A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL

Por alessandra aparecida avelino dos santos custodio | 16/07/2025 | Educação

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A IMPORTÂNCIA DA MEDIAÇÃO DO PROFESSOR NO PROCESSO DE  APRENDIZAGEM DOS ALUNOS NO PRIMEIRO ANO DO ENSINO  FUNDAMENTAL 

OLIVEIRA, Silvana Domingues de¹ 

RESUMO 

O presente trabalho relata o sucesso da parceria entre aluno e professor,  evidenciado pelas trocas realizadas entre os alunos e seus pares mais experientes.  Estimulados a refletir, compartilhar, questionar, comparar e revisar, os estudantes  avançaram significativamente em suas aprendizagens. Os resultados obtidos  permitem concluir que, quando valorizadas e motivadas, as crianças passam a  observar e explorar o ambiente com curiosidade, reconhecendo-se como  participantes ativos e agentes transformadores de sua própria aprendizagem. 

PALAVRAS-CHAVE: Aprendizagem; Mediação; Motivação; Aluno; Reflexão. 1. INTRODUÇÃO 

Este artigo vem analisar a importância do papel do professor mediador no  processo de construção do ensino, contribuindo para que o aluno desenvolva  habilidades e criticidade, sabendo se colocar na sociedade, lutando pelos seus  interesses. 

Mediação do professor foi um processo constante em um trabalho  desenvolvido com o primeiro ano do ensino fundamental, numa escola municipal em  Itirapina-SP no ano de 2015. A principal motivação desse trabalho se deu pelo fato  da não aceitação das hipóteses de escrita das crianças até o final de junho do ano  corrente, e estarem recebendo título de “crianças com dificuldades de  aprendizagem”. Foi inevitável repensar em novos métodos de ensino, de forma que  os atingisse, tornando o conteúdo significativo para as crianças, excluindo a apatia  em relação ao aprendizado que se rondava na atitude delas.

A hipótese de estudo a princípio, era de que as crianças que ali estavam  possuíam algum problema intelectual ou de relacionamento familiar insatisfatório ou  ainda, condições financeiras que influenciavam/bloqueavam o seu aprendizado. 

Embasadas em leituras de teses publicadas na internet, textos e livros  referente ao tema, formação de encontro semanal (fornecido pelas parceiras da  educação semanalmente, o qual possuem parceria com a prefeitura da própria  cidade), ingresso no curso de pós-graduação em Alfabetização e Letramento e  conversas com outros professores mais experientes da própria escola, houve  adequação da prática pedagógica.  

Assim, o que se pode concluir hoje, como sendo essencial para contribuir  com a alfabetização de crianças dessa escola, pois além de transmitir o  conhecimento é necessário que o professor seja um elo entre o aluno e o  conhecimento, escolhendo um método de ensino que faça que este reflita sobre  suas ações, aprendendo além de pensar, rever, criar, discutir, saber lidar com seus  próprios erros, questionar, além de fazer relações. Materiais lúdicos, como jogos de  alfabetização, distribuído pelo MEC, relações entre as palavras, com as palavras estáveis que ficam na sala e atividades de reflexão fizeram parte da rotina dessas  crianças. 

O tempo foi passando e pôde se perceber o avanço das crianças em relação  ao aprendizado e dessa forma, crianças que supostamente apresentavam “algum  problema”, deixaram de carregar esse rótulo. As crianças foram ficando muito felizes  com seus avanços e cada vez mais se interessando pelo novo aprendizado, e outras  crianças de outra classe que também não aprendiam como o esperado, pediram 

para participar desse grupo de reforço que foi formado e também foram avançando  em seu aprendizado. 

Dessa forma, conclui-se que, para fazer um bom trabalho durante o ano  letivo é imprescindível que o professor conheça seus alunos, suas capacidades, sua  cultura, suas individualidades e até mesmo suas dificuldades, que crie um vínculo  com seu educando e busque inovar, conhecer, ousar, que seja adepto a trocas de  conhecimentos e a partilha, pois desta forma será capaz de motivar, fazer  adequações, e sempre refletirá sobre um novo desafio, buscando superá-lo. 

As avaliações ocorreram através da compreensão das escritas das crianças  e suas reflexões a partir delas, possibilitando conhecer as necessidades dos alunos  observados e trabalhos desenvolvidos durante o ano.

