Fernando Domingos Fernando Gamboa

Licenciado em ensino de filosofia com habilitação em ensino de história pela Universidade Pedagógica de Moçambique

Mestrando em ciências políticas e relações internacionais pelo Instituto Superior de Ciências e Tecnologia Alberto Chipande em Moçambique

Contacto electrónico: [email protected]

Beira -Moçambique -2018

 A Concepção da Filosofia Africana em Makumba

Resumo

O presente artigo intitulado “a concepção da filosofia africana em Makumba” se objectiva em analisar o posicionamento de Mukumba face a existência ou não filosofia africana. Como é sabido África foi esvaziado diante de posicionamento europeu sobre a existência de filosofia. Com isso neste artigo procura-se compreender o posicionamento de Makumba sobre a existência de filosofia em África, com intuito de nos afirmarmos cada vez mais como um povo com uma filosofia própria equiparável ao do europeu. O autor começa as suas analises na sua obra intitulada “introdução a filosofia africana” com abordagens que dita a natureza, conceito e desenvolvimento da filosofia africana. Neste âmbito, Makumba detêm a concepção de que uma filosofia africana bem conceptualizada serve de um instrumento indispensável na articulação e promoção da identidade cultural na era contemporânea. Assim sendo, a filosofia África tem amissão principal de reflectir e trazer consciência histórica do homem africano consigo mesmo e com o outro exterior. Neste contexto, no presente artigo, espera-se que o homem africano desperte a consciência de fazer a sua história, não de igual modo do europeu, mais da essência histórica africana.com isso espera-se que os intelectuais africanos vã ao encontro dos sábios tradicionais para assim fazer a filosofia africana, mas com um olhar do ocidente. Este artigo obedece a metodologia hermenêutica que consistiu na construção e desconstrução de literaturas que versa abordagem temática numa pesquisa bibliográfica.

Palavras-chave: Filosofia Africana, Contemporânea, Promoção e Identidade

 

 

 

 

 

 

 

 

Fernando Domingos Fernando Gamboa

Graduated in philosophy education with qualification in history teaching by the Pedagogical University of Mozambique

Master's degree in political science and international relations at the Alberto Chipande Institute of Science and Technology in Mozambique

E-mail: [email protected]

Beira -Mozambique -2018

 The conception of African philosophy in Makumba

abstract

This article entitled "the conception of African philosophy in Makumba" aims at analyzing Mukumba's position on the existence or not of African philosophy. As is known, Africa has been emptied before the European position on the existence of philosophy. This article seeks to understand Makumba's position on the existence of philosophy in Africa, in order to assert ourselves more and more as a people with a philosophy of its own. The author begins his analyzes in his work titled "Introduction to African Philosophy" with approaches that dictate the nature, concept and development of African philosophy. In this context, Makumba hold the view that a well-conceptualized African philosophy serves as an indispensable instrument in the articulation and promotion of cultural identity in the contemporary era. Thus, the philosophy of Africa has the primary duty of reflecting and bringing historical awareness of the African man to himself and to the outside world. In this context, in this article, it is expected that the African man will awaken the consciousness of making his history, not in the same way of the European, more of the African historical essence. This is expected that the African intellectuals go to meet the wise traditional to do so African philosophy, but with a look from the West. This article obeys the hermeneutical methodology that consisted in the construction and deconstruction of literatures that approaches thematic approach in a bibliographical research.

Keywords: African Philosophy, Contemporary, Promotion and Identity

 

 

 

 

 

 

 

 

Introdução

O tema do artigo “a concepção da filosofia africana em Makumba” é escolhido por uma necessidade da era contemporânea do esvaziamento da filosofia africana através do processo da globalização. Isso verifica-se na medida em que há uma tendência na educação de formar um homem cosmopolita onde este, se submete absolutamente acultura ocidental. Não obstante, pretende-se analisar o posicionamento de Mukumba face a existência ou não da filosofia africana. Como é sabido, a África foi alvo de humilhações, de submissão ao processo de escravatura, tanto como foi esvaziada da sua cultura, história ate mesmo da própria filosofia Africana. Neste âmbito, o presente artigo é analisado no contexto de filosofia africana.

