.Vivemos num mundo que não sabe conviver com a diferença. Não é uma constatação nova. Boa parte da história da humanidade tem sido escrita pelos embates entre grupos que fazem de suas diferenças étnicas, religiosas, culturais, ideológicas, econômicas ou políticas o germe de rivalidades inconciliáveis. É a idéia absurda de que pode haver paz e respeito mútuo entre iguais. O irônico é que esses "iguais", depois de se unir para aniquilar aqueles que imaginam ser seus inimigos comuns, quase sempre descobrem diferenças entre si, o que acaba gerando conflitos e mortes dentro do próprio grupo.

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Para quem se guia por esse raciocínio errado, o diferente é visto como perigoso. Então, logo, procura-se um jeito de afastá-lo do convívio, amordaçá-lo ou, até mesmo, eliminá-lo.

Há ainda outro modo menos agressivo, mas não menos criminoso, de lidar com o diferente: fazê-lo igual a mim. Esta tentativa de tornar o outro igual a mim é uma forma errada de pensar. Temos que procurar manter a unidade na diversidade. Como dizia Paulo apóstolo, o corpo, mesmo sendo um só, tem vários membros, cada um diferente do outro, porém cada qual tem sua função vital. Nós também formamos um só corpo em Cristo. Cada qual com seus dons e talentos que devem ser respeitados e colocados à serviço da comunidade.

É lamentável quando a gente percebe que não há mais respeito pelo ser humano. O homem, principalmente os que lideram, muitas vezes passam por cima do seu semelhante para mostrar que tem o poder, que mandam. Há pessoas que mudam completamente seu modo de ser quando assumem algum cargo dentro do seu trabalho, da sua comunidade. Até existe um ditado que diz: "quer conhecer uma pessoa, dê a ela o poder". Infelizmente, com o poder nas mãos, a maioria das pessoas muda. Perdem a humildade, se tornam agressivas, mandonas, nariz empinado. Geralmente as pessoas que agem assim não têm sua personalidade formada. É insegura. Tem medo de perder seu lugar para o outro. Percebe-se que tem alguém fazendo sobre, logo dá um jeitinho de mandá-lo pra bem longe.

Para que possa haver uma convivência social fraterna e cristã é preciso que líderes e liderados procurem se respeitar. Numa comunidade onde o amor fraterno não existe, logo começam as brigas, as desavenças, os ataques, as suspeitas. Quem é liderado deve cumprir seu dever, mas precisa ser respeitado. Quem é líder, deve ser humilde, capaz de ouvir, respeitar e caminhar junto com o grupo. É assim que se forma uma verdadeira comunidade. Somos todos os irmãos, filhos do mesmo Pai. Ninguém é maior, nem menor, somos todos iguais.

João Vitor Mariano
Uraí - Paraná