Tempos atrás circulou por ai, um abaixo assinado e muitos e.mails. Era um movimento pró-cidadania, com o objetivo de criar uma lei que nos permitisse voltar a crer nos princípios de elegibilidade, como critério para a democracia. Resultado: a lei saiu, mas ficou troncha, manca, malandra como muitas outras leis casuísticas que se produziu neste país de faz de conta.
Nós, o povo que paga imposto e vota, não entendemos de lei, somos apenas vítimas delas. O que nós, o povo brasileiro, desejávamos não era muito. Era apenas que fossem proibidas algumas pequenas coisas que nós, o povo, verdadeiros donos do poder, consideramos importante. Queríamos uma lei que se baseasse nos nossos valores. Mas nossos valores são diferentes dos valores daqueles que fazem as leis. Acreditamos naquilo que os legisladores e os que fazem cumprir a lei já não sabem mais o que é. Ainda acreditamos em honestidade; acreditamos em solidariedade; queremos continuar a crer na justiça... embora as leis não nos permitam. Queremos manter a confiança nas instituições, mas a cada dia que passa descobrimos novos motivos para nos decepcionarmos; não são poucos os casos em que assistimos as instituições criadas para assegurar nosso bem estar, voltarem-se contra nós: inventamos segurança pública e isso nos dá medo; inventamos saúde pública e isso nos mata; criamos educação pública e isso virou um ninho de ratos... E, para piorar, a lei tem nos agredido tanto que já duvidamos de seu valor e de sua utilidade para nos defender. Da mesma forma que duvidamos das instituições que produzem e fiscalizam o cumprimento das leis. Principalmente porque só vemos as benesses da lei sendo desfrutada pelos bandidos. Aplica-se aqui a máxima popular: "para os amigos os favores da lei, para os inimigos os rigores da lei". Como nos defrontamos apenas com os rigores, acabamos descobrindo que nós, o povo, somos os inimigos. Como só "eles" se beneficiam, podemos imaginar quem são os amigos...
Foi por isso que o abaixo assinado pedia adesão de muita gente para que pudéssemos voltar a ver alguma luz numa outra ponta do túnel. Mas, triste destino o nosso, o resultado saiu pior do que a encomenda. A lei foi feita, mas quem a fez a fez bichada, por isso se volta contra nós, ela agride nossa inteligência. Alias não é somente essa, muitas outras leis nos agridem e agridem nossa inteligência, para favorecer aos amigos...
Pedíamos uma lei eficiente, que dissesse basicamente isto: esse não pode ser candidato porque enganou aos eleitores. E a lei foi feita, mas com requintes de malandragem para atender às exceções: "É proibido... a não ser nos casos de...". E por causa das exceções os malandros se manterão no páreo às custas de liminares e recursos e outros balangandãs que o sistema jurídico foi acumulando ao longo desses anos.
Notemos que são exatamente os que deveriam estar fora do páreo eleitoral, por serem sujos, que se beneficiam das brechas e sutilezas da lei. Esses são os que se cercam de assessores jurídicos para burlar a lei, beneficiando-se de seus pontos falhos. Vamos dizer isso de outra forma: são os que possuem pendências com a justiça que se beneficiam das falhas da lei. Os que estão com a ficha limpa conseguem o registro de candidatura. Aqueles que têm a candidatura em risco é que procuram se safar. E razão disso, podemos dizer que, embora tenha se produzido uma lei para assegurar gente honesta na disputa eleitoral, somos obrigados a assistir ao festival de liminares e recursos judiciais que favorecerão aos ficha suja.
E a nós, povo enganado, o que nos resta?
Não votar?
Votar nulo?
Votar em "branco"?
Mandar tudo às favas ou à m...?
Fazer o quê?
Qualquer que seja nossa postura ou nossa decisão ela não deve se basear no princípio ou numa postura que busca a unanimidade, nem numa ação de massa, mas deve ser assumida por todos. Assumida porque quem assume uma postura demonstra ter sido capaz de desenvolver uma atitude crítica em relação a ela. Nossa decisão não deve ser meramente unanime ou massiva. A "unanimidade é burra" dizia Nelson Rodrigues e as massas são manipuláveis. Como já dizia o velho K Jasper: "Massas e funcionários são mais fáceis de manipular quando não pensam, mas tão-somente usam de uma inteligência de rebanho". Tão manipuláveis que os mesmos bandidos que figuram nas listas de "ficha suja" as conduzem ao matadouro das urnas. Mediante o voto os eleitores assinam sua sentença de morte, pois delegam seus poderes. E quem assume esse poder não são os limpos, mas os sujos... pois jogam sujo.
E assim voltamos à questão: como e em quem votar?
Sinceramente ainda não sei. Mas já sei em quem não votar... vou consultar a lista!
Aliás, esse pode ser um critério: Consultar a lista, não aquela fornecida oficialmente na cabine de votação, mas a outra, que circulou pelos jornais, mostrando quem está na lista... e fazer a pergunta: como andam suas fichas?

Neri de Paula Carneiro ? Mestre em Educação, Filósofo, Teólogo, Historiador.
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