Diante das artimanhas que a África viveu e vive sobretudo na observância da ausência significativa de documentos escritos que possa dignificar a sua história ou seja a filosofia; qual deve ser o modelo mais viável que a África deve adoptar no sentido de se reafirmar no mundo como um povo com sua própria filosofia comparável a do ocidente? Que posição os sábios africanos deve ter com vista a se reafirmar no mundo globalizado?

Essas questões, remete-nos uma reflexão exaustiva de que os sábios africanos detêm grande responsabilidade sobre tudo na manutenção e na propagação da sua filosofia bem como da sua história. Não obstante, como afirma Mukumba que a filosofia em África, está assente na religião tradicional onde a fonte oral desempenha um papel importantíssimo. Todavia, é preciso que os sábios africanos se empenhem no sentido de desenvolver essa filosofia em documentos escritos com vista a fazer sentir a sua existência em África.

Os sábios africanos devem pautar por um diálogo cultural com os outros povos (ocidente e Ásia), porque é neste processo onde os sábios africanos poderão demonstrar aos outros povos que a sua filosofia africana de facto têm uma relevância no progresso do homem na história universal. Porque como afirma Makumba, a definição exaustiva da filosofia africana serve de instrumento progressista na formação do homem contemporâneo sobretudo na sua identidade cultural, tanto como na redefinição da consciência histórica.

Entretanto, o presente artigo, trás itens de reflexão como: A concepção da filosofia africana em Makumba, Resenha biográfica de Maurice Muhatia Makumba; Filosofia em África existe ou existiu? O pensamento mítico europeu face a África; o recontro do homem africano com o ocidente; o papel dos filósofos africanos diante de artimanhas ocidentais; Base filosófica: amor a sabedoria: Conceito particular ou universal? O entendimento antigo, medieval, moderno e contemporâneo da filosofia africana, Considerações finais e Referências bibliográficas. Para sua materialização foi necessário o uso de hermenêutica no processo de construção e desconstrução de literaturas que versa abordagem temática tendo como técnica a pesquisa bibliográfica.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

1.A concepção da filosofia africana em Makumba

Abordagem da concepção da filosofia africana em Makumba, parte de princípio de que a filosofia africana ao longo do percurso histórico, caracterizou-se por um total esvaziamento. Neste âmbito, a busca de Makumba em puder resgatar aquilo que dita os pressupostos ou seja as conjunturas que caracteriza a essência da filósofa africana, trata-se de um ganho tanto como uma contribuição de que a África teve e tem a sua a própria filosofia que se caracteriza em religião tradicional.

1.1.Resenha Biográfica de Maurice Muhatia Makumba

 Maurice Muhatia Makumba  nasceu em 19 de Maio de 1968 em Lirhanda  no Quénia é um padre e bispo queniano de Nakuru[1] Doutorou-se em filosofia pela Universidade da santa cruz, em Roma, foi professor do seminário santo Agostinho em Mabanga, no período de 2002 e 2005. Serviu como reitor do seminário Maior de S. Matias Mulumba, no Tindinyo, de igual modo foi membro da comissão doutrinal da conferência episcopal em Quénia. Em 2007 Publicou a sua obra introdução a filosofia africana: passado e presente em versão inglesa (Makumba, 2014,capa).

1.2.Filosofia em África existe ou existiu?

A história do homem africano foi caracterizada por um esvaziamento daquilo que dita a sua cultura, sua identidade bem como o seu próprio saber filosófico. Foi neste âmbito, que surgiram vozes gritantes de que os africanos são um povo sem história, sem um saber filosófico ou mesmo sem a filosofia, isso observa-se claramente no pronunciamento de Lévy-Bruhl de que os africanos são pré-lógico, ou seja tem um pensar menor do que o pensar do europeu (Makumba, 2014,P.244).

