O militarismo está na veia de muitos brasileiros, mas será por quê? É fácil de entender quando olhamos para a nossa historia. No dia 15 de novembro de 1889 conhecíamos nosso primeiro presidente, o militar Deodoro da Fonseca. O governo do Marechal durou até o ano de 1891, quando o mesmo renunciou ao cargo, resultado de sérios problemas econômicos (Encilhamento, inflação, falência de bancos e empresas). Com a renúncia de Deodoro, o segundo presidente militar, Floriano Peixoto assume o poder. Seu governo ficou marcado pela perseguição aos opositores, sendo muitos deles exilados ou até mesmo fuzilados.

O Brasil republica, conta com nove presidentes militares, cinco deles em sucessão, durante o regime militar que perpetuou entre 1964 e 1985. E somente dois foram eleitos pelo povo (Hermes da Fonseca 1910-1914 e Eurico Gaspar Dutra 1946-1951). Os militares protagonizaram vários episódios importantes em nossa política. Gerando, assim, certo hábito de intervenções militares.

Desse modo, desde o século XIX, tem acontecido intervenções militares no Brasil em tempos de instabilidade política. A Proclamação da República Brasileira liderada pelo Marechal Deodoro foi um golpe de estado político-militar. Na década de 1920, os "movimentos tenentistas" deteriorariam a República Velha, conduzindo Getúlio Vargas a tomar o poder em 1930. Os militares também interviriam em 1937, na instauração da Terceira República, e em 1955, para assegurar a posse de Kubitschek.

Sabendo disso, podemos entender melhor o anseio por parte da população brasileira em aclamar por uma Intervenção militar. Mas, seria essa a melhor opção? Para chegarmos a uma conclusão, devemos analisar o modo em que intervenção se instauraria. Visto que a intervenção é uma excelente ferramenta, se usada corretamente. Um exemplo disso seria se as instituições democráticas fossem ameaçadas, se faria necessária uma intervenção militar, mas sob a direção de um governo civil.

Em contrapartida, uma Intervenção militar do modo em que a população vem pedindo, seria um retrocesso imenso, colocando em risco todos os direitos civis e políticos provenientes de um estado democrático. Além de ser totalmente inconstitucional.

E quanto ao Regime Militar? Toda ditadura, seja ela de esquerda como foi na União Soviética, ou de direita, como foi no Brasil vai contra a as liberdades democráticas. Então porque tantas pessoas pedem a volta do regime militar?! Os argumentos são: Crescimento econômico, baixa criminalidade e fim da corrupção. Então vamos analisar esses argumentos.

Segundo o Instituto Legatum, um núcleo de pesquisa em Londres, os cinco países mais prósperos do mundo são: Noruega; Nova Zelândia; Finlândia; Suíça; Suécia. Há algo em comum entre esses países, NENHUM deles está sob um regime ditatorial.

Conforme um relatório chamado Global Peace Index, os cinco países mais seguros do mundo são: Islândia; Nova Zelândia; Portugal; Áustria; Dinamarca. Novamente não vemos países sob regime ditatorial.

E quanto a corrupção? A Transparência Internacional publicou os cinco países menos corruptos do mundo, são eles: Nova Zelândia; Dinamarca; Finlândia; Noruega; Suíça. Também não contendo nenhum país sob regime ditatorial.

Em resumo, certamente uma intervenção militar não resolveria os problemas estruturais do Brasil, mas a única certeza é que poderia agravar ainda mais o quadro político-econômico. A ditadura de 1964 foi instalada somente para evitar um governo comunista, mas os países mais desenvolvidos são republicas ou monarquias parlamentaristas e capitalistas.

Mas não se engane, os militares são importantíssimos para a integridade da nossa nação, pois eles são os responsáveis por salvaguardar nossas fronteiras, defender os interesses e os recursos naturais, industriais e tecnológicos, proteger os cidadãos e garantir a soberania da nação.