Quando o espanhol Jorge Santayana falava que “quem não recorda o passado está condenado a repeti-lo”, parecia que o Brasil estaria livre dessa advertência, mas ao presenciar a árdua caminhada de haitianos e africanos que aqui vieram viver, somos levados ao entendimento de que “não conhecemos nossa história e vamos repeti-la.”.

    E a história se repete. A primeira em 1600, apenas um século após o europeu colonizar estas terras sem donos. Devido ao insucesso ao escravizar os índios (ou antigos donos), a saída foi trazer os africanos para aqui serem escravizados.

     Parte da história vergonhosamente esquecida, pois vinham em navios sem as mínimas condições, muitas vezes sem ao menos resistir à viagem. Para serem escravizados, maltratados e explorados naquelas novas terras.

    E eram bem vindos, pois era preciso mão-de-obra, ainda mais, sem pagar nada, ou pagar, com troncos e açoites.

    A segunda parte da história, em pleno século XXI, em pleno hasteamento da bandeira dos direitos humanos e da igualdade e fraternidade, eis que aqui chegam, devido a grande desgraça natural e política de seus paises.

    E parecem quem não são bem vindos, pois resistindo a duras críticas, eles aqui estão, tentando trabalhar e buscando uma nova vida. E em meio a tudo isso é comum ouvirmos opiniões do tipo “vieram roubar nossos empregos”, ou “roubar nossos lugares”, gestos explicitamente xenofóbicos.

    Mas, porque lá em 1600, os queríamos?

    È que lá não precisávamos pagá-los, lá não tinham direitos, lá não tinham necessidades, lá não tinham dignidade.