No pensar de Mukumba, a África sempre teve e tem a sua própria filosofia que se caracteriza nas religiões tradicionais. Ora, a religião africana se subscreve em busca de um antepassado morto como um ser capaz de resolver os problemas que apoquenta a sociedade ou seja uma dada família. A religião do africano está assente também nas artes bem como no espírito interpretativa (hermenêutica) dos fundamentos de sábios tradicionais (Makumba, 2014,P.136). Neste âmbito, os africanos através da oralidade, constrói a sua própria filosofia. Entretanto esta filosofia que ao longo do decurso histórico do homem africano foi desprezado mediante as concepções do Europa face a sua expansão cultural, bem como do seu espírito de superioridade. Todavia, Oruka vai fundamentar que os sábios africanos têm a sua própria filosofia que assenta na expressão do pensamento de homem e mulheres de dada comunidade Africana com propósito de trazer resposta sobre o mundo bem como os problemas que lhes assolam e uma sabedoria didáctica (Makumba, 2014,P.137).

Na opinião de Hountondji, o grande desafio dos pensadores africanos do período contemporâneo é de criar um disenso entre o mito africano e a razão com vista a permitir a existência de uma filosofia sistemática em África (hountondji, citado por Makumba, 2014,p.20). Entretanto, este pronunciamento de Hountondji fica ultrapassado na era contemporânea, porque os pensadores africanos se empenham em desenvolver uma filosofia académica com uma grande ajuda da hermenêutica que consiste na interpretação dos valores culturais africanos que constitui a característica essencial de mito-filosofica africana.

Leopoldo Sedar Senghor, na sua obra “um caminho do socialismo” fundamenta a ideia de que os ancestrais são a causa da existência em África da liberdade que é marco essencial da filosofia africana.

Segundo Senghor,

a pátria é a herança que nos foi transmitida pelos nossos antepassados: uma terra, um sangue, uma língua-pelo menos um dialecto – habito, costume, um folclore, uma arte, em uma palavra, uma cultura enraizada em um território a expressa em uma nação (Senghor, 1960,p.20).

O pronunciamento de Senghor descreve de forma característico sobre a essência da filosofia africana dentro ou fora de África. Faz-nos entender que na diáspora, os pensadores pan-americanistas de meados do século XX como William Edward Burghardt Du Bois e Marcus Mosiah Garvey, que influenciaram o prisma político em África  através de Kwame Nkrumah radicalizaram a ideia de uma decisão política sobre independência em África. Não obstante, a filosofia africana já se fazia sentir sobre tudo na sua essência da busca da liberdade. Este orgulho de uma busca incasável da liberdade como a verdade filosófica; trata-se de uma demonstração clara de que a filosofia africana existe e existiu e que está patente sobretudo na cultura que cada africano lhes é incorporado dentro da sua própria pátria.

Segundo Makumba, a autenticidade da existência da filosofia africana no período pós moderno ou contemporâneo remarca a uma existência de produção literária africana progressista como um intuito de uma marcha rumo a construção sólida e eficaz e coerente da filosofia africana tendo como o seu epicentro a religião tradicional (Makumba, 2014,p.26).

Entretanto, neste âmbito a filosofia dentro de seu contexto histórico começa a conhecer um desenvolvimento linear de existência de filósofos escritores que começa a desenvolver a filosofia africana.

 Ora, Makumba faz uma questão importante para uma reflexão, sobretudo no que concerne a existência de filósofos africanos como matéria que subscreve a filosofia africana. Será que amo pode ser considerado um filósofo africano? Em caso afirmativo, o que é que permite que se lhe atribua essa designação? Como é que poderia ser apelidado de filósofo africano, uma vez que a sua formação filosófica e contexto histórico são europeu?

