Assustador!

É assim que muitos professores, hoje, classificam o ambiente escolar. Atualmente, a escola pública vem chamando atenção pelas inúmeras cenas de violência contra alunos e professores. Frequentemente vemos nos noticiários manchetes que denunciam brigas violentas entre alunos, ameaças a professores, adolescentes armados, bebendo e se drogando na porta da sala de aula...enfim é essa a realidade da maioria das escolas públicas brasileiras. Numa sociedade tecnológica, consumista e competitiva, que valoriza a aquisição de bens de qualquer forma, que só dá oportunidades para os que já possuem algo, o comportamento desses jovens poderá ser considerado como adaptativo. Porém, não adianta tratar um sintoma sem primeiramente investigar a sua causa.

É muito fácil rotular os atores de violência de desequilibrados, de maus, de desestruturados e não fazer nada para alterar estes comportamentos. Todavia, a sociedade tem vindo a sofrer significativas transformações devido às exigências atuais, então os pais cedo colocam os filhos em creches ou deixam com terceiros. Chegam em casa exaustos, depois de um dia de trabalho, e ainda têm os afazeres domésticas ou trazem trabalho para casa. Assim a criança é colocada sozinha na frente da TV ou vai brincar sem um adulto que lhe dê atenção. A relação familiar centra-se prioritariamente nas necessidades físicas da criança, ou seja, na alimentação, na higiene e no descanso... Desde cedo que as novas tecnologias imediatamente as seduzem e permitem a aquisição de novos saberes.

O seu conhecimento vai progredindo através das informações que recebe do meio onde se insere, do meio familiar, dos colegas, da escola, dos meios audiovisuais. Resultado disso é que a família vem delegando o papel de educador para a escola, dado que é no contexto educativo que as crianças passam a maior parte do dia. Todavia, nenhuma outra instituição poderá jamais substituir as condições educativas da família, nem parece ser razoável que seja unicamente a escola a ensinar valores tão necessários para o normal desenvolvimento da criança tais como: a democracia, as regras para a sã convivência, o respeito pelo outro, a solidariedade, a tolerância, o esforço pessoal, etc. Nós, sociedade democrática, somos responsáveis pelas consequências educativas das nossas ações. Terá que haver um esforço financeiro governamental, não só econômico, mas também ao nível de recursos humanos, para que programas de combate à violência e exclusão social sejam realmente concretizados e obtenham bons resultados.

Não podemos deixar que as crianças se transformem em futuros inadaptados ou marginais, só porque não tiveram referências positivas na infância e porque as diversas entidades educativas se foram “esquecendo” que elas também necessitam de carinho, de afeto, que também são seres humanos como todas as outras crianças. Pais, sociedade, autoridades governamentais é preciso agir, e rápido, caso contrário o caos total vai dominar a Escola Pública Brasileira.