Preso a um sentimento que não queria sentir, mas que não quero deixar de sentir. Curioso, pois isso configura algo que podemos definir como "vício consciente", talvez uma forma mais sofisticada de hipocrisia. Nessa situação o Ego bombardeia sofismas para nos convencer de que precisamos de algo ou alguém, porém somos conscientes dessa movimentação interior, queremos não seguir essa tendência, mas não queremos sentir a dor da abstinência. Covardia! Ego: o grande articulador entre o primitivismo e a perfeição, entre o bestial e o divino.

Onde estou no meio disso tudo, afinal? Ao enxergar a existência do Ego, o que me torno, se não mais o sou? Seria libertador, se não fosse desesperador. No entanto viver assim me parece ser uma condição muito superior à ignorância. Talvez o desespero seja uma reação natural, que ocorre ao nos depararmos com uma imensidão desconhecida, quando já estávamos habituados ao nosso lugarzinho de conforto, limitado, onde nos sentíamos supremos especialistas em nossas alegrias e tristezas.

A liberdade pode estar próxima, mas antes eu gostaria de viver um pouquinho de coisas que ainda não vivi no campo material... Talvez isso seja um atraso, ou talvez seja uma ótima oportunidade de engrandecimento (de consciência) conjunto, ou talvez a segunda opção seja só mais um sofisma.