Hountondji reconhece a contribuição de Amo sobretudo na existência de filosofia africana, mais não lhe atribui mérito de ser considerado filósofo africano pelo facto de ter um horizonte filosófico ocidental. Porém, com esse debate, Amo é esvaziado na arena filosófica africana.

 Importa realçar que o mais importante para os pensadores africanos, não deve ser a procura de um prestígio sobre a designação do termo filósofo africano, e ainda mais temos que desvendar o mito de que a filosofia africana deve ser feita simplesmente pelos africanos. O que importa na era contemporânea é contribuir significativamente para uma conservação a herança do passado, mais sobretudo dos valores culturais africanos que fazem com que exista a filosofia africana (Makumba, 2014,p.133).

No mesmo pensar Senghor fundamenta que a existência da filosofia africana; esta assente no humanismo ou seja, no espírito socialista, sobretudo na sua busca de valores espirituais que para o homem africano constituí força vital que marca a tecedura do mundo animada por uma movimentação dialéctica (Senghor, 1960,p.60). Assim o papel do filósofo africano é de renovar recuperar as dimensões espirituais do homem africano. Na mesma linha de pensamento, Makumba fundamenta que o papel de filósofo africano é de redescobrir o orgulho africano em relação a religião tradicional rumo a construção de uma filosofia académica (Makumba, 2014,p.134).

1.3.O pensamento mítico europeu face a África

Todos os preconceitos que os europeias desenvolver na sua histórica sobre África é uma demonstração clara de que os europeus estavam mergulhados num pensarem mítico. Designa-se um pensar mítico, todo processamento mental que não contribui para um progresso social ou seja um convívio social aceite humanamente. O pensamento mítico europeu face África é caracterizado pela supremacia do homem europeu no marco de super ego ou seja de super-homem face aos outros povos do mundo.

Os europeus detêm certas tendências de inferiorizar os povos diante do seu conhecimento ou seja da sua ciência, desde do período antigo. Observa-se isso quando Pitágoras migra para Egipto e vem o conhecimento cientifico não desenvolvido sobretudo da matemática, onde conseguiu se aproveitar na qual posteriormente desenvolveu ate ser conhecido como ciência que hoje o mundo desfruta.

Placides Temples citado por Makumba (2014) criou um esforço intelectual no sentido de dar ênfase a ideia da filosofia africana subjugada por nacionalismo cultural africana. Foi neste âmbito que etnofilosofia ganha o seu apogeu como uma tentativa de definir aspirações da negritude que ao mesmo tempo foi dado continuidade com Alexi Kagame, na sua obra filosofia bantu-ruandesa do ser. Foi neste pirâmide de pensamento que “a etnofilosofia é descrita como tributária directa da negritude” (Makumba, 2014,pp.164-165).

1.4.O recontro do homem africano com o ocidente

O primeiro encontro que se observa na história dos dois povos (africanos e Ocidentais) remota o deslocar de grandes figuras gregas para o Egipto.

Segundo africanus Horton, citado por Makumba (2014) afirma que

Homens eminentes como Sólon, Platão e Pitágoras fizeram peregrinações África em busca de conhecimento; e diversos deles escutaram as instruções do africano Euclides, que chefiava a mais célebres escola matemática do mundo, que floresceu 300 anos antes do nascimento de Cristo…Orígenes, Tertuliano, Agostinho, Clemente de Alexandria e Cirilo, que foram padres e escritores da igreja primitiva, eram escuros bispos africanos de apostólica nomeada (p.28).

Este pensamento, ilustra que o processo de encontro e reencontro do homem africano com o do ocidente, foi sempre em busca de interesse e de aproveitamento. Neste sentido fica claro que a riqueza do Europeu constitui um roubo para os africanos. Todavia, um roubo da ciência.