Os resultados alcançados foram muito satisfatórios, sedo que somente uma  criança reprovou por motivo de faltas, porém terminou o ano em hipótese de escrita  silábico-alfabético, e dos demais, dois silábicos-alfabéticos e vinte e três alfabéticos. 

2. O ARTIGO CIENTÍFICO 

O artigo científico busca aprofundar em pesquisas bibliográficas embasada  em diversos autores, como: Oyarzabal, Gasparin, Hoffman, Davis e Oliveira, Weisz,  Teberosky, Rivero, Cagliari, Aquino, Cordeiro, entre outros e um relato de caso  ocorrido no Primeiro Ano do ensino fundamental A, na cidade de Itirapina-SP no ano  de 2015. 

3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DIRIGIDA: PRÁTICA DOCENTE X GESTÃO  ESCOLAR 

A gestão escolar consiste em ações que se realizam no cotidiano da  instituição escolar, como: compreensão das variáveis que interferem no processo do  ato de ensinar e aprender; identificação da clientela que possui; esclarecimento do  tipo de cidadão que a instituição deseja formar (autônomo, crítico, líder, reprodutor,  entre outros). 

O (s) Gestor (es) é (são) 0 (s) responsável (is) pelos atos pensados,  vivenciados e ideais cultuados, denominados de planejamento e segundo Cordeiro,  apud Lacombe e Heilborn (2010, pág. 84.) “O planejamento pode ser visto como a  determinação a ser seguida para alcançar um resultado desejado ou como a  determinação consciente de cursos de ação, isto é, dos rumos. ” 

Na gestão, ultrapassa discussões e reflexões, pois precisam gerar tomadas  de decisões, procedimentos didático-pedagógicos e compromisso com a equipe  escolar, fazendo valer o papel da escola, que é preparar os alunos para as  exigências da sociedade. 

Alguns procedimentos didático-pedagógicos são essenciais como práxis  pedagógica, alunos bem formados, fatores extraclasse e intraclasse resolvidos, boa  relação entre professor-aluno. E foi dessa forma, que a diretora da escola fez uma  proposta a duas professoras do primeiro ano: separar os educandos em dois grupos:  os que estavam avançando em seu aprendizado e os que supostamente 

apresentavam dificuldades para progredirem. A professora do 1º A, ficaria com a  turma dos que apresentavam dificuldades e a professora do 1º B, com os que  estavam progredindo, para que dentro de cada realidade, pudessem desenvolver  atividades que estavam mais próximas das realidades dos educandos, fazendo que  ambos os grupos, avançassem em seu aprendizado. 

Assim foi feito, com os mais avançados, a professora passou a trabalhar com  produções de texto e fluência de leitura, e aos menos, trabalharam jogos, enfocando  a reflexão sobre o nosso sistema de escrita, (pois ao brincarem, aprendem e coordenam a visão e audição, desenvolvem noções de equilíbrio, de formas, de  espaço, dentre outras habilidades e desta forma, perceberem o mundo a sua volta e  começarem a agir sobre ele); com parlendas para que percebam a rima das  palavras; músicas para que a escrita seja significativa para eles; reflexão sobre as  escritas, partindo da atenção a sonorização da palavra e fazendo relações com  outras que ora comecem com o mesmo som, ora terminem; valorização das  palavras estáveis presentes na sala de aula, podendo ser diversas e também  referenciando os nomes dos colegas que ali apresentavam-se num cartaz; contação 

e reconto de histórias, que contribuem para a formação de um futuro leitor e escritor,  pois ajudam a aguçar a curiosidade e, principalmente, fornecem elementos para se  entender o porquê de aprender a ler e a escrever, além disso, tiveram a  oportunidade de refletirem de acordo com suas hipóteses e tiveram a vez de falar,  pois antes, quando o grupo estava misturado, os mais avançados respondiam na  frente dos menos, sempre os “abafando”, e isso ocorria, mesmo que a professora  pronunciasse o nome de quem era para responder e os orientasse a ouvir o nome o  qual ela se referia. 

