VOCÊ SABE ONDE FOI CONSTRUÍDA A PRIMEIRA PONTE DA AMÉRICA LATINA?

POR: JOSÉ WILAMY CARNEIRO VASCONCELOS

  1. INTRODUÇÃO 2. A CIDADE E O RIO 3. O CONDE MAURÍCIO DE NASSAU      4. A PONTE
  2. INTRODUÇÃO.

Em viagem de visita aos parentes na Cidade de Recife, capital de Pernambuco, com curiosidade fui ao Bairro Santo Antônio para conhecer o que é o “Recife Antigo”.

De um lado a outro avistei que “A Cidade” é banhada por um rio que corta toda a região em pontos equidistantes e têm influência na História dos Arrecifes desde o período da escravidão no Brasil, dos engenhos, dos colonos, dos índios no Nordeste, da Invasão Holandesa no Século XVII e a presença judaica na primeira sinagoga das Américas.

Destarte, aqui ficarei numa parte sucinta sobre o tema da construção da “Primeira Ponte da América Latina”.

Aos leitores e amigos espero que nessas poucas linhas consiga passar algo sobre a riqueza de nossa História e repasso mais pesquisa com os livros, escritores, sites, e fontes de pesquisa confiáveis. Afinal uma história que já perpassa por longas e longas décadas. Destaque a uma grande contribuição na formação da Cidade de Recife foi o colono Marcos André, o primeiro dono de terras que hoje é localizado o Bairro Santo Antônio e onde lá fundou um engenho que está situado o Engenho da Torre.

Tomo a ousadia de citá-los alguns escritores, poetas, pesquisadores, historiadores e populares que se deleitaram com a História de Recife, do Rio, da formação da Cidade, a exemplo de João Cabral de Melo Neto, Mário Sette, Clarice Lispector, Ascenso Ferreira, Manuel Bandeira. Outros em nível de Ariano Suassuna, Gilberto Freire, Luiz Gonzaga, Antônio Maria, Manoel de Oliveira Lima.

Enfim os que fizeram história a exemplo do colono Marcos André, fundador do Engenho da Torre, do capitão Antônio Borges Uchoa, Cristóvão de Holanda Cavalcanti, de Conde da Boa Vista, Maurício de Nassau, Assis Chateaubriand.

O engenheiro judeu Baltazar da Fonseca, que em 1641 estudou a força da correnteza da ponte e fincou os 15 pilares de pedra na parte funda do rio e que me perdoem por outros que não citarei por focar apenas na pesquisa da Ponte Maurício de Nassau, lembrando-se de Duarte Coelho, Manoel Borba, Hermilo Borba Filho, ademais, muitos contribuíram e fazem parte da nossa história, do Recife Antigo e o de hoje.   

2. A CIDADE E O RIO.

Segundo conta a história, a Cidade de Recife, fora ocupado por seus primeiros povos de tribos indígenas, que eram chamados de  “Os Índios Tapuias”. Daí sua etimologia: Arrecife é a forma antiga do vocábulo recife, ambos originários do árabe ár-raçif, que significa calçada, caminho pavimentado, linha de escolhos, dique, paredão, cais.

Entre os arredores de Recife muita história rolou com fatos e acontecimentos históricos entre eles os engenhos de açúcar, dominada pela América Portuguesa, depois tomada por invasores holandeses.

O Atual município de Recife tem uma ligação e origem da cidade de Olinda, na contribuição de Duarte Coelho, primeiro Capitão-Donatário da Capitania de Pernambuco e fundador de Olinda.  Olinda foi o local mais rico do Brasil Colônia, da sua criação até a Invasão Holandesa. [1]

Segundo a pesquisadora Semira Adler da Fundação Joaquim Nabuco, No princípio da colonização portuguesa, a ilha onde se encontra hoje o bairro de Santo Antônio pertencia ao colono Marcos André - fundador do Engenho da Torre - continha somente algumas casas de pescadores, e era chamada Ilha dos Navios, porque servia para fazer reparos em navios e outras embarcações que atracavam no Porto do Recife. No início do século XVII, foi fundado um convento e a área, que media aproximadamente seis hectares, passou a ser chamada Ilha de Santo Antônio. [2]

Durante o período do Brasil Holandês a cidade de Recife recebeu o nome de “Cidade Maurícia” ou Mauriciopolis. Construída a partir de 1638 na Ilha de Antônio Vaz pelo Conde Maurício de Nassau.