Segundo Senghor citado por Makumba (2014) fundamenta que o africano é um ser facultado pela emotiva racional. Com isso não pode ser excluído no conceito pessoa. No mesmo entender partilha Enrique Dussel (2005) com claras ideias sublinha a ideai de ao longo da história da humanidade o homem africano foi encoberto pelo europeu facto que lhe levou a um desprezo no conceito pessoa. Porém, o africano também é pessoa, entretanto, racional que no encontro com o ocidente sofreu a dominação (p.30). Portanto, nesta ordem de ideia Dussel nos submeter a um entendimento da existência de mito de filosofia no período da modernidade.

Segundo Dussel (2005, p.30) “civilização moderna autodescreve-se como mais desenvolvida e superior (o que significa sustentar inconscientemente uma posição eurocêntrica”. observamos neste trecho, que o europeu ao longo do contexto histórico da humanidade se identificou como superior em relação a outras raças, tribos do mundo. Foi nesta ordem de ideia que o encontro europeu com o povo africano foi marcada por uma submissão as ideias e ordem dos que se intitulava-se superior em relação as outras raças. Esse episodio levou com o povo africano se encontre na situação que hoje vive. a superioridade europeia em relação ao povo africano, foi uma arma para um esvaziamento histórico do homem africano em todos os seus domínios de vida. Então, diante disso, qual deve ser a saída do africano mediante a esta situação de desprezo étnico cultural?

Segundo Makumba (2014),

 A filosofia africana é inútil e serve a pena para alienar ainda mais o povo africano, a não ser que eleja o homem a mulher e a situação africana como objecto. Se quisermos promoveremos um genuíno movimento cientifico em África, o discurso teórico tem de experimentar uma liberação e dirigir-se ao povo africano. Este ter algo a dizer ao povo africano não pode ser realizado por procuração. Nem pode a África admitir uma qualquer filosofia de aluguer, gerada no ventre de África, mais pertencendo, de facto, a diferente, mais reais, progenitores. O ventre africano tende gerar uma filosofia africana que tenha audiência africana como seu alvo principal. Ao mesmo tempo a ciência é uma componente essencial da cultura moderna, e o discurso filosófico não o pode ignorar (pp.170-171).

Makumba (2014), trás uma possível saída para os africanos mediante a situação ora submetida, que marcou por um atraso no desenvolvimento do continente. Ao fundamentar que a filosofia africana deve alienar ao povo num processo de libertação. Esta libertação pode ser comparada por aquilo que Hegel sublinha como a consciência histórica. O africano precisa de libertar-se dos mitos europeus e ter a consciência sobre a sua história, traçar o seu futuro sem nenhuma dependência absoluta do europeu.

Com isso, a filosofia africana, deve ser feita pelos africanos que tem a sua origem étnica africana. Esta filosofia tende ter foco essencial aos problemas africanos, ao povo africano e a cultura. Foi com base desse procedimento que Nkrumah, Senghor, Keita, Oruka, Olela, Wiredu, Hountondji, Bodunrin, Tempels, Césaire, Fannon, Neogebauer e entre outros tentaram construir uma filosofia capaz de responder as necessidades históricas dos africanos.

O filósofo sul-africano Mogobe Ramose apresenta dois princípios éticos do ubuntu e os relaciona aos direitos humanos para demonstrar a existência de uma filosofia africana; denominada por filosofia ubuntu.

Ramose afirma:

Procurei discutir aqui duas teses encontradas na maioria das línguas africanas nativas. A primeira é Motho ke motho ka batho e a segunda, Feta kgomo o tshware motho. Uma tradução literal destes dois aforismos filosóficos africanos em língua Sepedi (Sotho do Norte) não é para aqui chamada, uma vez que ela dificilmente seria suficiente para transportar de forma adequada o significado exacto da língua original. Procurarei, portanto, transmitir apenas o significado essencial. O primeiro aforismo afirma que ser humano é afirmar a humanidade própria através do reconhecimento da humanidade dos outros e, sobre tal embasamento, estabelecer relações humanas respeitosas com eles. Consequentemente, o ubuntu constitui o significado essencial do aforismo (Ramose, 2011,p.12).