Através dessa parceria entre gestão e professores, pudemos obter resultados  muito satisfatórios em relação ao aprendizado das crianças, e foi desta forma,  impulsionados a redimensionar, planejar, executar ações que possam superar  dificuldades que surge, um novo modo de refazer o planejamento e segundo  Libâneo apud Cordeiro (2010, pág. 84.) “O processo de racionalização, organização  da ação docente, articulando a atividade escolar e a problemática do contexto social,  também é chamada de planejamento. “ 

E desta forma, chegamos à conclusão que: 

A escola ideal não deve dispor de um currículo amplo, integrado com as  

mais diversas atividades intra e extraescolares. Pelo contrário, o currículo  

recomendável deve ser o mais simples possível, constituído de um mínimo 

básico e comum a todos, conforme dispõe a lei de diretrizes e base da  

educação nacional (LDB). (AQUINO, apud AZANHA, 1997, pág.142.) 

Pensando dessa forma, toda rede realiza um trabalho em conjunto, todos em  prol de um único objetivo: Alfabetizar crianças, partindo do que ela já sabe e fazendo  avançá-la em seu processo educativo. 

A atitude da gestão escolar nos proporcionou um repensar na ação  pedagógica, facilitando nossa interação (professores/gestão), tendo como objetivo a  construção coletiva do projeto pedagógico. A equipe gestora deve sempre pensar  suas ações em conjunto, para assegurar o sucesso de sua proposta pedagógica,  pois segundo Vasconcellos (CORDEIRO, 2010, pág. 85) “É preciso partir de dois  pressupostos: planejar ajudar a concretizar aquilo que se almeja (relação teoria 

prática); aquele algo que planejamos é possível acontecer; podemos, em certa  medida, inferir na realidade. ” 

O planejamento da Rede municipal é formado pelos mesmos conteúdo dentro  de cada série/ano, mas adaptações são realizadas de acordo com as necessidades  e potenciais dos integrantes de cada turma. 

A metodologia desenvolve-se através de um ambiente afetuoso, de trocas e  estímulos, onde o indivíduo participa, coopera, constrói internamente e socialmente  conhecimentos significativos, apropriando-se deles, podendo transformá-los e utilizá los em suas vidas para o exercício da cidadania. 

Para Hoffman, 

O conhecimento dos alunos é adquirido com a interação com o meio em  

que vive e as condições desse meio, vivências, objetos e situações que  

ultrapassam os estágios de desenvolvimento e estabelecem relações mais  

complexas e abstratas, de forma evolutiva a partir de uma maturação. O  

meio pode retardar ou acelerar esse processo. Compreender essa evolução  

é assumir compromisso diante das diferenças individuais dos alunos.  

(HOFFMAN, resumo, 2000.) 

Para a gestão da rede municipal, priorizam o vínculo afetivo entre os  educandos e os professores, pois uma vez que esse existe, a criança passa a se  sentir pertencente ao meio em que atua, encontrando neste ambiente, acolhimento,  valorização, reciprocidade, confiança, itens indispensáveis para trocar informações,  experimentações e consequentemente, criam valores para a vida, encontram  perspectivas de vida e o desenvolvimento do protagonismo, onde poderão ajudar  outras crianças que estão em seu meio, desta forma contribuindo para sua ascensão social, pois segundo Pacheco (PAULA, 2008, pág. 110) “ Os valores são o que nos 

guia, norteia e levamos a tomar certas atitudes em nossa vida e esses são  incorporados através da experiência da convivência e da reflexão. Por isso, eles  devem ser vividos, experimentados pelos jovens. ” 

Os dois 1º anos trabalhados diferenciadamente estão inseridos numa escola  municipal no período da manhã e um no período da tarde. O da manhã,1º A, que foi  proveniente de observação e intervenção, possui seu público vindo das  fazendas/sítios situadas na região, onde suas famílias trabalham, e somente duas  crianças residiam na cidade, mas seus pais também trabalham nas fazendas e  sítios. O público alvo são crianças entre 5 e 11 anos aproximadamente, provenientes  dos bairros situados na cidade de Itirapina e sítios/fazendas da região. 

Todo trabalho pedagógico é fundamentado nas orientações das Parceiras da  Educação, onde além de dar os parâmetros para desenvolvermos os trabalhos,  também oferecem compilados, apostilas para serem seguidos, além das orientações  e instigações sobre reflexões de condutas, ações e consequências, conforme prevê  a Lei de diretrizes da educação, em seu sentido mais amplo: 

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida  

familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e  

pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas  

manifestações culturais. (OYARZABAL, pág.44, 2010.) 

