Verdade


Livra-me Oh Senhor de faltar com a verdade.
Faz de mim um ser consciente de minhas verdades.
Dá-me forças e sabedoria para proferi-las.
E delas todas não me afastar,
Até que outras se interponham.

Livra-me, sempre, dos medos tão comuns ao dizê-las.
E dá-me a temperança necessária,
Para julgar a oportunidade.

E livra-me Senhor, de seguir aquelas verdades,
Que por moda ou temor aos poderosos,
Venha eu a ser tentado a defender ou a divulgar.

Porque antes morrer pelo que acredito verdadeiramente,
Do que viver em falsidades, segundo preceitos alheios.


Mas que verdade é essa que tanto incomoda ou ofende a sensibilidade das pessoas? Haveria um modo especial de dizer sem ferir, haverá uma forma sutil e adequada de seguir desvios intelectuais e chegarmos a um ponto reto para o nosso entendimento.

Por toda história do homem, se perguntou afinal o que é a verdade ? o próprio Pilatos fica intrigado porque Jesus defende com com a própria vida a sua verdade é indaga: que é a verdade.

Quem procura uma verdade que o liberte das amarras da hipocrisia ou da ignorância, sempre vai se deparar com as amarras ou as grades de um mundo ansioso e sequioso de inverdades e descaminhos. Porque a verdade fere como navalha ? dói como açoite e ilumina como o sol de verão, indistintamente, a todos que dela se acercarem.

Até mesmo as verdades de Jesus não são seguidas por todos. Mas, não porque não signifiquem verdades incontestáveis ? mais sim, porque sempre haverá contestadores. Dizia ele ? eu sou a verdade e a vida ? quem me segue não viverá nas trevas ? (João 14,6). Certamente ele era e ainda é uma verdade a ser seguida por aqueles que buscam alcançar alguma luz.

Essa verdade, perseguida, tateada e buscada ? muitas vezes ? não é bem compreendida ou não ilumina a consciência na medida correta, do porquê achar, do porquê encontrar ou sequer praticar. Já que o mundo, ontem, hoje, amanhã, sempre conviverá com em um plano de verdades e mentiras ? convivendo lado a lado ? à livre opção dos atores dessa peça.

Assim sendo porque uns se ofendem com as verdades ou injurias dos outros. ? tanto há razão em viver nessa ou naquela filosofia ? porque o julgamento, e também as consequências, serão sempre a nível particular e pessoal.

A verdade pregada por Jesus ? a verdade voz libertará ? em João 8,32 ? é aquela que pretende ensinar aos homens viver segundo o seu próprio pensamento ? assim divulgada por S. Tomas de Aquino na definição de Isaac Sraeli -

" A verdade é uma certa adequação entre a inteligência e a coisa" - http://www.youtube.com/watch?v=9E0paEH9LKg

Porque é assim e não de outra forma, porque liberta quem pratica e aprisiona quem não pratica?

Numa primeira razão física o ser que pratica subterfúgios mentais para viver uma vida dupla ? desperdiça energia, física e mental ? obrigando o cérebro a malabarismos tais e esforço mentais, que o transforma num ser acuado permanentemente, acreditando que todos à sua volta estão o "julgando" e prestes a descobrir que o seu pensamento não está em conformidade com seus atos e ações. Assim, se torna um animal acuado e preso de sua própria armadilha. Daí advir doenças físicas e mentais ? é só uma questão de tempo.

Ao contrário daquele que se habitua a dizer o que pensa, a praticar em linha reta dos seus pensamentos os atos, constitui um ser livre de amarras mentais e livre de medos ? proporcionando uma vida leve e suave de viver, segundo os princípios e escolhas que aprendeu a praticar ? sem necessidade de trocar de "mascaras" a cada instante ou a desempenhar um papel diferente a cada interlocutor que vier a dialogar. Assim se torna um ser livre ? para alcançar uma plena capacidade de se tornar um ser humano desfrutando uma vida saudável, de forma física e mental.

As vezes passamos pelo mundo ? e não prestamos a devida atenção, para o que os grandes filósofos da vida ? os compositores nos tem a dizer. Paul Anka ? na sua composição mais contestada e na mais bela página do cancioneiro, em poucas linhas nos pergunta:

E pra que serve um homem, o que ele tem ?

Um homem só tem a si mesmo, porque nada do que acumule em vida leva ao seu tumulo; um homem só serve a si mesmo ? se não for assim, não será digno de sua vida.
Se não ele mesmo, então ele não tem nada

Se não tiver a si mesmo antes de outras coisas, não terá nada, não será nada. É um nada por excelência.

Para dizer as coisas que ele sente de verdade
E não as palavras de alguém que se ajoelha

E para ser um alguém é necessário e fundamental dizer as coisas que sente, do modo como sente, e não dizer as palavras de outro alguém. Em fim ? seja seu próprio autor. Você foi beneficiado com uma vida, para dar vida a uma alma, uma alma única e verdadeira ? que possa ser lembrada como um ser independente.

Os registros mostram, eu recebi as pancadas
E fiz do meu jeito

Receba as pancadas, receba os aplausos, porque é isso que o fará ser lembrado, como ser vivente de uma época, de uma peça ? se fizer do seu jeito. O único modo correto de se fazer algo.

Ouça a música ? na interpretação de Frank Sinatra:

http://letras.terra.com.br/frank-sinatra/36413/traducao.html

Apolinario de Araujo Albuquerque Rio, 14 mai 2011.
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