O esforço dos intelectuais africanos que se objectiva em trazer a quilo que foi desprezado pelo europeu, revela a uma autêntica liberdade de pensamento. Porem, é neste âmbito que Ramose procura através de estudos linguísticos no contexto africano, buscar a uma identidade que se caracteriza por uma designação de filosofia ubuntu. Nesta abordagem, fica claro que o processo de colonização contribuiu para uma retirada de pensamento do homem africano em relação a sua identidade, a sua cultura que são marcos na qual a filosofia africana se subscreve. Portanto, neste desenvolvimento, o esforço na qual os filósofos africanos se empenham, pode trazer em últimas circunstância a existência de filosofia africana subscrita por filosofia cultural. Por exemplo, o desenvolvimento de filosofia ubuntu, revela a uma busca rigorosa através da etnicidade cultural a uma filosofia africana.

1.5.O papel dos filósofos africanos diante de artimanhas ocidentais

Os intelectuais africanos, com destaque aos que se empenha em busca de uma autenticidade de filosofia africana, são chamados a contribuírem de forma significativa no restabelecimento de liberdade de consciência ao povo africano, sobresto na sua reafirmação como seres humanos no mundo de desprezo total.

Segundo Makumba (2014,p.129) “a filosofia africana deve evidenciar-se como uma autêntica consciência no contexto da exaltação do desenvolvimento, para que a sociedade possa ser definida de posições extremas, como as do cientismo e do tradicionalismo”.

 Makumba, neste pensamento quer revelar linhas orientadoras na qual os filósofos africanos devem seguir nas suas construções filosóficas. No princípio sublinha a ideia de despertar a consciência africana na busca de desenvolvimento através de um consenso entrem a ciência e o tradicional.

A conjugação desses dois saberes é foco para um caminho do desenvolvimento da sociedade. Entretanto, cabe o filósofo criar este despertar da consciência a sociedade com vista a levar a ciência e o tradicional rumo ao desenvolvimento do continente africano. Numa outra, abordagem, Mukumba sublinha a ideia de que o papel do filósofo está na criação de espírito de emancipação económica do continente africano (Makumba, 2014,p.128).

Por um lado, Makumba sublinha que a filosofia tem um papel importante na “redescoberta do orgulho africano por si próprio e pelos seus valores” (Makumba, 2014,p.134).

O resgate dos valores perdidos no mundo de colonização do africano, o filósofo deve ate certo momento no seu desenvolvimento de uma filosofia africana profissional ter em consideração a este papel. Neste contexto, os sábios tradicionais deve aceitar dialogar com os intelectuais no sentido de existir uma produção literária ou documental sobre o saber tradicional que é a essência da filosofia africana. O espírito patriótico deve constituir um pilar para que a produção literária de filosofia africana seja de facto uma matéria sólida. Com isso a ideia da liberdade, justiça, direito tende de algum modo ser aprimorado na construção de filosofia africana. Assim sendo, cabe ao filósofo tornar um intelectual com coragem, força para que a produção literária seja uma matéria não só para África mais também para o mundo.

Para tal a sociedade, como afirma Mbit deve também se engajar esta luta de construção de uma filosofia africana substancial (Makumba, 2014,p.336). Uma filosofia africana que assenta na religião tradicional africana subscreve-se na valorização da cultural, na preservação dos princípios e fundamentos de justiça e de liberdade de seu povo como marco essencial. Porque na verdade, a história do povo africano se restringe na ideia da liberdade e justiça.

Segundo Makumba (2014) “o papel de filosofia africana consiste em assegurar que a busca de soluções africanas não seja uma mera camuflagem para fugir ao rigor, em favor de resoluções de segunda categoria dos problemas”…(p.173). Numa era de globalização onde os desafios impõem ao povo africano na busca de soluções de sobrevivência. O filósofo africano deve, prosseguir na busca de possíveis soluções para a sociedade. Como se sabe, não existe povo que não tenha os seus problemas. África também têm seus problemas por resolver, na qual cabe só e só ao filósofo pode trazer soluções mais segura diante dos problemas.