As atividades vão desenrolando de acordo com as fases de desenvolvimento  das crianças, respeitando individualidades e instigando a superação dos desafios  que uma grande parte sente. 

O grupo está subdividido em: 1ºs, 2ºs,3ºs,4ºs,5ºs anos. Estas estão formadas  de acordo com as faixas de cognição, respeitando as diferenças pessoais. Segundo  a Secretária da educação local, a cidade de Itirapina possui o maior índice da região  em aproveitamento escolar na rede municipal de ensino. 

A proposta pedagógica é elaborada pelas parceiras da educação, juntamente  aos professores, coordenadoras pedagógicas, diretores. A avaliação se dá  constantemente, através de observações, junto às intervenções diárias e uma vez  por bimestre, se faz uma prova escrita. 

A gestão, além de acompanhar o desenvolvimento das crianças, participa de  todo processo de trocas de experiências em momentos de HTPC, HTPI, entre outros  momentos de estudo, reuniões pedagógicas e formação que são oferecidos.

3.1 O Ensino fundamental e a aprendizagem. 

Segundo a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Nacional (9394/96), em  seu artigo 32, o ensino fundamental objetiva a formação básica do cidadão, o  desenvolvimento da capacidade de aprender, tendo como meios básicos o pleno  domínio da leitura, da escrita e do cálculo. A compreensão do ambiente natural e  social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se  fundamenta a sociedade. O desenvolvimento da capacidade de aprendizagem,  tendo em vista a aquisição de conhecimentos e habilidades e a formação humana  de tolerância recíproca em que se assenta a vida social. 

A nossa última Constituição Federal, a de 1988, nos dispõe no art. 205, que  consta no capítulo III, intitulado Da Educação, da Cultura e do Desporto, a inscrição  abaixo, basta que nós educadores, participantes ativos da escola, façamos que  vigore em todos os sentidos, veja: 

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida  

e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno  

desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e  

sua qualificação para o trabalho. (OYARZABAL, pág.43, 2010, grifo do  

autor) 

O ensino fundamental está dividido em 9 anos, onde os primeiros anos está dividido em cinco, sendo: 1º, 2º, 3º, 4º e 5º ano, sendo obrigatória a matrícula a partir  dos 6 anos de idade até 14. O Estado tem a obrigação de garantir a vaga das  crianças na escola pública, os pais são responsáveis pela execução da matrícula, e  a sociedade de fazer cumprir. É aí que começa o nosso trabalho enquanto  professor, pois nesta 1ª etapa, além de trabalharmos o cognitivo embasados em  conhecimentos científicos, as crianças devem ser estimuladas através de atividades  lúdicas, jogos, leituras, imagens e sons. 

Essa proposta de atividades nem sempre são cumpridas pelos professores, por diversos motivos, sendo alguns: ora porque não possuem interesse, ora por não  terem material para trabalhar, ora porque desconhecem, ou ainda, classes lotadas e  ninguém para ajudar a trabalhar com mais de 30 crianças ao mesmo tempo, entre  outros, prejudicando o processo de desenvolvimento dos alunos, contribuindo para o fracasso escolar, que é fonte de preocupação de muitos países e isso não é nada  recente.

Analisando as investigações do debate em relação ao direito de se alfabetizar  na escola, Weisz, Teberosky et al. apud Soligo, em contribuição com o simpósio 18 (págs. 273 a 274, 2002), classifica em três grandes períodos, sendo: 

1º) Até por volta dos anos de 1950 buscava-se o melhor método para ensinar  a ler e pensava-se que o fracasso se relacionava a uso de métodos inadequados. 2º) Em 1960, já havia preocupação acentuada com o fracasso escolar e muito  dinheiro foi investido para tentar saber o que tinha de errado com as crianças que  não aprendiam. Buscava-se no aluno o motivo de seu fracasso. Pensava-se que  para que ocorresse a aprendizagem, era necessário que as crianças tivessem pré requisito, tanto cognitivos, psicológicos, perceptivo-motores, linguístico, caso  fracassassem era porque elas não os possuíssem. 

