Na antiguidade, os termos usados para definir qualquer realidade eram bem definidos. Em vista disso, se tinha clareza dos conceitos universais de vida, alma, corpo, pessoa, sociedade, cosmos, Estado... Política. Por outro lado, em nossos tempos hodiernos, as considerações primordiais esvaíram na concepção que cada indivíduo faz da realidade que lhes atinge. Com isso, os conceitos, não somente estes, de "vida" e de "política" perderam seus referenciais de significado, levando cada homem dar-lhes um significado que mais lhe satisfaz, pois atualmente há um dissenso conceitual. Portanto, o que é a vida?O que é a política? Qual a relação da política com a vida?

Os filósofos clássicos tinham claro tudo quanto diziam. Pode objetar-se a propósito do que é a vida e auferir um retorno intenso: "é a capacidade de mover-se de forma imanente (por si mesmo)". Que é justiça? Cícero obtempera: "é dar a cada indivíduo aquilo que lhe é devido". Na sua obra "Política", Aristóteles responde proferindo que política "é a arte de promover o bem comum". Esses conceitos tão caros para esses ilustres pensadores, não regem mais a vida do homem moderno, porque esse quer abdicar de tudo que é histórico, limitando-se a se relacionar somente com os fatos momentâneos.

Com a rejeição dos conceitos já concebidos, o homem sofre o poder das leis sem autoridade, as quais querem normalizar a vida do homem e a política, mas não sabem dizer o que é nem um e nem mesmo o outro. As leis não respondem a esses conceitos, mas será por quê? Não é porque as leis negam os conceitos vigentes? Tudo isso para a política é bom, visto que seus gestores pregam que o Estado é laico e, assim, entra o termo de secularização no meio público. O socialista Valmor Bolan discorre que o teólogo holandês Van Peursen, considera a secularização libertação do homem "em primeiro lugar do controle religioso e então do controle metafísico sobre a sua razão e linguagem". Esta libertação do controle religioso ocasiona o que para a política? Ela acarreta uma "política sem Deus".

Esta política neitzschiana ensina, todavia, a sua doutrina: "mim, eu e eu mesmo", como diz Raimundo de Souza (presidente do "Vida Humana Internacional" de língua portuguesa). Este princípio proporciona à vida de cada político o individualismo, visto que o foco de toda gestão pública está em relação aos seus próprios interesses. Dessa maneira, fica fácil para os políticos sancionarem leis que vão contra a vida humana, principalmente o aborto e o homossexualismo.

Percebendo a vida sendo suprimida pela política, podemos concluir que a concepção de Aristóteles a respeito de política: "arte de promover o bem comum" é anacrônica? A vida sendo o primeiro bem humano está sendo cada vez mais esmagada por aquilo que deveria lhe promover desde a concepção até a morte: a política. Assim, a vida humana persiste no movimento de se esconder dos assassinos políticos e a política, nas mãos dos políticos, continua matando as vidas humanas sobreviventes. Caros políticos, que estampam seus rostos em jornais e em "santinhos", é hora de voltar aos conceitos claros e promover o bem comum. Chega de tanta falsidade e corrupção em nossa política!!

Joacir Soares d'Abadia

Filosofia e cursando Teologia no SMAB

Autor da obra: "Riqueza da humanidade..." (Internet)

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