Makumba a firma:

Os filósofos africanos têm de moldar uma filosofia política responsável e reactiva; isto implica escutar as necessidades do povo africano, e assumir um papel de liderança na forma como devem ser conduzidas políticas conscientes do individuo africano, em particular, e da pessoa humana, em geral (Makumba, 2014,p.173).

Makumba esboça um dever dos filósofos africanos em relação a filosofia africana. Este dever inclui um filosofar que garante a resolução das necessidades dos africanos. Para isso Makumba aconselha que haja no contexto de governação a liderança dos filósofos. Esta ideia já vinha sendo compartilhada por Platão na sua obra A republica onde considerou o rei filósofo como um líder conhecer de justiça, do bem e como não bastasse alguém que será capaz de liderar o povo para um bem comum. Assim Makumba atentamente, alerta aos filósofos de se engrenarem na vida política não no espírito individualista mais num espírito colectivo a um imaginário colectivo.

1.6.Base filosófica: amor a sabedoria. Conceito particular ou universal?

Etimologicamente a palavra filosofia deriva do grego  "filos  (aquele que ama, que gosta de) e Sofia  (saber, sabedoria). A Filosofia é, portanto, amor da sabedoria[2]”.  Este conceito etimológico do que é filosofia não é exclusiva, entretanto, não diz a pena a um determinado povo, ou não, porem diz respeito a qualquer sociedade ou povo deste mundo que categoricamente e absolutamente possuem um amor a sabedoria. Não existe um povo que não se interessou pela sabedoria. Daí que a filosofia não deve ser fiz sob ponto de vista particular, mais sim universal.

Segundo Makumba (2014) a natureza etimológica de filosofia remete a “uma experiencia universal, que não precisa, num sentido absoluto, de justificação para a sua existência, seja entre brancos, os amarelos, os negros ou os vermelhos” (p.31).

Ainda Makumba fundamenta que a actividade filosófica é muito aberta. Isto quer dizer que ela é inclusiva não determina o tipo de povo ou raça. Neste contexto, fica claro que o povo africano, foi excluído pelo europeu em relação a sua própria filosofia, mais na verdade, os africanos tem a sua própria história, a sua própria filosofia que se baseada num raciocino lógico. Somos um povo racional, dotado de uma inteligência humana equiparável ao do europeu, apenas diferenciamos em oportunidades.

1.7.O entendimento antigo, medieval, moderno e contemporâneo da filosofia africana

A filosofia em si percorreu uma variedade de etapas históricas acompanhando ao mesmo tempo o homem e a sua dimensão estruturalista. No contexto africano, a filosofia africana esta assente na conjuntura histórica do Egipto dentro de suas descobertas. No período medível, a filosofia africana é desenvolvida pelo Santo agostinho tendo tomado uma postura religiosa acreditava que a racionalidade do homem é proveniente de Deus. Tudo que ele realiza e expressa, em suma todo o seu pensamento provem de Deus, o supremo de todas as coisas.

Segundo Agostinho citado por Makumba (2014,p.105) “a autêntica sabedoria encontra-se em Deus, e a pessoa sábio imita a Deus na medida dos seus dons, porque Deus é verdade, e ninguém é sábio a não ser que a sua mente esteja em contacto com a verdade”. Fica claro no pensamento de Agostinho que o dom de raciocinar foram todos dados por um ser supremo Deus. Porém sem nenhuma excepção, os homens detém essa capacidade que é especial e fundamental para a filosofia. No período moderno, a filosofia africana caracteriza-se por audiência, projectos, finalidades e muitos problemas. Foi precisamente entre séc. XVI a XIX que a filosofia estendeu-se em todo lugar do continente africano, com a figura de incontornável de Wilhem Anton Amo, tendo desenvolvido a filosofia no continente e na disporá (Makumba, 2014,pp112-113).