Se a classe social fosse desfavorecida então, a dificuldade de aprendizagem  era explicada por incapacidades das próprias famílias por não estimularem suas  crianças tanto cognitivamente como linguisticamente, além de uma problemática  nutricional, o que ocasionaria fome e a criança não conseguiria aprender. 

Embasados nessas citações, foram criados testes realizados por Lourenço  Filho, o qual mediam a maturidade e esses eram realizados por repetidas vezes,  para se prepararem e serem inseridas no ensino fundamental. Mais tarde, com a  nova LDB Lei de diretrizes e bases da educação, buscou-se garantir a permanência  dos alunos na escola, criando ciclos. 

3º) Na década de 70, houve uma mudança de paradigma, ao invés de  procurar correlações que explicassem o déficit dos que não conseguiam aprender,  começou-se a querer saber como aprendiam os que sabiam ler e escrever e o que  pensavam a respeito da escrita os que não conseguiam. 

Uma das pessoas que lideraram essa investigação foi Emília Ferreiro e Ana  Teberosky (1985). A partir daí foi necessário rever conceitos e isso tem demandado  uma grande transformação das práticas de ensino até hoje no início da  escolarização. 

A partir de então, não foi mais concebível a escrita somente como um código  de transcrição de sons e impossível desconsiderar os saberes que as crianças  possuem antes de aprender formalmente. 

Surge então, outra abordagem de ensino, conforme nos aponta o verbete do  dicionário Educabrasil:

O conceito de mediação pedagógica surgiu no contexto da “pedagogia  

progressista”, caracterizada por uma nova relação professor-aluno e pela  

formação de cidadãos participativos e preocupados com a transformação e  

o aperfeiçoamento da sociedade. Antes, até a década de 70, o sistema  

educacional brasileiro seguia uma abordagem de ensino conhecida como  

“pedagogia tecnicista”, na qual cabia ao aluno assimilar passivamente os  

conteúdos transmitidos pelo professor. (MENEZES; SANTOS, Verbete,  

2001.) 

O professor mediador vem para facilitar, incentivar e motivar o aluno em  relação a aprendizagem, ajudando-o a atingir seus objetivos, por isso é necessário  que dialogue com seu aluno, ajude-o a descobrir o gosto do aprender, a ter  autonomia, instigar sua criatividade, que faça provocações, trocas de discussões,  criando um vínculo e uma facilidade de interação entre ambos, possibilitando  entendimento progressivo entre professor/aluno. Não cabe mais, somente o  professor transmitir o conhecimento e o aluno somente ouvir, tem que haver uma  interação de diálogo e troca de conhecimentos, pois o aluno aprende com seu  professor, o professor com seu aluno, aluno com aluno e todos citados com o  mundo, pois a aprendizagem só acontece quando há comunicação dialógica, crítica  e criativa na troca dos saberes. 

Segundo Gasparin, 

O professor deve ter duas práticas sociais, sendo: a prática social inicial e a  

prática social final, enquanto trabalho do professor, dizendo que; [...] o  

trabalho inicial do educador é tornar o objeto em questão, o objeto de  

conhecimento para aquele sujeito”, isto é, para o aluno. Para que isso  

ocorra, o educando deve ser desafiado, mobilizado, sensibilizado; deve  

perceber alguma relação entre o conteúdo e a sua vida cotidiana, suas  

necessidades, problemas e interesses. Torna-se necessário criar um clima  

de predisposição favorável à aprendizagem. (GASPARIN,2009, pág. 13.) 

Segundo Adorni (2010), traz uma reflexão sobre a importância da linguagem,  pois esta pode trazer vínculos e separações sociais, daí a importância de seu cultivo  para o aprendizado das crianças.  

