Era a vigésima folha que eu rabiscava quando me recordei dos tempos de criança, época em que eu conseguia criar facilmente qualquer história com os meus brinquedos. Eu era capaz de criar enormes fazendas, guerras, cidades, aventuras perigosas, lutas formidáveis, outras realidades.
― O que eu não estou fazendo certo? ― perguntei-me, totalmente revoltado.
― Tudo ― respondeu uma voz que fez soltar um grito apavorado.
Por pouco eu não caí da cadeira ao ver uma criaturinha de um metro de altura me olhando.
― O.. o.. que.. que é... é... vo... você? ― perguntei, pateticamente confuso.
Aquela coisa estranha deu um sorriso grande e divertido.
― Não me reconhece, não é? ― indagou ele, com a voz mansa.
― Se eu soubesse quem você é, não perguntaria ― respondi, criando coragem.
― Você não mudou quase nada, Alex ― falou o monstrinho, piscado os olhinhos negros, redondos e brilhantes.
― Como você me conhece?
Aquela criatura baixinha esfregou as mãos pequenas, dedos finos e compridos, sorrindo de um modo que me assustou um pouco.
― Fala sério, Alex! ― exclamou a coisa. ― Você me criou e não me reconhece?