Vida e Diversidade
Por Alexsandro Daniel Pereira | 04/10/2016 | EducaçãoDe maneira geral, nosso planeta pode ser dividido em litosfera (porção sólida), hidrosfera (abundante quantidade de água que recobre mais de 70% da superfície terrestre) e atmosfera (camada gasosa que envolve o planeta). Nessas três porções podem ser encontrados seres vivos.
A vida como conhecemos restringe-se a uma fina camada com menos de 20 km de espessura (composta da superfície da crosta terrestre, dos oceanos e outras coleções hídricas e da camada inferior da atmosfera). É nesse pequeno espaço que se concentram todas as espécies de seres vivos, cujo número, ainda incerto, é estimado em mais de 10 milhões.
O conjunto de todos os espaços da Terra ocupados pela vida constitui a biosfera, que foi definida pelo biólogo norte-americano Edward O. Wilson (1929-) como uma tapeçaria de formas de vida que se entrelaçam.
A biosfera pode ser dividida em numerosos ecossistemas, nos quais os seres vivos e os componentes não vivos interagem continuamente, influenciando-se de modo recíproco. Uma região de floresta, um banhado do pantanal mato-grossense e uma área de deserto podem ser exemplos de ecossistemas.
Os componentes físicos e químicos dos ecossistemas, essenciais ao desenvolvimento e à manutenção da vida, são os fatores abióticos (ou seja, sem vida). Entre eles, destacam--se a água, as substâncias químicas do solo, os gases da atmosfera, a umidade do ar, a luz, a temperatura, a salinidade, o pH, entre outros. O conjunto de fatores abióticos de um ecossistema compõe seu biótopo.
Pantanal: análise de um caso
O Pantanal Mato-Grossense é um ecossistema brasileiro bastante conhecido, cuja área cobre aproximadamente 150 mil km2, distribuídos pelos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, estendendo-se ao Paraguai e à Bolívia. Seu relevo tem baixa declividade e é cortado por rios da bacia do Paraguai, dos quais recebe influência marcante. Durante o ano, no pantanal, há duas estações bem definidas: a seca e a chuvosa. Entre os meses de outubro e março, o pantanal vive a estação chuvosa. Nesse período, a água das chuvas enche lagoas e banhados e, ao transbordar dos leitos, deixa enorme área alagada.
No pantanal, podemos observar numerosos seres vivos: algas, cogumelos, orelhas de pau, angicos, palmeiras, aroeiras, ipês, gramíneas, formigas, mosquitos, caranguejos, caramujos, peixes, jacarés, serpentes, cágados, jaburus, garças, colhereiros, capivaras, cervos, ariranhas, onças-pintadas, entre outros.
O conjunto de todos os seres vivos que ocupam um mesmo ecossistema, como o pantanal mato-grossense, constitui uma comunidade (também chamada biocenose ou biota), a qual inclui todos os organismos, ou seja, os fatores bióticos do ambiente.
Jaburus, garças e colhereiros apresentam características distintas, que possibilitam mesmo a quem não é ornitólogo (especialista em aves), perceber diferenças entre eles. Além disso, cada uma dessas aves só pode se reproduzir acasalando-se com indivíduos do mesmo tipo, pois pertencem a espécies diferentes. De acordo com a definição clássica, espécie é um conjunto de seres vivos semelhantes que podem se cruzar na natureza e originar descendentes férteis. Égua e jumento, por exemplo, não pertencem à mesma espécie, pois, mesmo que se cruzem, seus descendentes (burro ou mula) são estéreis. À medida que o conhecimento biológico se amplia, essa definição vem sendo modificada.
Todos os jaburus do Pantanal Mato-Grossense constituem uma população, conjunto de indivíduos da mesma espécie que ocupam determinado ecossistema, no mesmo intervalo de tempo. Os colhereiros do Pantanal Mato-Grossense, portanto, constituem outra população.