E ainda, de acordo com Adorni (2010, apud ASSOLINI, 1999), aprender a  escrever não é um domínio e nem é inspiração, todos são capazes de aprender.  Todos devem aprender a reescrita que os ensina a situar-se como pessoa. Aí que  entra o papel da intervenção do professor. Orientações disciplinares todos  recebemos: a do silêncio, a do não dito e a do proibido. ” 

Algumas abordagens de ensino surgiram durante o decorrer do tempo,  segundo Cavalcante e Barros (1999):

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a) No início dos anos 50, as ideias construtivistas surgem com o suíço  Jean Piaget, onde o aprendiz compreendia o mundo através de sua percepção. Para  ele a aprendizagem se dava por etapas e estava ligada diretamente ao  desenvolvimento mental de cada estudante. 

b) No final dos anos 50, o professor B.F. Skinner, de Harvard foi apontado  como o principal expoente de um grupo que acreditava que o processo de  aprendizagem era fruto de memorizações provenientes de repetições de ações  realizadas pelos estudantes, ou seja, a construção do conhecimento se dava  individualmente. 

c) Nos anos 80 e 90, o psicólogo russo Vygotsky, tinha como principal  veia a interação entre os indivíduos, ou seja, para ele, a aprendizagem se dava  através da interação com o outro e o meio. Neste, o aluno deveria ter iniciativa para  questionar, descobrir, compreender o mundo a partir de suas interações com outros  elementos. 

Vários estudiosos analisaram as práticas pedagógicas e a forma que o aluno  aprende e sugeriram algumas ações, vejamos algumas: 

Para Gasparin (2009, pág. 22.) “É necessário deixar muito claro que a prática  social não consiste apenas naquilo que o aluno, enquanto indivíduo, faz ou sabe, em  seu dia-a-dia, relativo ao conteúdo. Essa prática social traduz a compreensão e a  percepção que perpassam todo o grupo social. “ 

Desta forma, o professor deve planejar a sua aula, de acordo com escola, e o  perfil dos estudantes, para que não reproduzam apenas os conteúdos estipulados  pela classe dominante, mas que tenham noção daquilo que acontece em seu redor,  tornando-se sujeitos cada vez mais críticos diante da sua realidade, somente assim  o conteúdo será significativo para o aluno. 

Para Cagliari, (2009, pág.3) “a questão metodológica não é a essência da  educação, apenas uma ferramenta. Por isso, é preciso ter ideias claras a respeito do  que significa assumir um ou outro comportamento metodológico no processo  escolar”. 

O professor deverá trabalhar de acordo com o objetivo que deseja atingir no  momento, então será necessário que busque diversas metodologias sim, mas a  essência está na reflexão, na dialogicidade, fazendo que as crianças troquem seus  aprendizados, pois segundo o especialista russo Vygotsky:

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A referência do indivíduo com parceiros mais experientes cria uma Zona de  desenvolvimento potencial. Ele usou esse termo para se referir à distância  

entre o nível de desenvolvimento atual – determinado pela capacidade de  

solução, sem ajuda de problemas – e o nível potencial de desenvolvimento  

– medido através da solução de problemas sob orientação ou em  

colaboração com as crianças mais experientes. (DAVIS, OLIVEIRA,1992,  

pág.53.) 

Embasados na teoria de Vygotsky, se pegarmos duas crianças que  possuírem o mesmo resultado num teste de inteligência e que são semelhantes  suas maturações e aprendizagens prévias, a sua aprendizagem poderá se dar de  formas bem diferentes, isso se dará de acordo com o estímulo que alguém mais  experiente poderá lhe passar e até mesmo lhe mostrará como avançar em seu  aprendizado, ou seja, influenciará como as crianças tornam mais complexo o seu  pensamento e processam suas informações. 

Várias pesquisas já foram feitas e descobriu-se que não existem diferenças  de aprendizados entre as crianças, pois ela é fruto de um processo de construção de  hipóteses e para isso, demanda análises e reflexões de quem aprende e o que se  sabe é que a diferença que existe entre o aprendizado das crianças, se dá, devido  ao repertório que elas trazem para a escola, segundo Weisz, Teberosky et.al, apud  Soligo ( 2002, pág.276) para os mais pobres é menor, pois enquanto os alunos da  classe média e alta vivem num contexto em que a família apresenta a escrita de nomes de seus entes queridos, utilizam a escrita para se corresponder, leem  diversos tipos de textos e livros, entre outros, os mais pobres aprendem outras  coisas, como por exemplo, a cozinhar, a lavar, varrer, entre outros para questões de  sobrevivência, ou seja, o repertório é outro, a vida lhes oferecem oportunidades de  aprendizagem diferentes. 

Foi possível perceber também que muitas dificuldades eram advindas de  professores que não sabiam avaliar seus alunos, então criaram o curso de  habilitação ou orientação continuada para os professores que funciona até nos dias  atuais, atingindo em média 75.436 professores, o PROFA. 

