VEGETAIS EPÍFITOS E PARASITOS: COMPREENDER PARA NÃO ERRAR

Tarcísio Viana de Lima[1]

RESUMO

As plantas são classificadas ecologicamente em função da maior ou menor capacidade de tolerância ou intolerância à radiação solar e a disponibilidade da água no ambiente. Entretanto, dois importantes grupos de vegetais são separados, não pelas influências que esses fatores mesológicos exercem, mas pela estratégia comum a ambos, que é apoiarem-se em outros vegetais para conseguirem os recursos necessários ao crescimento e desenvolvimento. Contudo, para alcançarem êxito atuam de forma oposta, ou seja, um grupo, representado pelas epífitas, age harmonicamente ao se instalar sobre outra planta; e outro grupo, constituído por parasitas, atua negativamente ao subtrair recursos dos seus hospedeiros. Embora esses comportamentos sejam elucidados em trabalhos científicos e bibliografias especializadas, ainda é evidente, até mesmo entre profissionais da área ambiental, o equívoco, e sua replicação, de generalizar as epífitas como parasitas. Portanto, o objetivo deste breve manuscrito é esclarecer da forma mais simples possível como se comportam os vegetais epífitos e os parasitos.

Palavras-chave: Holoepífitos; Hemiepífitos; Holoparasitos; Hemiparasitos.

 

  1. INTRODUÇÃO

Um dos erros mais frequentes verificados sobre classificação ecológica das plantas, cometido até por alguns profissionais da área ambiental, é o enquadramento dos vegetais epífitos na categoria de parasitos.

Esse equívoco, muitas vezes detectados até em dublagens de documentários ecológicos que pontualmente comentam a respeito de plantas que usam outras como suportes, provavelmente seja decorrente da limitada quantidade e dificuldade de acesso as referências bibliográficas que se dedicam a disponibilizar um capítulo exclusivo sobre as diferentes categorias ecológicas das plantas e suas características peculiares que permitem separá-las em grupos específicos.

Diante desse tradicional impasse, o objetivo deste manuscrito é descrever, resumidamente, aspectos conceituais e algumas das principais características que permitem separar esses dois grupos de plantas encontradas, sobretudo, em ecossistemas tropicais desempenhando papel relevante no contexto da comunidade.

  1. DESENVOLVIMENTO
    1. Epifitismo

Derivado de epífita, termo proposto por Charles-François Brisseau de Mirbel, em 1815, no trabalho Éléments de physiologie et de botanique, para indicar “planta que vive sobre outra” (epí = em cima de, sobre; phyto = planta); o epifitismo se enquadra como relação interespecífica do tipo inquilinismo, onde um vegetal cresce e se desenvolve na estrutura de outro, denominado de forófito (foro = sustentar, apoiar; phyto = planta), sem ocasionar, nesse caso, danos, uma vez que não emite estruturas apressoriais ou haustoriais, cuja função, além da fixação, é absorver ou “sugar” seiva. Logo, todos os vegetais epífitos, por não retirarem recursos alimentares, ou seja, nutrientes (Nadkarni, 1994), são independentes dos forófitos, usando-os apenas para, estrategicamente, posicionarem-se no sentido de captar, sobretudo, luz solar e umidade adequada para a sobrevivência.