Na formação da cidade o rio, conhecido como Rio Capibaribe corta em vários pontos equidistante da cidade e com ele foi onde surgiram as primeiras construções da ponte de madeira na época.

O Rio Capibaribe é lembrado por escritores, poetas, músicos, teatrólogos, dramaturgos, pescadores, apreciadores em catamarã, visitantes e populares.

Em um de seus versos no poema “O Cão sem Plumas” do escritor pernambucano João Cabral de Melo Neto, e autor do Livro Morte Vida Severina descreve a trajetória do Rio e a cidade. [3] Assim vejamos:

O Cão sem Plumas!

A cidade é passada pelo rio,

Como uma rua

É passada por um cachorro;...

Aquele rio

Era como um Cão sem pluma.

Nada sabia da chuva azul,

Da fonte cor-de-rosa,

Da água do corpo da água,

Da água de cântaro,

Dos peixes de água,

Da brisa na água...

 

Os primeiros engenhos de açúcar-formados pelos senhores de engenhos e suas famílias, lavradores, capelães, feitores, banqueiros e escravos – foram aparecendo às margens do Rio Capibaribe, e se constituindo em grandes núcleos populacionais que se multiplicavam nas senzalas, dando0s origens às vilas. [4] (Grifo nosso)

3. O CONDE MAURÍCIO DE NASSAU

No Século XVII, durante o período da Invasão Holandesa, chegou a Pernambuco o Conde holandês Maurício de Nassau.

Estrangeiro e protestante conquistou a população e os senhores do engenho na época, com a qual tinha um bom relacionamento.

Durante sua permanência numa ilha, se deu uma grande expansão territorial, fato determinante para o desenvolvimento urbano da época. Fundou uma pequena cidade denominada Mauriststaad, que ficou conhecida como “Cidade Maurícia”.

Para a pesquisadora e psicóloga Elizabeth Dobbin Maurício de Nassau chegou ao Recife em 23 de janeiro de 1637 e, encantado com a beleza da terra tropical, passou a chamar Pernambuco de Nova Holanda... Sendo recebido com alegria não apenas pelos holandeses como pelos próprios civis luso-brasileiros, esperançosos de dias melhores, já que a colônia encontrava-se num estado lamentável, predominando a desordem e a corrupção. [5]      

4. A PONTE MAURÍCIO DE NASSAU

No período da colonização portuguesa, onde se encontra atualmente o Bairro Santo Antônio, o colono Marcos André era dono das primeiras terras ali existente, antiga Ilha e fundador do Engenho da Torre. Na época existiam somente algumas casinhas de pescadores, que servia para fazer reparos em navios e pequenas embarcações que atracavam no Porto de Recife. A ilha era apelidada de Ilha dos Navios.

No início do século XVII, foi fundado um convento e a área, que media aproximadamente seis hectares, passou a ser chamada Ilha de Santo Antônio.

Uma ponte de madeira foi construída sobre o Rio Capibaribe, rio determinante na história de Pernambuco, pois foi lá que se formaram os primeiros engenhos da cana-de-açúcar. A ponte é considerada a primeira ponte de grande porte no Brasil.

A ponte Maurício de Nassau localiza na Cidade do Recife e faz ligação entre os bairros do Recife Antigo e Bairro Santo Antônio, região central do Recife que limita diretamente com o Bairro São José.

Na história, em meados de 1630, a ponte teve seu início, recebendo grande pressão de empreendedores que obtinha renda na interligação da ilha com o resto da cidade.

