Valdo - Futebol de rua de minha infância
Publicado em 19 de julho de 2009 por johnny wilson batista guimaraes
VALDO
Que saudade do Valdo. Era um menino muito engraçado, ainda se acostumando com o corpo. Parecia ser maior que ele mesmo. Mas fazia com gosto parte do time. Éramos o Binha, Dengo, Tande, Berê (o craque), Nêm, Célio e Valdo. E todos estávamos esperando aquele dia. Era a final do jogo da rua, e disputaríamos o título com o pessoal da rua de baixo. Pois bem, começamos o jogo perdendo, e eu já tinha tomado dois gols. O Nêm que corria muito e tinha apelido de Torresmo, empatou, com dois sorrisos que só ele. Lá pelo meio do segundo tempo, vi o Valdo sozinho e arremessei a bola. Ele dominou, driblou o zagueiro que quis impedir e chutou forte. Forte, tão forte que o golaço pareceu covardia com a meninada. Vibramos tanto que descobrimos naquele instante sermos uma família. Mas o chute tinha sido muito forte e o pessoal de lá não gostou. Não gostou tanto que se negou a buscar a bola que tinha ido parar num pomar que tinha lá embaixo. Era conhecida a regra de que, quem tomasse o gol, buscava a bola. O outro time apelou e quebrou aquele costume. Num momento de felicidade e humildade, o nosso herói disse: "Deixa que eu busco." E lá foi o Valdo buscar a bola do jogo, no meio das frutas e da passarinhada, sem querer parar de ser feliz. Lá foi o Valdo pro lugar que a gente pensava que sabia. Ele foi buscar a bola e não voltava mais. O tempo passou, veio a noite, a hora do banho e o Valdo não voltava. E, de fato, nunca mais voltou. Ganhamos o jogo que não terminou. Perdemos o Valdo de vista. Nosso time para sempre jogou desfalcado. Que saudade do Valdo.