condições sociais do meio em que a criança está inserida. Assim, o desenho infantil não representa uma visão absoluta, mas sim uma interpretação pessoal e culturalmente influenciada. Crianças com autoestima elevada tendem a se expressar com mais confiança, aceitam 

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críticas e participam ativamente do grupo, enquanto aquelas com baixa autoestima podem apresentar bloqueios expressivos, afastando-se socialmente.

Vygotsky reforça a importância do papel do mediador no processo, quando afirma que a interação social e a mediação do adulto são essenciais para o desenvolvimento da criança. Segundo Sousa (2003b), apesar de a criança frequentemente não precisar de ajuda direta para desenhar, a presença do professor mediador é fundamental para incentivar, motivar e criar vínculos afetivos que favorecem a aprendizagem.

O desenvolvimento do desenho acompanha o amadurecimento da criança e seu senso de observação, aprimorando o uso das cores, formas e texturas. Souza e Girotto (2010, p. 85) ressaltam a importância desse processo como indicador do desenvolvimento infantil.

Dessa forma, o desenho é uma ferramenta fundamental para o desenvolvimento cognitivo, emocional, social e motor da criança, contribuindo para a formação integral do sujeito e a construção de sua identidade.


 

Referências


 

BRITTAIN, H.; LOWENFELD, V. Creative and Mental Growth. 7. ed. New York: Macmillan, 1977.


 

Derdyk, A. O desenho infantil. São Paulo: Ática, 1989.


 

LEITE, A. B. Educação artística: princípios e práticas. São Paulo: Cortez, 1998.


 

MOREIRA, M. A. O desenvolvimento do desenho infantil. Revista Educação e Cultura, 3(1), 25-30, 1997.


 

PORTAL DA EDUCAÇÃO. Desenho infantil: importância para o desenvolvimento da criança. Disponível em: https://plannetaeducacao.com.br/2025/01/16/a-importancia-do-desenho-infantil-na-aprendizagem-das-criancas Acesso em: 10 ago. 2025.


 

SOUSA, M. A mediação no processo de aprendizagem da criança. Revista Pedagogia, 12(2), 45-52, 2003b.


 

SOUZA, L.; GIROTTO, A. (2010). Desenvolvimento infantil: perspectivas e práticas. São Paulo: Moderna, 2010.

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VYGOTSKY, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 1984.


 

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