Segundo Telma Weisz: 

Começou-se a produzir um programa específico de formação de  

professores alfabetizadores, com duração de um ano, que ficou conhecido  

como PROFA, com o objetivo de ajudar a desmontar a armadilha que tinha 

tornado a escola pública brasileira uma fábrica de analfabetos. (WEISZ,  simpósio 15, pág. 227).

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É dessa forma que as políticas públicas vêm investindo, para que haja  melhoria no ensino e consequentemente diminuição da repetência. Não sabemos  dizer se essa tão somente é a melhor ação que poderiam tomar, mas cabe aos  professores aproveitar todas as oportunidades que tem, para ampliar o  conhecimento, contribuindo para o próprio aprendizado e consequentemente se  preparar para cada vez mais estar próximos, intervindo nas mais variadas situações  e contribuindo para aprendizagem de todos os alunos. 

3.3 A Contribuição de práticas docentes e atividades que fizeram diferença no  ensino da escrita alfabética. 

Segundo pesquisa citada por Morais,  

Acompanharam durante um ano a prática docente de alfabetização de duas  

professoras da mesma rede municipal de ensino, onde a primeira além de  

praticar diariamente leituras e ou produções de textos com os alunos,  

reservavam momentos, para realizar atividades de ensino sistemático da  

escrita alfabética, enfocando palavras e refletindo sobre unidades menores.  

A segunda, porém, a professora priorizava exclusivamente atividades de  

leitura e produção de textos, sem realizar um ensino sistemático do sistema  

de escrita alfabética. Ao final do ano puderam constatar nitidamente a  

diferença nos resultados das aprendizagens dos alunos quando analisadas  

suas hipóteses de escrita. Nos alunos trabalhados sistema de escrita  

alfabética, atingiram de 79 a 95 por cento e os alunos que não foram  

trabalhados sistematicamente, atingiram de 44 a 48 por cento. (MORAIS,  apud ALBUQUERQUE, et al.,2012, pág. 121). 

Embasados nesta pesquisa, pudemos focar as medidas que precisavam  serem tomadas para garantir nossa eficiência no trabalho, seguindo uma das  orientações sugeridas por Morais, (2012, pág. 175) que é pensar em meios para  atingir os alunos que tinham mais dificuldades em se alfabetizarem, pois não  adiantaria ficar só fazendo ditados e classificando-os quanto a hipóteses de escrita  que se encontravam no momento, sem fazer os ajustes necessários para  aprenderem, e o primeiro passo foi fazer uma pesquisa com as professoras mais  experientes da rede e as seguintes perguntas foram realizadas: 

1) Qual é a causa do fracasso escolar dos alunos do primeiro ano? 2) O que o professor pode fazer para que isso não ocorra? 

3) A família tem alguma culpa no processo de insucesso do aluno? Qual? 4) O que poderia contribuir para melhora de sua prática docente? Para a primeira pergunta, houve quase um consenso nas respostas, falaram  que a causa estaria ligada a origem social de onde provêm, pois não possuem 

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acesso a livros, nem letras, falta de incentivo familiar, problemas psicológicos, pois  muitos não se relacionam e fica difícil a comunicação, outros são muito inseguros, outros nunca foram a escola, além de algum distúrbio, como déficit de atenção, entre  outros. 

Para a segunda pergunta, o professor pode ajudar as crianças, conquistando  sua confiança, conhecendo sua realidade social, trabalhar respeitando sua  individualidade e com atividades específicas, sem esquecer que possui uma meta  para atingir; pedir apoio para os pais e tentar manter um elo entre escola e família,  ter paciência, estudar como o aluno pensa, estimular, dar atenção. 

Para a terceira pergunta, 99% dos entrevistados afirmaram que a família é  responsável pelo insucesso dos alunos, e as causas são as mais diversas, tipo: falta  de afetividade, não participar da vida escolar do aluno, não auxiliar nas tarefas, ou  ignorando a atenção que requer. Para eles, a família é responsável pelo papel  instrucional e muitos não comparecem nem em reuniões bimestrais para saber o  rendimento escolar do filho. 

Somente 1% dos entrevistados, disse que a família não é responsável pelo  insucesso do aluno, pois vive em uma sociedade onde predomina uma cultura de  poder e os que não o possuem, não pensam, pois já são instruídos a isso. 