No período contemporâneo, especificamente na segunda metade do século XIX ate aos nossos dias, desenvolve-se uma filosofia profissional cada vez mais académica a que se afigura Nkrumah, Senghor, Keita, Oruka, Olela, Wiredu, Hountondji, Bodunrin, Tempels, Césaire, Fannon, Neogebauer, Ngoenha e etc. A filosofia profissional africana assume uma postura analítica e autocrítica.

 Não obstante, a filosofia africana contemporânea segundo Keita citado por Makumba (2014,P.132) deve “proporcionar o melhor mecanismo pelo qual o caminho futuro das sociedades africanas possa adequadamente analisada”. Neste âmbito cabe a responsabilidade dos filósofos contemporâneos africanos a criar um projecto filosófico que se baseada nos anseios, heranças do passado africano (Makumba, 2014,p.133).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Considerações finais

A abordagem sobre a concepção da filosofia africana em Makumba leva uma análise geral da quilo que é a essência da filosofia em África. Como se sabe, o ocidente contribuiu para que a África seja hoje como um continente sem nenhuma relevância na história universal. Foi neste âmbito, que Makumba através do contexto histórico que África viveu, trouxe-nos uma introdução a filosofia africana que assenta na base de religião tradicional.

Nesta ordem, Makumba deixa como recomendação sobretudo do empenho de filósofos africanos na busca de uma autenticidade académica de filosofia africana. Porem, ainda incentiva Makumba que tende existir uma interacção entre o sábio africano com o filosofo africano, com vista a permitir que haja uma construção sabia e significativa de uma filosofia africana libertadora do povo das artimanhas europeias. Portanto, a construção de uma filosofia africana deve na opinião de Makumba se aspirar nos anseios, desejos do povo africano e deve ao mesmo tempo levar o povo numa libertação da consciência histórica.

Com isso pretende-se dizer que qualquer desenvolvimento de uma filosofia em africana deve ter como base autenticidade histórica do povo africano, tendo em conta os seus provérbios, mitos que são marcos característicos da antropologia cultura africana. Makumba, para alem de atribuir o filósofo africano e sábio africano a responsabilidade de construção de uma filosofia africana académica e profissional, também atribui a mesma responsabilidade a sociedade sobretudo a participar nesta construção de grande obra que a muito tempo foi marco de desprezo e de um depósito de vazio.

 Com isso fundamenta que uma filosofia bem articulada serve de um alicerce seguro na formação da cultura contemporânea ora desprezada. Portanto, em termos de recomendações, a que salientar que o povo africano deve criar um esforço digno e honesto de se afirmar no mundo contemporânea vendendo a sua imagem cultural e histórica. Para isso deve tomar a consciência sobretudo da sua história e se realizar no tempo e no espaço no sentido de permitir que haja uma elaboração seria da filosofia africana.

 

Referências bibliográficas

Obra principal

Makumba, M.M. (2014). Introdução a filosofia africana: passado e presente. Maputo, Moçambique: Paulinas.

Obras secundárias

Dussel, E.(2005). Europa, modernidade e Eurocentrismo. São Paulo, Brasil: CLACSO.

Senghor, L.S. (1960). Um caminho do socialismo. São Paulo, Brasil: Record

Ramose, M.B. (2011). Sobre a Legitimidade e o Estudo da Filosofia Africana. Recuperado em http://www.ensaiosfilosoficos.com.br/Artigos/Artigo4/RAMOSE_MB.pdf.

https://de.wikipedia.org/wiki/Maurice_Muhatia_Makumba.

 http://omeubau.net/filosofia-significadoetimologico/

 

[1] Cessado em https://de.wikipedia.org/wiki/Maurice_Muhatia_Makumba.pelas 10:56 no dia 08/03/018

[2] Disponível em : http://omeubau.net/filosofia-significadoetimologico/. cessado as 15h do dia 23/05 /2018