Para Regina Coeli Vieira “Foi à primeira ponte de madeira construída sobre o Rio Capibaribe e a primeira ponte de grande porte do Brasil, inaugurada em 28 de fevereiro de 1643, sob a administração do príncipe holandês Maurício de Nassau. Nas suas cabeceiras existiam dois arcos, um do lado do bairro de Recife, denominado Arco da Conceição, e outro do lado oposto chamado arco de Santo Antônio”. [6] Regina Coeli Vieira Machado. Acesso em 13 de maio de 2018.

A ponte tinha uma parte levadiça que permitia a passagem de embarcações, através do pagamento de pedágio. A ponte sofreu várias reformas e melhoramentos. Antes era de madeira, depois passou a ser metálica, porém teve pouca duração devido à intempéries por conta da maresia.

A ponte foi reconstruída em concreto armado na administração do governo de Manoel Borba, e nas suas colunas laterais existem quatro grandes estátuas de bronzes, duas em direção ao bairro Santo Antônio e duas viradas para o bairro do Recife Antigo.

Chamada de Ponte Maurício de Nassau ela faz ligação para a Avenida Marquês de Olinda, ao Cais da Alfândega e Cais do Apolo em direção ao Recife Antigo, cruzando a Avenida Martins de Barros e Rua 1º de Março. Quem anda pela ponte se encanta por sua beleza e sua extensão mostrando a beleza do Recife Antigo.  O passeio de catamarã é uma das atrações para visitantes e turistas. [7]

Conta a História que em fevereiro do ano 1644 o Conde holandês Maurício de Nassau para atrair mais visitantes na inauguração da ponte, e homenagear sua obra falou que no dia faria um “BOI VOAR”. De fato aconteceu. O conde em um balão inflável com ajuda de navegadores e marinheiros moldou um balão com o couro de um boi em roldanas que fez piruetas no ar, fazendo um grande público ficar surpreso com a artimanha. Ele, Nassau cumpriu o prometido. E saiu aplaudido com a multidão.

O Boi Voador foi atração, estimulou a cobrança de pedágios no Brasil e que na época foi um sucesso para Pernambuco e que arrecadou uma boa quantia para a Coroa holandesa. Daí a ponte na época recebeu o codinome de a Ponte do boi voador.

Uma machinha carnavalesca de compositor Chico Buarque Boi Voador tornou-se uma atração e sucesso popular que é encenada e cantada até hoje, em todo Brasil, especialmente em Recife.

Segundo a história da ponte, Maurício de Nassau contratou um português de nome Manoel da Costa para fincar um pilar de pedra na parte mais funda do rio. E em 1641, a construção da ponte foi acertada com o engenheiro judeu Baltazar da Fonseca, com o prazo de dois anos para término da ponte.

Mais quinze pilares de pedras e várias vigas foram levantadas para a construção, tendo sido suspensa por motivos financeiros que o fizeram Nassau se ater com motivos de provocação e ele mesmo o financiou com recursos próprios para a execução e finalmente a obra fora inaugurada.  

REFERÊNCIAS

[1] Invasões Holandesas é o nome normalmente dado na historiografia brasileira, ao projeto de ocupação da Região Nordeste do Brasil pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais (W.I.C) durante o século XVII.

[2] VAINSENCHER, Semira Adler. Santo Antônio (bairro, Recife). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/index.php>. Acesso em: 13 de maio de 2018 

[3] João Cabral de Melo Neto nasceu em Recife. Foi um poeta e diplomata brasileiro, é considerado um dos maiores poetas da Língua Portuguesa. Foi agraciado com vários prêmios literários entre eles o Prêmio Neustadt como o Nobel Americano.

[4] [email protected]. Acesso em 13 de maio de 2018

[5] DOBBIN, Elizabeth – Psicóloga servidora da Fundação Joaquim Nabuco. Acesso em 13 de maio de 2018

[6][7] MACHADO, Regina Coeli Vieira. Servidora da Fundação Joaquim Nabuco. Acesso em 13 de maio de 2018

Op. Cit GONÇALVES, Fernando Antônio. O Capibaribe e as pontes. Recife: Comunigraf, 1997. 86p. Acesso em 14 de maio de 2018