Marcos Fernandes

Marcos  Fernandes
FELICIDADE Mas, afinal o que seria felicidade? Nossa, ao fazer me essa pergunta eu vejo o quanto eu me perguntei sobre isso durante tantos anos, e acredito que ainda continuarei me perguntando por muito tempo mais. Quando eu era pequeno achava que felicidade seria ter um pai e uma mãe que me amassem, me educassem e estivessem ao meu lado. Eu pensava que ser feliz era ganhar um presente do Papai Noel. A medida que eu crescia eu pensava que ser feliz seria sair da tapera onde eu morava com minha avó. Nessa época eu tinha pouco ou quase nada, mas tinha o que mais importava: uma saúde de ferro. No entanto eu não olhava para isso, eu só pensava no que eu não tinha: nas roupas novas que não vestia, na comida boa que não comia, no refrigerante que não bebia, no pai e na mãe que não estavam ao meu lado. Eu me perdi na pobreza material e me esqueci do maior tesouro que eu tinha. Olha, hoje eu vejo que tanto sofrimento eu teria evitado, se alguém tivesse me dito que felicidade não se compra e que dinheiro pode até facilitar e melhorar a vida, mas felicidade mesmo não é algo que se é comprado, nem mesmo doado. A felicidade é conquista, mas não existe conquista sem busca. Mas, para se poder buscar felicidade é preciso ter disposição para se doar o que se tem de melhor para os outros, para o mundo. O tempo foi passando, a adolescência trouxe revolta e com a revolta, a dor e a depressão. Nessa época os sonhos infantis foram morrendo e se perdendo, e a realidade se tornou mais pesada e dura. Primeiramente, eu me apeguei em Deus, pensava que Ele era obrigado a resolver todas minhas carências. E assim, fui seguindo meu caminho, dando cada vez mais cabeçadas e cabeçadas. Eu estava cego, porque olhava apenas para fora de mim, para os bens exteriores que eu não possuía. Hoje eu vejo que eu nunca olhei para a minha força de luta, para minhas capacidades. Eu estava cego de dor, perdido nas teias da solidão, da falta de vínculos, da falta de amor. Eu me queixava de não ser amado, de não ser abraçado; mas ninguém nunca me disse que para ser amado era preciso amar também. Hoje eu vejo claramente, que ninguém pode querer algo que não está disposto a doar. Hoje eu sei que mais importante não é que as pessoas olhem para mim, para minhas dores. Bem, é lógico que eu quero que olhem para mim, mas agora eu sei, eu aprendi que o mais legal não é ser olhado, mais sim olhar para o outro. Não existe mais nada tão bom, do que quando você olha para a dor do outro e com uma palavra amiga você consegue arrancar um sorriso em meios às lagrimas. Bem, e hoje? Hoje depois de tantas cabeçadas, de tanta luta e após mais de cinco anos enfrentando uma doença crônica, eu aprendi a dar valor na saúde que eu tinha na infância, na adolescência e nunca valorizei, hoje mesmo sentindo falta de amor, de carinho (como qualquer ser humano) eu passei a dar valor num simples sorriso, num olhar de compreensão, numa frase de consolo. Hoje eu entendi que tudo na vida só tem valor e sabor se for fruto de conquista. O dinheiro e os bens materiais são bons (não tenho dúvida disso), mas são melhores quando são produtos de uma história de luta.
(1) artigos publicados
Membro desde abril de 2010