Violência e a Lição de Casa
Por Washington Bacelar | 13/07/2009 | EducaçãoPenso que enquanto estivermos assistindo calados toda a violência que
os meios de comunicação despejam em seus respectivos meios, qualquer
debate, medida ou lei se tornará inócuo ante o crescente problema da
violência, que não apenas do Brasil. Freqüente acompanhamos cenas de
violência e barbárie em países dos europeus.
Os filmes de violência que são apresentados após as 22:00 h têm suas
mais fortes cenas apresentadas durante todo o dia. Independente se é o
horário da programação infantil ou não. As crianças recebem
bombardeiros de imagens com toda a sonoridade construída para produzir
todos os efeitos que os produtores construíram.
Existe um canal denominado de futura que é finaciado pela Fundação
Roberto Marinho, a mesma entidade que “ampara” a Rede Globo de
Televisão. A pergunta é a seguinte: por quê para as crianças cujos pais
podem pagar são exibidos desenhos educativos, enquanto no programa de
Xuxa são exibidos os desenhos violentos? Por que não pode ser o
inverso? Oferecer uma programação educativa para quem não tem escola,
não tem roupa ou refeições regulares? O que esperar destas crianças? A
é lição de casa: “Menino, grite, pule, quebre, bata não seja tolo
revide a tudo e para todos. É seu dever defender a Terra dos inimigos”.
Os “marginais”, ou marginalizados, têm maior ibope que qualquer
cientista brasileiro. Entre divulgar a foto de qualquer corrupto da
política nacional e a da cientista brasileira que concluiu uma pesquisa
internacional sobe o genoma humano, a corrupção sempre ganha. Alias, o
único punido na Câmera dos Deputados foi o delator do esquema. Qual é a
lição de casa das crianças? “Olha, veja, silencie ou participe. Se você
disser algo, nós te pegamos”. Todos os outros corruptos foram
absorvidos menos o delator do esquema, Deputado Geferson.
Qual é o estímulo que os meninos recebem para continuar estudando para
ganharem um salário de fome? Eles sabem que se souberem fazer uns dois
dibles com a bola podem ganhar muito mais dinheiro que o Presidente da
República. A lição de casa é: “Menino! Deixa de pedir pra comprar
livros (caríssimos) e vai jogar bola. Quem sabe você não vira um
Ronaldinho gaúcho e vai morar na Europa?”
Aqui em Salvador já houve uma lei municipal que proibia a exibição das
revistas pornográficas, e estas deveriam estar em local reservado da
banca de revistas. Antigamente os motéis obedeciam um determinado
perímetro para serem construídos. Hoje, integram a paisagem social dos
centros urbanos sem maiores problemas. A lição de casa: “Quanto maior o
número de motéis, mais terreno ganha a corrupção e o crime organizado”.
Outro tipo de alerta está declarada na música: “O tempo não para”, de
Cazuza
Penso que enquanto não nos mobilizarmos no sentido de exigir que as
programações das emissoras de televisão sejam melhoradas, nenhuma Lei
poderá trazer qualquer anestésico. “O cinema, o teatro, o circo podem
ser pornográficos que eles estão lá. Mas a televisão precisa ter um
maior controle porque ela invade nossas casas”, frase de conferência de
um delegado de polícia. Esta violência tem uma raiz que é moral, e
agregada a esta crise social, temos uma mídia corrompida em seus
valores e propósitos de trabalho. Até a Rede Record que é de um forte
grupo religioso, apresenta filmes cujo foco central é a violência,
quando poderiam estar seguindo seus objetivos mais elevados.
As boas ações, os gestos de humanidade, as maravilhosas doações feitas
por empresários e pessoas anônimos não recebem o maior ibope. Existem
presídios agrícolas em Pernambuco, e projetos de integração dos presos
em São Paulo, que atuam padarias, possibilitando uma reintegração de
presos com penas leves.
Senhores patrocinadores e investidores que tal patrocinar idéias e
projetos de engrandecimento nacional? Que tal adotar uma creche e
evitar o fomentar de futuros marginalizados? Quem sabe assim, este país
tire o pé da jaca.
Washington da E. Bacelar
Professor.