VAI COM DEUS BOM AMIGO!

Professor Me. Ciro José Toaldo

           

Na semana que passou recebia a noticia da morte de um dos pioneiros de Naviraí (MS), cidade onde resido, trata-se do Senhor Antonio Candido. Sem sombras de dúvidas, em qualquer cidade do Brasil, deveria existir  preocupação maior com o estudo dos ‘pioneiros’. Faz algum tempo que venho fazendo uma pesquisa a respeito das origens de Naviraí e, um dos meus colaboradores é irmão do Senhor Antonio, também pioneiro, chama-se Ítalo Candido que me narrou sua chegada em 1952, vindo de Olímpia (SP), junto com outros pioneiros. Andaram de carroça, caminhão e de lancha para chegar a Naviraí para plantar café.

A nossa história, infelizmente, acaba contemplando apenas os registros oficiais, vejam, caros leitores, Naviraí (MS), em 2013, completa 50 anos de emancipação política e, o senhor Antonio e sua família nesta terra já estava há 11 anos, portanto, para a família Candido, este ano nosso município deveria completar 61 anos e, não 50 anos. Mas, fazer o que? Infelizmente essa é a história oficial, que leva em conta a emancipação política, felizmente os historiadores estão preocupados em resgatar a história, a que leva em conta os excluídos, que não participam da vida política e que não são ligados ao poder econômico.

Triste é perceber que os verdadeiros pioneiros são sepultados no anonimato. Suas histórias, como do senhor Antônio que enfrentou sofrimento e não desanimou, mesmo frente à grande geada dos anos cinqüenta que acabou todo o cafezal da propriedade, levando famílias inteiras abandonar tudo, mas com garra e pelo sonho que tudo daria certo esta família permaneceu firme em Naviraí.

Esta história que exclui e que os livros contam somente maravilha torne-se uma utopia, pois há a impressão que tudo acontece de forma mágica, como conto de fada, esquecendo de narrar às dificuldades e sofrimentos dos pioneiros de nossas cidades. Para tanto escrevo este artigo em homenagem aos muitos Antonios que deixaram sua contribuição para nossos municípios, em muitos momentos foram chamados de chamados de “loucos”, pois acreditavam em seus sonhos e conseguiam vislumbrar algo de bom para suas vidas, imaginem vocês como deveria ver Capinzal/Ouro a 30,40,50 ou 60 anos atrás, mas foram estes pioneiros que tudo enfrentaram e hoje temos as cidades que temos hoje. Lembrando das entrevistas feitas com seu Ítalo e seu irmão Antonio, eles me disseram uma vez que no mundo só tem progresso, por causa de pessoa que muitas vezes são chamadas de loucas, mas é por causa da loucura delas que muitas cidades surgiram, como Naviraí (MS).

Amigos leitores, fazer uma homenagem póstuma não é tarefa simples, contudo a história do Senhor Antonio Candido e de tantos outros pioneiros, demonstra que o importante é viver com intensidade cada momento, sem esquecer que o presente não existe sem passado. E que não se compreende a história de uma cidade, levando em conta parte deste passado, precisamos e devemos conhecer o passado como um todo.

Por isso, quem deseja conhecer a verdadeira história de seu a município, deve conhecer a história de muitos Antônios que no anonimato deixam registros sob diversas formas contribuindo para o engrandecimento dos municípios. Nossos pioneiros precisam ser estimulados a contar suas histórias, não podem sentir vergonha de fazer seus relatos e a comunidade deve ouvi-los e fazer os registros. Os pioneiros, como seu Antônio e outros tantos são os imprescindíveis, pois são seus relatos, histórias, lutas e garra asseguraram o contexto do início da história de nossos municípios.

Aos mais jovens, viventes do século XXI, século do conforto e da comodidade das tecnologias fica a grande oportunidade para valorizar homens e mulheres que batalharam como o Senhor Antônio, mas têm a certeza que vão deixar sua contribuição por onde passam. E muito obrigado, pioneiros por serem protagonistas da história de toda uma geração e nos ensinar muito com suas histórias de vida! Viva a verdadeira história! Viva a história de vida de tantos Antonios que existiram pelo Brasil!