Quantos aninhos você tem?

A menininha junta os dedinhos e responde com aquela falinha infantil: Doois!  -  Três... Uma gracinha. Daí segue a mesma pergunta chata pela vida à fora, até aos cinco, dez anos, depois a pergunta começa a cair na rotina e vai mudando. A resposta já não é mais uma gracinha, agora a menina já é uma mocinha, depois uma senhora, uma mulher  madura e há muito que não se pergunta mais quantos anos ela tem, até porque para as mulheres, será sempre indiscreto perguntar.

Curioso é que ninguém pergunta quantos dias as pessoas têm, não se pergunta quantos dias já vivemos, mas a gente se amarra em querer saber quantos conjuntinhos de doze meses nós temos, não é engraçado? Ninguém sabe quantos dias já viveu até hoje, até porque a conta teria que ser atualizada constantemente, o que seria um grande problema burocrático. Com certeza os conjuntinhos são a maneira mais prática de se contar o tempo, baseados em qualquer tipo de calendário, judeu, cristão ou oriental, mesmo se sabendo que a contagem não corresponde exatamente ao número certo dos dias já vividos. Por exemplo, hoje eu me dei conta de que já vivi mais de vinte e dois mil dias e vejo que a minha vida já está de bom tamanho, é um livro de porte médio. Mesmo assim foi complicado fazer a conta.

Vivemos dias amargos que gostaríamos de apagar completamente da memória, vivemos dias felizes, maravilhosos e inesquecíveis que se fosse possível gostaríamos de vive-los outra vez, e também vivemos dias aparentemente vazios, mas todos constarão nas  páginas do livro da nossa vida. São livros grandes, médios, pequenos, simples livretos ou apenas pequenos folhetos quase em branco, onde estão gravados desde os nossos primeiros gritos de choro ao nascer até as nossas últimas palavras, e até mesmo um longo e sofrido silêncio final, pois tudo conta. O espaço entre esses dois pólos pode ser curto ou longo, mas é ele que dá a dimensão da nossa existência na Terra, não importando a medida que usamos para conta-la. A vida é um caminho sem volta e também não importa o tamanho da nossa história,  mas como percorremos a estrada, como preenchemos esse tempo. O tempo não retroage,  e o que se faz fica feito, não se pode voltar atrás para fazer tudo diferente, por mais que possamos nos arrepender do que fizemos. Tudo o que fazemos ao nosso próximo e a nós mesmos, as palavras que proferimos, a maneira como julgamos o próximo, o que falamos em relação ao nosso Criador, como nos comportamos diante das adversidades e até mesmo como usufruímos os bons momentos, como usamos os dons que nos foram concedidos por Deus ou porque deixamos de usa-los, todas estas coisas serão o conteúdo das nossas páginas que, com certeza não são escritas em vão.

Em Mateus, 12:36 está escrito: Mas eu vos digo que de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de dar conta no dia do juízo. E se daremos conta das más palavras, com  certeza teremos que dar conta também de todos os nossos atos! Porém,  “...se alguém pecar, temos um advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo. João 2:1. Isto é a manifestação da misericórdia e do amor de Deus para com  a humanidade, pois Ele sabe que nós somos fracos e falhos. No entanto, para isso nós temos que busca-lo com arrependimento sincero e verdadeiro. 

No Salmo 90:12, assim orou Moisés ao Senhor: Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.

Entendo que “contar os nossos dias” não significa termos que conta-los literalmente, mas  que devemos estar atentos ao que fazemos e falamos, observando sabiamente a maneira como vivemos cada um dos nossos dias, como usamos o tempo que nos foi dado, sabendo que tudo ficará registrado no nosso livro. Devemos pedir sempre a Deus que nos ensine e nos ajude nessa tarefa tão difícil, que nos dê sabedoria para vivermos esse tempo, assim como pediu em oração aquele antigo homem de Deus.  

Autora: Júnia - 2011