Para a quarta pergunta, o que poderia contribuir para a melhora da prática  docente seria: a participação dos pais, pois refletiria na autoestima da criança,  passando a valorizar o aprender; cursos de capacitação com os próprios colegas de  trabalho mais experientes; reuniões coletivas com os mesmos anos de escolaridade  para que ocorra trocas de experiências. 

Após o levantamento das condições das crianças e opiniões de professores  foram realizadas atividades, como: 

- Exploração de palavras estáveis, como os nomes próprios e outras que  estavam na sala, de uso diário e comum, relacionando-as com a palavra que estava sendo escrita; 

- Análise de palavras, de rimas, de palavras dentro de palavras, onde  trabalhamos com o projeto “Zoo poético” - exploração de consciência fonológica. - Contagem de sílabas e análises referentes ao tamanho entre duas por  exemplo; 

- Início e término da palavra; 

- Onde inicia e em que direção se escreve a palavra;

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- Identificação de palavras que iniciam com o mesmo som e sílaba; - Produção de palavras que tivesse a mesma sílaba ora de início, ora de final; - Produção de palavras que rimam uma com outra; 

- Identificação de palavras que começam com o mesmo fonema; - Montagem e desmontagem de palavras com alfabeto móvel;  

- Transformação de palavras através de jogos distribuídos pelo MEC, onde o  aluno precisa analisar e trocar somente uma letra e consegue escrever várias, tipo:  bola, mola, gola, sola; 

Muitas atividades embasadas nas propostas citadas acima foram realizadas  diariamente, para que os alunos pudessem fazer suas relações, análises, reflexões  sobre a escrita e isso fez toda diferença no aprendizado das crianças, pois elas só  aprendem quando observam os significantes orais e escritos, analisam seus  pedaços sonoros e gráficos e é aí que o aprendiz se apropria da escrita alfabética. 

Segundo Adorni 2010, apud Tfouni, 1994, um fator muito importante também  para a aprendizagem é o letramento, pois este produz sentidos aos aprendizados,  apesar de sabermos que ele não resolve todos os problemas do Sistema  Educacional Brasileiro. 

Vejamos um caso de evolução de hipóteses de escrita, após atividades  realizadas com as intervenções citadas, onde apresentava dificuldades até junho de  2015.

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Tabela 1 – Evolução das hipóteses de escrita do aluno Natanael 

Natanael

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4. CONCLUSÃO 

O presente trabalho não teve a intensão de esgotar o conteúdo, mas sim  investigar as possíveis causas da não apropriação do sistema de escrita de  aproximadamente 40% a 50% de turmas do primeiro ano do ensino fundamental, em  todo Brasil, e de um modo especial, a sala do 1º ano A de uma escola da rede  municipal de Itirapina, para que pudéssemos contribuir para a reflexão dos colegas  docentes que iniciam sua profissionalização sem ter noção do que pode fazer para  contribuir com o aprendizado das crianças. 

Muitas vezes não conseguimos ver onde está nossa falha, e acabamos  culpando outros pelo insucesso das nossas práticas, não porque somos covardes  em assumir aquilo que fazemos, mas por nossa ignorância em determinados  assuntos. 

Cabe ao professor criar um ambiente harmonioso de trocas, afetividades,  exploração, reflexão, facilitador de relações, que instigue, que faça buscas de novos  aprendizados, de empatia, onde possa se colocar no lugar do aluno e ajudá-lo da  melhor forma, sem recriminá-lo ou recriminar sua família pela sua falta de repertório  que muitos vem para sala de aula, pois sabemos que não são eles os culpados pela  sua própria condição social e cultura.  

A hipótese inicial onde acreditava que crianças tinham algum problema  relacionado ao seu intelecto foi totalmente descartada; graças, foi um equívoco, e  possibilidades de influências negativas de relacionamento familiar foi superada, pelo  menos para o aprendizado até o momento. 

Sugiro que outros professores venham analisar suas práticas e investigar um  pouco mais seus alunos, fazendo intervenções apropriadas e busque  constantemente se atualizar profissionalmente e partilhe e conosco suas ideias, para  que cada vez mais possamos reconstruir nosso conhecimento. 

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